Capítulo CXLIII

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— Como assim, meu amor? —. Eu não estava entendendo nada do que ele estava falando. Eu não esperava que ele não quisesse mais dançar, não depois de dizer que sentia falta do ballet por meses. Olhei bem fundo em seus olhos e percebi que o que eles dizia era a mais pura verdade.

— Eu sei que está parecendo tudo uma  loucura, mas é o que o meu coração deseja —. Na minha cabeça nada fazia sentido, não existia uma razão que para ele parar de dançar agora, ainda mais quando ele finalmente estava cem por cento e poderia voltar.

— Mas por quê? O que aconteceu? Você está com medo de voltar é isso? —.

— Não amor, é que, não quero mais voltar para o ballet, minha vida está sendo ótima sem ele, além do mais, acho que eu nunca quis tudo aquilo de verdade, foi muita fantasia, muita coisa da minha cabeça, tudo o que eu realmente queria era dançar, e eu sei dançar. E isso me deixa tão feliz, mas eu não quero ter que dar até a minha última gota de sangue por uma coisa que eu não gosto. E eu não me refiro a dança, eu amo a dança, me refiro a tudo isso de carreira, de estar rodeado de pessoas invejosas e horríveis. De ficar me cobrando e censurando —.

— Amor, por mais que eu ache essa sua decisão um pouco inesperada, muito inesperada na verdade. Eu estou aqui para te apoiar em qualquer aventura que você se dispor a participar, eu vou ser o seu companheiro, o seu compaça, o seu confidente —. Dei-lhe um beijo e depois nos abraçamos bem forte.

Eu não esperava que ele fosse desistir de sua carreira, não assim dessa forma, eu acreditava que aquela era uma ideia temporária, embora posteriormente ele tenha me provado que não.

— Esse tempo longe do Ballet me fez perceber que eu sou bem mais do que um bailarino, eu sou humano, eu sou Renan, seu namorado, sou filho, sou amigo. Eu quero viver de verdade, quero experimentar cada coisa, cada coisa sem exceção —.

— O que você planeja fazer agora? —.

— Não sei, confesso que estou tão entusiasmado com tudo, tenho vontade de estudar sobre arte, essa é a minha grande paixão. Por mais que muitos digam que isso não dá sustento, nem muito menos faz de alguém grande, eu não me importo. Eu não quero ser grande, eu quero ser eu mesmo —.

— Você pode ser o que quiser, está bem? —. Eu seguro a  mão e a beijo. Ele sorriu para mim, eu amava quando isso acontecia, aquele sorriso grande, suas sobrancelhas grossas ficavam arqueadas de uma maneira muito fofa.

(Renan)

Confesso que eu estava com medo, mudanças sempre me causavam essa sensação, eu era uma pessoa que não sabia mudar com as adversidades da vida. Até que eu vi que minha vida estava muito além do palco, muito além de um pequeno undo em que existia um sonho e os pesadelos.

— Já que o senhor pode dançar novamente, que tal dançar um pouquinho para mim? —. Heitor me fala, ele estava deitado na nossa cama me olhando com aquela carinha de safadeza e fofura que apenas ele possuía. Estávamos apenas de cueca, então as curvas de nossos corpos conversavam entre si com intimidade.

 Estávamos apenas de cueca, então as curvas de nossos corpos conversavam entre si com intimidade

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— Você acha que eu sou o que? A sua odalisca? Que dança para você quando quer? —. Digo sendo irônico. Apoiou a cabeça em em braço para prestar mais atenção, com aquela carinha fofa eu não pude resistir.

Fazia muito tempo mesmo que eu não dançava, mas para mim era como andar de bicicleta. Primeiro eu tirei os chinelos, depois alonguei bem o meu corpo. Heitor me ajudou, ele pegou seu celular e colocou o "O Lago dos Cisnes" para tocar. Eu comecei devagar, logo em seguida quando eu percebi estava dançando livremente. Eu misturava alguns passos de ballet com outros estilos de dança. Eu gostava de usar muitos elementos do meu corpo, como se fosse um pincel a desenhar no ar.

Eu fechei os olhos para me concentrar melhor, quando abri os olhos novamente tomo um susto ele estava parado a minha frente, parado.

— Não vai cair dessa vez —. Ele estende o seu braço, e me convida para dançar com ele. Sua mão segurava minha cintura, enquanto eu me apoiei em seus ombros.

A música acabou outra começou, mas continuamos a dançar, nossos corpos bem agarrados um ao outro. Pode parecer ironia, mas naquela dança eu senti muito mais prazer do que em qualquer outra vez que dancei em minha vida. Aquilo só demonstrava minha razão em abandonar o ballet, eu amo dançar, mas com liberdade, com a minha liberdade.

Quando cansamos, ficamos apenas em pé, abraçados um ao outro. Não havia sensação melhor do que aquela, do que se sentir em casa, do que se sentir a pessoa mais segura do mundo, sem pela primeira vez na vida não ter nada nada a temer.

Acabamos fazendo amor mais uma vez, por mais que tivéssemos feito várias vezes, sempre era especial, porque ele fazia eu me sentir especial. A maneira como ele beijava cada parte do meu corpo, principalmente as minhas coxas, era simplesmente incrível. Eu também adorava o seu corpo, adorava beijar seu peitoral, o seu pescoço, amava morder aquele seus lábios grossos.

E a forma como ele me olhava depois das nossas transas eram indescritíveis. A verdade é que eu sempre fui apaixonado por aquele homem.

— Por que você é tão perfeitinho assim? Às vezes eu acho que você está fazendo uma pegadinha comigo. Ou então acho que o seu óculos não funciona, e quando você trocar de óculos vai me trocar também —. Disse brincando.

— Ah não, você descobriu! Quem te contou? —. Ele me agarrou, Heitor tinha uma mania de me apertar contra o seu tronco bem forte, eu odiava isso. Mas ele gostava de implicar com isso. Por sorte consegui escapar fazendo cócegas nele.

Com minhas pernas prendo seu pescoço, em uma espécie de chave-de-perna.

— Agora você vai se arrepender oxigenado-bombado —.

— Que tortura essa sua, hein?! Coloca minha cabeça entre suas coxas, queria ser torturado assim todo santo dia —. Ele falou beijando minha coxa.

CONTINUA NO PRÓXIMO CAPÍTULO












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