Capítulo XVI

2.5K 230 27
                                    

                               (Renan)

 
  Esse Heitor só podia ser bipolar, ele mudava constantemente e sem aviso. E isso para mim era assutador já que eu sempre estive com meus pés bem onde estão, sem nunca ousar tomar outro caminho.

  Mas, pela primeira vez pego um caminho que parecia desviar-se bem para bem longe dos meus objetivos. E aqueles lábios, que lábios, tão quentes e envolventes. Ela sabia bem o que fazia, me sentia nos momentos em que eu saltava, e momentaneamente flutuava no ar. Mas agora o voo era longo, como o voo de um cisne, direto para um horizonte rubro por um pôr do Sol ardente, que trazia ainda consigo calor.

 Mas agora o voo era longo, como o voo de um cisne, direto para um horizonte rubro por um pôr do Sol ardente, que trazia ainda consigo calor

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

  Arrisquei colocar minha mão em seu rosto, e ele não esboçou reação, para minha imensa felicidade. Sua mão tocava meu cabelo e o massageava, como aquele carinho era bom. Nossas respirações estavam em perfeita sincronia, ofegantes liberando o excesso de calor do corpo.

   Paro de beijar seus lábios, e me dirijo ao seu pescoço, beijando-o e lhe deixando extremamente excitado com tudo aquilo, a maneira como ele sorria era incrível, ele tinha algo que eu gostava demais, que era a capacidade de rir com seus olhos. Era algo tão sincero e meigo.

   — Não vai sair correndo, não é? —. Ele não me respondeu com palavras, preferiu usar seus lábios e também seus braços para me carregar para o sofá, nem é preciso dizer o quão forte é.

   Nos deitamos, ele por cima de mim, ainda nos beijando. Nunca antes fiquei tão perto de seus olhos, não pelo menos sem fugir de mim. Eles eram incríveis, sua íris tinha um contorno preto, tão forte e marcante.

  — Desculpa por aquele dia, eu não estava muito bem da cabeça —.

  — Quem nunca perdeu a cabeça, não é? —. Rio e seguro sua camisa para puxá-la.

  — Isso é loucura? —. Ele parecia estar confuso.

  — O quê? —.

  — Quanto mais eu faço isso, mais eu quero. É como um vício, um vício forte —.

  — Eu sinto o mesmo —. Retiro sua camisa e deixo seu tórax a amostra, como eu amava aquela parte de seu corpo, seu peitoral era incrível, e nem quero falar de abdômen. Minhas mãos viajam começando por seu pescoço, e segue descendo através de seu peito, até segurar em sua cintura.

  — Garoto maluco —. Disse e me puxa para cima dele. Acho que teríamos ido bem longe se sua avó não tivesse ligado para ele.

  — É a minha avó, com licença —. Ele vai para a varanda para poder conversar com ela.

  — Não, estou bem, não precisa se preocupar, estou na casa de um amigo, não vou demorar, chego aí daqui a pouco —. Me recomponho um pouco chateado, mas ainda assim feliz pela situação. Vê-lo sem camisa na minha varanda era bem recompensador. Ele me lembrava um pouco o cheiro do meu pai, e eu gostava muito do cheiro do meu pai.

  Heitor desliga o telefone, olha para mim com uma cara também de decepção, olho para ele como é quisesse saber uma resposta, que já era bem óbvia na verdade.

  — Tenho que ir, esqueci que hoje vamos jantar na casa do Adamastor —.

  — Tudo bem, eu entendo —. Não sei o que era melhor de se olhar o rosto ou o corpo.

  — Então nos vemos amanhã? —.

  — Amanhã nunca se sabe, por isso tem que se despedir adequadamente —. Com sua camisa o prendo pela cintura e o puxo em minha direção, para beijá-lo.

  — Tchau —. Disse ao sair, apenas balancei os meus dedos e sorri. Quando fechei a porta, desabei no sofá completamente incrédulo, não acreditei em nada do que aconteceu.

  Não fazia o menor sentido, mas era a mais pura e prazerosa realidade. Fui fazer um chá para tentar me acalmar, o fogo dentro de mim estava aceso, como nunca antes. Aquele bombeiro, ele era um verdadeiro delírio.

   Eram oito horas e aquela casa estava tão silencioso, e aquilo me incomodava. Aproveitando a dica de Violeta, acabei por visitar seu Instagram, das poucas fotos que tinha pude ver novamente o seu escultural rosto.

                             (Heitor)

   Satisfação, felicidade, prazer. Todas essas coisas senti nesse fim de tarde, e para todos os efeitos dessas incríveis emoções eu sorria, não atoa, não sem razão. Por aquele bailarino, eu perdia  razão e deixava tudo entregue ao fluir de um corrente e sinuoso rio.

  Durante aquela noite inteira eu sorri, ao chegar em casa, durante o banho, ao tocar nas partes que ele tocou.

   Alguma coisa naquele cara, me atraia como nenhuma outra pessoa, agora as próximas horas seriam de lembranças, até que nosso próximo encontro acontecesse.

   O jantar com o velhote foi agradável, ele não se insinuou muito para minha avó, pelo menos não percebi, pois minha mente estava bem longe dali. Pensando em um bailarino de cabelos castanhos e sobrancelhas grossas, que raramente sorri, mas que dança como ninguém.

  — Que foi querido? Está tão pensativo? —. Minha vó perguntou. Às vezes eu tinha medo dela, afinal certa vez meu avô disse que ela conseguia saber qualquer coisa apenas olhando em seus olhos.

  — Nada, só pensando em algumas coisas —. Ela pareceu entender e voltou a conversar com o velhote.

  "— Fugir, Fugir, Fugir —". Essas palavras ecoavam em minha cabeça, eu fugi mesmo naquela noite, fugi dele, de mim mesmo, ao rejeitar o que eu queria, e acima de tudo de nós dois.

  — Renan Donatello —. Relembrei seu belo nome. O nome de alguém que estava destinado a ser grande. Mas eu tinha uma dúvida, se sua importância cresceria em minha vida ainda mais.

CONTINUA NO PRÓXIMO CAPÍTULO.

 
 

 

 

 

 

O vôo do CisneOnde histórias criam vida. Descubra agora