Capítulo LXXVI

770 92 3
                                    

                                (Heitor)

  Eu estava em um belo impasse, seu eu deixasse o Renan ir, eu não saberia o futuro de nossa relação, e também não queria estragar os maravilhosos dias que estávamos tendo. Mas por outro lado, Hugo era um bom amigo, que estava do meu lado durante a árduas aulas da faculdade e também em vários momentos da minha vida.

  — Viu, você acha que só você pode perder a cabeça —

   — O que eu não faço por você —. Pegou meu telefone, coloco no número do Hugo e ligo para ele.

  — Heitor, tudo bem meu parceiro? —.

  — Hugo eu... eu... —. Nesse momento eu travei, olhei para o Renan e ele estava imóvel, esperando que eu dissesse uma palavra.

  — Hugo, eu quero que você não fale mais comigo, não me dirija a palavra, suma da minha vida, não me procure mais sob nenhuma hipótese —.

  — Por que? O que eu te fiz cara? Pensei que fossemos amigos —.

  — Eu não posso mais falar com você, porque o Renan não gosta de você, e porque você falou coisas dele que eu não gostei —.

  — E você vai parar de falar comigo primeiro conta dele? Poxa, somos amigos, e esse Renan é muito é mentiroso, ele é doido por você —.

  — Não chama ele de mentiroso Hugo, tenha mais respeito —.

  — Eu não estou entendendo nada disso ainda —.

  — Hugo, o Renan é meu namorado, eu amo ele, você deve estar confundindo as coisas, sou apenas seu amigo, não posso ser mais que isso  porque eu amo uma pessoa e essa pessoa é o Renan. E eu não posso ficar perto de uma pessoa que falou mal do meu amor —.

  — Cara ainda não estou acreditando que vai jogar nossa amizade fora por isso, cara eu te considero demais, você é meu melhor amigo —.

  — Desculpa mesmo Hugo —.

  — É Hugo desculpa, você não é "normalzinho" o suficiente pra ficar com  ele, agora vai se ferrar —. Renan desligou o meu telefone e jogou em cima da cama.

  — Eu vou ficar, vamos esquecer tudo isso, nada disso aconteceu, vamos passar o resto da nossa viagem bem, sem Hugo, sem Cauã, somente nós dois —.

  — Como é que eu vou me sentir bem Renan? Eu acabei de mandar meu melhor amigo ir embora por sua causa, como eu vou me sentir bem droga? Ele não merecia essas palavras —.

  — Ele merecia, merecia bem piores inclusive, Heitor ele foi um nazista comigo, você vai ver como é bem melhor sem ele —.

  — Eu acredito em você, acredito em você, mas mesmo assim é difícil para mim —.

  — Acha que é fácil para mim também? Ver você perdendo a cabeça, brigando feito um animal, tudo isso pra manter essa sua postura de machão, que tem seu território que ninguém pode pisar? —

  — Me diz o que fazer então, me diz o que você faria —.

  — Eu simplesmente não sei —. Me deitei no colchão com ódio de tudo, fiquei olhando para o teto.

  — Era pra ser uma viagem normal, só nós dois, mas tem sempre alguma coisa, sempre alguma coisa que nos atrapalha —.

                              (Renan)

   Acordei já era quase noite, um vento frio soprava da janela, percebi que tinha adormecido. Procurei por Heitor e o encontrei no chão, deitado dormindo.

  — Amor, acorda —. Ele despertou assustado, olhou ao redor e em seguida me deu um abraço.

  — Eu sonhei que você tinha ido embora, e tinha me deixado sozinho aqui —.

  — Claro que não vou fazer isso, mas acho que precisamos conversar sobre o que houve —. Ele concordou, fomos para a sala de estar, ele sentou-se e ficou olhando pela a janela, parecia querer evitar meus olhos.

  — Eu fiz uma grande merda, não foi? —.

  — Eu entendo que você queria me defender, ou melhor defender nosso relacionamento, mas cara bater em uma pessoa é muito errado, você poderia ter se dado mal. Isso poderia ter acabado na polícia —.

  — Eu não aguentei Renan, eu tentei Eu juro —.

  — Eu sei que você tentou meu bem, mas tipo tem um milhão de caras que dão em cima de você  eu tento levar isso em uma boa, mesmo sendo difícil, às vezes dá vontade de bater neles, mas agredir já está além da minha realidade —.

  — Não tem como mudar o passado, não é? —.

  — Não tem, porém concordo que você teve suas razões, Cauã é muito arrogante também, e ele fez por merecer —.

  — Agora eu vou me sentir culpado pelo resto da vida, além do mais tem o Hugo que acabou sobrando pra ele também —.

  — Quanto ao Hugo, eu tenho certeza que um dia você virá com seus próprios olhos quem ele verdadeiramente é —.

  — Você diz isso com muita convicção, tem mesmo certeza? —.

  — Absoluta meu amor, ele te quer, ele é primo do Cassiano, aquele sangue não presta, tudo gente da mesma laia —.

  — Se você está dizendo, eu vou confiar —. Fui segurar a mão do Heitor só então percebi como sua mão estava machucada.

  — Por isso eu não quero que você brigue, não quero ver você todo machucado. Desse jeito você me mata de preocupação —.

   —  Eu só te dou trabalho, não é? —.

   — Dá, mas fazer o quê?! Eu te amo —.

   Depois de olhar sua mão com muito cuidado, o convido para caminhar um pouco, para espairecer. Dizer que tudo voltou ao normal naquele dia seria muita mentir. Pois ambos ficamos pensativos.

   Naquela noite ele falou com a avó dele, eles conversaram bastante, falaram sobre como passaram o Natal. Ele falou de mim, ela foi bem fofinha quando me desejou feliz Natal. Descobri que Heitor ama crianças. Achei super fofo a maneira como ele falava com seu primo.

  — Gostou Pedrinho do presente do tio? —. Fiquei imaginando aquele doido cuidando de um filho, até que não seria muito estranho, não, não seria, seria bem legal.

   — Quando eu for aí, vou levar um amigo, ele é bem chato, mas você vai gostar dele —.

   — Quem? —.

   — O Renan —. Olhei para ele, como quem diz que não gostou de ser chamado de chato, ele se calou.

   — Eu não sou chato Pedrinho, esse seu primo que inventa coisas —.

  — Ele me chama de tio —. Heitor cochichou.

  — Renan você fica de olho no Heitor, eu não confio deixar ele em outra cidade sem eu por perto —. Dona Olga falou e eu sorri. Foi notável a animação do meu amor depois de falar com sua família. Assim percebi que embora eu fosse a pessoa que ele amava, ainda assim eu não era suficiente pra lhe dar todo amor e carinho que ele precisava.

CONTINUA NO PRÓXIMO CAPÍTULO

 

 

 

O vôo do CisneOnde histórias criam vida. Descubra agora