Capítulo LVII

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                          (Heitor)

   Então, depois que seu pai soube, Renan ficou um pouco diferente, mais preocupado e pensativo. Um pouco distante de mim também.

  — Amor, promete uma coisa pra mim? —. Digo segurando sua mão, tentando fazer que ele lembre que eu estava ali com ele.

  — O quê? —.

  — Que independentemente do que aconteça, você não vai deixar ninguém te afastar de mim —. 

  — Claro que não, até porque eu não consigo mais ficar sem você, prefiro ir pra debaixo da ponte do que pra longe —.

  — Sabe, eu sinto que tem muita coisa ainda que precisamos superar, e sinto também que não será nada fácil, mas eu nunca vou desistir de você, nunca mesmo —. Renan me olhava tão calmo, com sim sorriso de canto. Sua mão apertou minha bochecha e depois disse:

  — Que coisa mais linda você é, obrigado por tudo, pela noite, por não desistir de mim, até por tentar né proteger de qualquer coisa que meu pai fizesse, embora não fosse necessário —.

  — Sabe como é, você é a coisa mais importante que eu tenho, e não poderia deixar ninguém te machucar —. Depois de nossa conversa, ele foi até a cozinha, voltou com duas taças e uma garrafa de vinho.

  — Que tal comemorarmos um pouco? —. Concordei, ele me deu uma taça e a encheu.

  — Uma hora dessas minha avó deve estar se perguntando porque não apareci no restaurante do velhote —.

  — Para de chamar ele assim Heitor. O Adamastor é um homem muito sério e respeitável —.

  — E daí? Ele fica dando em cima da minha avó? Você quer que eu faça o quê? —.

  — Deixa os dois ué. Você fica pensando demais nos dois que se esquece de mim bem aqui —.

   — Isso jamais, você está na minha cabeça sempre e nunca sai dos meus pensamentos —.

   — Então meu lindo, deixa eles se divertirem, é bom sua avó ter amigos, ou quem sabe alguém que goste dela bem além disso. Ela é uma mulher linda, ainda tem idade pra fazer qualquer coisa, só não fique interferindo na sua vida. Além do mais o Adamastor é um belo senhor —.

  — Você acha ele bonito? —.

  — Acho, mas sabe que só tenho olhos para uma pessoa, uma bem jovem, com 25 anos, musculosa com esses lábios vermelhos —. Lhe roubo um beijo e ele retribui, ficamos ali sentados em seu tapete, comemorando a noite do nosso jeito, longe de todos, no nosso próprio mundo.

   — Queria que ficasse aqui, dormisse comigo, imagina nós dois a noite e inteira. Mas já sei sua resposta, você tem sua avó, ela não pode ficar sozinha —.

   — Isso é temporário eu prometo, mas ainda preciso de um pouco de tempo. Quero acordar todo dia e ver você ao meu lado. Quero ser o primeiro a te dar bom dia, quero te levar café na cama. Esse monte de coisa —. O olhar de Renan brilhava, acho que ele realmente queria cada coisa das que falei.

   — Eu sei que é temporário. Só que às vezes é muito ruim entende? —.

   — Eu sei como é — Não sei se foi uma boa ideia, mas mesmo assim disse a ele uma coisa que passou pela minha cabeça — Dorme lá em casa, eu invento uma desculpa qualquer —.

   — Dormi na sua casa? Ficou doido? Sua avó vai saber —.

  — Não vai não —.

  — E já tenho tudo planejado aqui —.

  — Eu não sei Heitor é muito perigoso

  — Está com medo Donatello? —.

  — Que medo o quê garoto —.

  — Está com medo da minha avó, medroso —.

  — Tudo bem eu aceito, e tomara que ela nos pegue no flagra na sua casa, aí eu quero ver sua cara de medo —.

  — Isso não vai acontecer —.
  
   Renan foi se trocar, vestiu uma roupa mais casual. Pegou também uma mochila, e colocou um monte de coisa nela.

   — O que é isso tudo? —.

   — Isso meu caro é meu creme hidratante, meu sabonete antisséptico, meus lenços umedecidos e vários produtos que servem para me deixar com essa carinha que você tanto gosta —. Apenas concordei com a cabeça.

  — Agora seja um bom namorado e leve isso daqui nas suas costas, as minhas estão doendo um pouco —. Disse e não tive muito o que dizer.

  A mochila estava pesada, parecia que ele passaria um mês na minha casa, coloquei nas costas e fui andando. Ele veio logo atrás até que de repente sinto algo.

  — Que redondinha hein —. Ele havia batido nas minhas nádegas, somente olhei para trás com uma cara séria.

  — Ficou doido? Que negócio é esse? —.

  — Deixa de ser chato, você é meu namorado e eu posso bater nela o quanto eu quiser —.

   — Ah é, e seu eu bater na sua? —. Eu o puxo pela cintura e lhe dou uma palmada e ainda seguro sua nádega com força.

  Nossos rostos estavam quase colados, aqueles olhos castanhos mel olhavam profundamente.

  — Seus olhos são tão incríveis —. Digo, admirado pela intensidade da cor.

  — Eu não acho, eles são tão normais, além do mais são castanhos, quase todo mundo tem olhos castanhos —.

  — Não, nem todo mundo tem seus olhos, eles são únicos, olha essa borda ao redor da íris, como um anel preto. Seus olhos são incríveis sim —. Ele permaneceu em silêncio. Lembrei donaue estávamos fazendo, então continuei a andar e abri sua porta e saí por ela.

  No carro, ele puxou minha mão e entrelacou nossos dedos, e depois colocou a cabeça em meu ombro. Aqueles olhos melancólicos agora transmitiam uma gigantesca felicidade. Que agradeço todos os dias por estar fazendo parte dela.

   Chegando em casa, percebi que vovó não havia chegado. Coloquei a mochila do Renan no meu quarto e também troquei de roupa. Ele se sentou no sofá e ficou me esperando.

  — Amor, está com fome? —.

  — Um pouco —.

  — Vem, vou preparar uma coisinha para nós —. O puxei até a cozinha, ele sentou-se a mesa e ficou olhando eu cozinhar. Sua cabeça estava apoiada em seu braço. Ele estava muito meigo.

  — Que foi? —.

  — Você fica bem gato com roupa de dormir e fica ainda mais gato cozinhando para mim —.

CONTINUA NO PRÓXIMO CAPÍTULO

  
  

 

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