Capítulo LXXIII

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                              (Heitor)

    — Eu amo tanto quando você me abraça —. Renan diz ao repousar sob meu peito, havíamos acabado de fazer amor, era incrível como o seu corpo me deixava completamente maluco. Durante os longos minutos em que nossos corpos se conectaram, minha mente se encontrava longe daquele lugar. Segui apenas meus instintos mais selvagens. Antes eu sentia apenas prazer, mas agora o amor melhorava tudo.

    — Esse é o melhor Natal que já tive na minha vida —.

   — Espero que não seja o último, prometo que no próximo vai ser ainda melhor —.

   — Não precisa de nada extravagante, só de estar com você, já é tudo especial —. Digo. Às vezes eu me sentia incomodado, pela maneira exagerada de Renan tentar me agradar de qualquer maneira. Me sinto incomodado, pelo fato de que acho que não sou capaz de lhe retribuir na mesma proporção.

  — Eu não sou extravagante, só quero que tudo ocorra bem. Se isso é ser extravagante, então prefiro ser extravagante —.

  — Você às vezes me deixa confuso com essas suas filosofias —.

  — Eu sou confuso, então já dá de imaginar que o que falo também é bem confuso —.

  — Gosto de como às vezes você começa a falar e a falar —.

  — Sou muito tagarela, não é? —.

  — Não, acho que não, você é bem calado às vezes, quase como uma ilha —.

  — Como uma ilha? —.

  — Sim, imagine uma ilha, ela não fica distante de todo mundo, como se não quisesse que ninguém se aproximasse, acho que você era assim. Meio selvagem, foi difícil chegar perto de você, mas eu entendo, você sempre viveu dentro da sua bolha, sua vida se restringia ao ballet e a nada mais —.

   — Eu nem conseguia enxergar isso na verdade, sabe, creio que minha mãe encheu tanto minha mente com isso que achei que nada mais importasse, e que minha felicidade estaria nesse seu desejo —.

  — Sabe que eu tenho muito orgulho de você, não é? Esse seu foco, sua dedicação é gigantesca, às vezes nos momentos de sufoco, quando penso em desistir, penso em você, que nem depois de uma queda, desiste de dançar. Aí eu penso, como eu posso querer ter um relacionamento com alguém como você, que não desiste facilmente, que vai até o final —.

  — Mas você é forte também, porque para insistir em mim, mesmo depois de tudo o que fiz, e você ainda tentou e tentou. Tipo, não sei como você ainda me quer —.

   — E eu fico sem paciência de explicar quase todo dia. Burro eu seria de deixar o amor da minha vida ir embora fácil —.

  — E eu quase deixei você ir, muitas vezes na verdade. Ai, eu sou muito otário mesmo, às vezes dá muita raiva de mim mesmo —.

  E pouco a pouco o sono foi chegando, devagar mas continuo, em silêncio conversávamos, nossas respirações faziam companhia uma a outra. Pela segunda vez passaríamos uma noite juntos, e dessa vez ninguém mais nos incomodaria. Nem minha avó, nem os pais do Renan.

                              (Renan)

Amor, acorda, já é na hora do café —.  Heitor beija minha bochecha e tenta me acordar, o sono estava tão bom, mas ser acordado com um beijinho logo pela manhã era tão bom.

  — Hum... —. Gemi tentando despertar. Ele continuou beijando minha bochecha, abri os olhos, o vô tão bonitinho na minha frente, ele estava com uma camiseta, vestindo um short.

  — Me dá um beijinho vai —. Ele pede, mas eu impeço, afasto seu rosto do meu.

  — Não me beija —.

  — Por que não? Fiz algo de errado? —.

  — Não, é que eu estou horrível, quando me acordo pareço um monstro —.

  — Não, você está tão fofo com esse cabelo bagunçado, anda me dá só um beijinho, por favor —.

  — Eu não vou te beijar nessa situação —.

   — Lembra do combinado? Dizer sim até o fim da viagem? Desse jeito acho que você está descumprindo o acordo —.

  — Poxa vida, tudo bem, mas é só um beijo e pronto —.

  — Trato é trato —. Ele sobe em cima do meu corpo. E toca a ponta do seu nariz no meu. Tocamos nossos lábios rapidamente, pensei que ele cumpriria o trato, mas não. Após o primeiro beijo ele me beija novamente, mais e mais. Nem tinha como eu resistir.

   — Caralho, como eu sou doido por você garoto —.

   — Você descumpriu o acordo —.

   — Vai ficar bravo comigo? —.

   — Vou, vou sim —. Ele me abraça e fica beijando meu peito nu.

   — Me perdoa vai, só vou te soltar se me perdoar —.

   — Nunca, você agora vai ficar aqui pra sempre —. Mas que homem bonito, mais que homem perfeito esse Heitor. E pensar que temos muitos dias ainda pela frente juntos. Esse tempinho vai sei perfeito.

   — Hum, eu fiz uma surpresa pra você, espero que goste —. Ele se levantou, saiu do quarto e voltou com uma bandeja em mãos. Naquele momento me senti um verdadeiro príncipe, com ele me tratando daquele jeito.

  — Eu não acredito que você fez isso, mas é tão lindo, vem cá que agora quero te dar um beijo —. Depois de eu agradecer a ele, da maneira correta, vou fazer meu desjejum. Heitor tinha sido tão atencioso, conseguiu até a torrada integral que eu mais gostava.

  — Hum, que delícia, quer um pouco amor? Dá uma experimentada —.

  — É com geleia de abóbora, não é? —.

  — Uhum, está muito bom, você com certeza vai gostar —. Ele mordeu um pedaço, fez uma cara não muito boa no início, mas conseguiu disfarçar.

  — Nossa, que sabor mais es... exótico —.

  — Espera aí vou fazer uma pra você —.

  — Não, não, as torradas são suas, não quero ser guloso —. A carinha dele era tão engraçada.

   Eu amava como o Heitor comia toda porcaria e era bonitão, e eu se respiro já engordo. Mas também, ele era enorme, mesmo eu sendo mais alto que ele, nem se comparava. A Violeta uma vez disse que ele parecia um super-herói só que melhorado. Ela é bem doida às vezes, mas nisso eu tenho que concordar.

   — Amor — Heitor falou chamando minha atenção — Feliz Natal, obrigado por tudo, você é a pessoa mais importante da minha vida nesse momento, te amo —. Ele me abraçou.

CONTINUA NO PRÓXIMO CAPÍTULO

 

  

 

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