Capítulo LIV

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                          (Heitor)

  — Que foi Renan? —. Renan estava calado, pensando enquanto olhava a vista da cidade.

  — Aquele Hugo não me desceu, achei ele suspeito demais —.

  — O Hugo? Como assim? —.

  — Ele me perguntou de onde eu te conhecia, disse que parecíamos bem próximos, sem falar que ele faz questão de estar perto de você —.

  — Acha que ele é afim de mim? Renan você está com ciúmes? —.

  — Não, só estou pensando, e isso tem um pouco de sentido —.

  — Relaxa amor, o Hugo é só meu amigo, ele só é preocupado comigo, como eu também sou com ele. Tipo ele me pergunta se eu estou bem, esse tipo de coisa. Como hoje, perguntou se eu namoro —.

  — Como é Heitor? —.

  — O quê? —.

  — Ele perguntou na cara lisa se você namora, e você ainda diz que ele só é seu amigo. Vou lhe dizer uma coisa, eu posso ser um pouco neurótico as vezes, mas dessa vez eu tenho certeza, ele é afim de você —.

  — E daí se ele for? Eu não sou afim dele, porque eu já gosto de uma pessoa, e você sabe bem quem é —.

  — Em você eu confio, só não confio nele, não gostei da forma como ele me olhou, parecia que estávamos competindo por você —.

  — Renan, independente de tudo o Hugo é meu amigo, e eu não tenho muitos amigos —.

  — Quero que me prometa uma coisa —.

  — Vai lá, diz —.

  — Me fala tudo que acontecer entre vocês dois, quero saber de tudo —.

  — Tudo bem —.

  Estacionei o carro em frente a sua casa. Ficamos ali em silêncio por um tempo, eu babando o quanto meu namorado era perfeito.

  — Você fica tão fofo com ciúmes —.

  — Ai Heitor não me irrita —. Ele fez uma carinha de bravo, em seguida virou o rosto.

  — Obrigado pela noite, obrigado por fazer parte dela, obrigado também por estar na minha vida nesse momento. Espero que esteja também em todos os momentos daqui em diante —. Seguro sua mão, puxo e dou um beijo nas costas de sua mão.

  — Naquele instante que você falou aquilo, sobre mim, quase chorei. Eu queria te dizer que te amo muito, muito mesmo, e quando você estiver pronto pra se assumir pra todo mundo eu vou ser o primeiro a segurar a sua mão —.

  — Disso eu já sabia, por isso amo você —.

  Depois de um beijo longo de despedidas ele se foi, mais uma vez ele se foi. Era realmente uma pena ter que dormir sozinho tendo um namorado como ele. Creio que não deva ser nada fácil para ele também, afinal vive sozinho. Mas se depender de mim ele nunca mais estará sozinho.

                           (Renan)

  — Violeta, preciso de mais um conselho seu, dessa vez não é nada que eu fiz ou vá fazer —.

  — Me diga —.

  — O Heitor tem um amigo, Hugo, esse Hugo não me desce, ele olha de um jeito diferente para o Heitor, sem falar que ele questionou de onde eu o conhecia, e também questionou o fato de sermos próximos —.

  — Olha Renan, eu acho que você talvez esteja só um pouco neurótico, mas essa não é uma hipótese inválida, o problema é que não temos outros elementos que provém ou não se isso é verdade —.

  — Ah, ele perguntou se o Heitor namorava e deu uma camisa bem cara pra ele —.

  — Muito bem, agora oficialmente você tem que tomar cuidado com seu namorado em dobro. De onde esse Hugo conhece o Heitor? —.

  — Da faculdade, eles estudam juntos, fazem trabalhos juntos, passam boa parte da aula juntos. Percebeu o motivo da minha neurose? —.

  — Mas ele é gay? —.

  — Eu não sei se ele é gay —.

  — Ele parece ser gay? —.

  — Bom ele é do mesmo jeito do Heitor, machão, mas o Heitor é gay, então digamos que nesse assunto nunca temos certeza —.

  — O que você já fez em relação a isso? —.

  — Bom eu disse que confiava no Heitor, mas não nele, e pedi para que ele me dissesse tudo o que acontecesse —.

   — Muito bem feito. Sinceramente, não acho que o Heitor vá trocar você por ele, tem alguma foto dele aí? —. Nego com a cabeça, mas Violeta sempre dá um jeito, entrou no Instagram do Heitor e achou ele na lista de seguidores.

  — Bom, ele é bonitinho, mas não igual ao você, é sem falar que ele não é bailarino, então fique despreocupado, porque o Heitor não vai querer ele em vez de você —.

  — Mas e esse Hugo? Será que ele não vai tentar nada? —.

  — Eu não sei, mas é melhor já estarmos preparados, pense no que vai dizer, no que vai fazer —.

  — O que deu de presente a ele? —.

  — Ah, eu dei uns ingressos para a apresentação, mas o presente de verdade é uma passagem de avião e uma reserva —.

  — Reserva? Pra onde, vocês vão viajar? —.

  — Sim, convenci ele a ir a Gramado, vamos passar o Natal e o ano novo. Só não dei ontem, podia o pessoal desconfiar —.

  — Menino, você está aprendendo aos poucos, mandou bem amigo —.

  — Eu tenho que mandar, não é? Vejo ele poucas vezes na semana, nada garante que ele vá continuar me amando —.

  — Só sei que esse Heitor me surpreende cada vez mais, além de bonito é todo certinho. E é daqueles a moda antiga que ama um compromisso. Ele não tem defeito não? —.

  — Bom o defeito dele é o fato de ser atarefado demais, e o coitado tem mal tempo de viver direito —.

  — Parece você, aliás nós —. Rimos um pouco, até que o desagradável anão de jardim chegou.

  — Do que as duas gralhas estão rindo? —.

  — Não é da sua conta, vai atrás da branca de neve vai —. Violeta diz e acabou rindo.

  — Achou engraçado girafa? —.

  — Achei —.

  — E esse anel no seu dedo? Que coisa feia, com certeza é bijuteria —.

  — Hum, em primeiro lugar não é bijuteria é de ouro branco, em segundo lugar não é nem um pouco feia, porque foi meu namorado que me deu —.

  — Seu namorado? Quem é o doido? —.

  — O bombeiro Heitor? Sabe quem é? —. Violeta diz e ele fica bravo.

  — Sabe, você nunca vai entender isso porque ninguém gosta de você —. Ele saiu dali com raiva, seu capacho o seguiu.

CONTINUA NO PRÓXIMO CAPÍTULO

 

 

 

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