Capítulo LXVII

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                              (Heitor)

   — Vai me chamar de desnaturado só porque não vou passar o Natal com a tia Otávia? É isso? Muita consideração da sua parte, justo de mim da pessoa que mais preza pelo seu bem. Só espero que suas festas sejam divertidas e esqueça do seu neto desnaturado —. Disse ao sair da mesa e ir direto para o meu quarto. Eu não costumava ficar magoado com minha avó, mas quando eu ficava isso doía bastante. Eu não gostei nem um pouco de ser chamado de desnaturado, porque geralmente ela era usada com minha mãe, e ser comparado com ela era realmente deprimente.

   Na realidade esses duas estavam sendo cansativos, trabalho, faculdade, namoro, família, tudo isso casava, às vezes nem dava vontade de sair da cama.

   Eu estava dentro de um caminhão no horário de trabalho, ele estava estacionado, eu gostava de ficar ali pois ficava sozinho, imerso em meus pensamentos.

   Fiquei pensando no que minha avó disse, sobre o fato de eu não ir passar o Natal com minha família que me amava profundamente, mas também pensei no Renan que já havia planejado tudo e certamente fez aquilo para não passar essa data sozinho mais uma vez.

  Queria entender como ele conseguia fazer isso, me convencer a mudar meus planos para estar com ele, ele altera profundamente o mundo ao meu redor. É nele que procuro abrigo.

  E de tanto pensar nele, recebo uma ligação sua:

  — Oi, está ocupado? —.

  — Pra você jamais —.

  — Me bateu uma saudade, quando vamos nos ver de novo? —

  — Não sei, essa semana anda bem puxada pra mim, entende? Mas podemos almoçar juntos, quer? —.

  — Claro que quero —.

  — Falei pra vovó que vamos para Blumenau —.

  — E o que ela disse? —.

  — Fez um grande drama, dizendo que eu não deveria deixar de passar a data longe da minha família, me chamou inclusive de desnaturado, e eu odeio ser chamado dessa palavra —.

  — E o que você vai fazer? Eu não ser o responsável por fazer intriga na sua família —.

  — Você não é. Mas eu também preciso de um tempo, poxa quando eu estou com eles, ainda assim me sinto tão sozinho, todo mundo tem alguém na mesa, só não eu. E agora que eu tenho você, não acho justo que eu tenha que passar esses dias longe de você —.

  — Eu entendo, quer dizer, eu sou sempre sozinho, então entendo em parte —.

  — Eu sei que um dia vou ser homem o suficiente pra falar a verdade pra todo mundo, mesmo que esteja longe. Vou te levar pra passar o Natal com minha família, se você quiser e se eles não gostarem de você eu vou embora —.

  — Eu amo como você pensa em cada detalhe do nosso futuro, mas acho que eu não sou homem o suficiente pra encarar sua família —. Renan disse.

  — Nem eu tenho, mas eu quero só viver em paz com você, sem ninguém nos atrapalhando —

                               (Renan)

  Lá estava eu sentado falando com o meu amor, enquanto o pianista tocava Chopin ao fundo.

   — Queria ver como você está agora —. Heitor disse.

   — Estou de collant, também queria ver como você está —.

   — Vamos fazer assim, você me manda uma foto sua e eu mando uma foto minha —.

  — Tudo bem —. Como eu estava em frente ao espelho, só tirei uma foto e mandei para ele.

  — Essa roupinha me deixa doido, queria te pegar desse jeito —. Ele falou. Sorrio e já fico excitado, não por menos, afinal Heitor só tinha essa cara de anjinho fora da cama, porque nela ele era dominador.

  — Sua vez, mas eu quero uma bem especial pra mim —.

  — Como? —.

  — Mostra o abdômen, por favor —.

  — Pede direito —.

  — Por favor, amor da minha vida, lindo, maravilhoso —. Ele sorri ao ouvir essas palavras.

  Ele manda uma foto sua, com uma blusa vermelha levantada mostrando aquele abdômen que eu amava demais. Naquele momento eu fui no céu e voltei, era muita beleza pra uma pessoa só, e o melhor de tudo foi ele mordendo o lábio. Assim ele me mata.

  — Isso é maldade Heitor, fica me deixando assim nessa hora do dia —.

  — Mas foi que pediu, eu só mandei a foto, e você também não faz nem ideia de como estou aqui —.

                                   •••

    Estávamos no restaurante almoçando, ele com aquela blusa vermelha, com o brasão do corpo de bombeiros, ela era apertada, deixava aquele peitoral e aqueles braços enormes bem marcados.

  Às eu ficava pensado, o que será que o Heitor viu em mim? Poxa, ele é perfeito ao extremo, não querendo concordar com o Hugo, mas eu sou tão normalzinho.

  — Vai querer alguma coisa de sobremesa? O sorvete daqui é ótimo —.

  — Queria você —. Digo sorrido ele também sorri.

  — Sabe o que eu queria? —. Ele começa com a sua cara depravada que eu tanto amava.

  — Sorvete? —. Ironizo.

  — Não, não sorvete. Eu queria ver você todo peladinho na minha frente, isso que eu queria, eu ia te mostrar como você é todo meu e de mais ninguém —.

  — Nossa, que pensamentos impuros a essa hora do dia —.

  — Culpa sua, quem manda ser gostoso —.

  — O que você mais ama em mim? —. Pergunto meio que do nada.

  — No físico? —.

  — Sim —.

  — Não sei —.

  — Não ama nada em mim? —.

  — Não, não consigo escolher, você é perfeito, cabelo, rosto, nariz, olhos, nádegas —. Ele brinca mais uma vez eu amava como ele fazia essas piadas sujas.

  — Por que eu olho pra você e acho que é perfeito demais pra mim —.

  — Como assim? —.

  — Tipo, você é muito mais bonito que eu, muito mais mesmo, e sei lá eu sou tão normal, nem feio, nem bonito. Sabe aqueles carros caindo aos pedaços ao lado de um de luxo? Pois é eu me sinto assim —.

  — Besteira sua, pra mim você é mas lindo que todo mundo nesse mundo eu que me sinto inferior —.

  — Me diz uma coisa que eu sou mais bonito que você —.

  — Bom... —. O interrompe é digo:

  — Viu não tem —. Falei rapidamente para fazer graça ele riu, mas depois pegou em minha mão. Quando ele pegava em minha mão, sempre acontecia algo especial, ele tinha essa mania.

  — Se duvidar de si mesmo, acredite no meu amor, no nosso amor —.

CONTINUA NO PRÓXIMO CAPÍTULO

O vôo do CisneOnde histórias criam vida. Descubra agora