Capítulo XXXVI

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                             (Renan)

  Se havia uma coisa que eu amava no Heitor, era essa sua fofura. Essa maneira dele pedir uma coisa, seu olhar envergonhado, misturado a essa sua brutalidade e sensualidade. Simplesmente perfeito.

  Claro que aceitei segurar sua mão. Segurei quando saímos do carro, quando ficamos na fila. Era engraçado o olhar das pessoas, principalmente pro Heitor. Eles o olhavam e ficavam babando, mas confesso que isso me deixava um pouco irritado.

   Na festa, ambos estávamos perdidos, sem saber muito o que fazer. Foi então que ele fez uma das coisas mais incríveis da minha vida. Ele segurou minha outra mão, e me girou, como em um passo de valsa. Tudo isso para me puxar bem próximo a ele. Sua mão estava agora em minha enquanto a outra segurava atrás da sua minha cabeça.

   — Eu gosto tanto de você —. Foram essas suas palavras antes de me beijar, na frente de todo mundo, com todo aquele barulho, e aquelas luzes estonteantes. Minhas mãos subiram seu abdômen por debaixo de sua camisa, até chegar em seus peito.

  — Eu também gosto de você —. E assim começamos a dançar, sempre com os olhares bem fixos um no outro. Aproveitei que dançar era minha especialidade, e misturei alguns passos do ballet a nossa dança. Levantei minha perna o mais alto que consegui, ele me ajudou, passando a mão em minha coxa.

  Eu delirava com aquilo. Foi então que ele disse ao meu ouvido:

  — Vou buscar alguam coisa pra gente beber —. Ele dá uma mordida na minha orelha e se vai. Fico sozinho ali dançando na festa, a música que tocava eu amava profundamente.

  — Love my way —. Cantei um trecho, fechei os olhos, soltei meus cabelos, e fiquei pulando ali sozinho, lembrando do toque do Heitor.

  De repente abro os olhos, quando percebo que a música parou, respiro um pouco aliviado. Mas esse alívio foi bem curto, pois tive uma visão nada agradável.

  Cassiano estava ali Ben perto de mim, beijando seu capacho, enquanto se esfregava nele. Cobri meu rosto para ele não me ver, e virei de costas mas acho que foi em vão.

  — Girafa? Não adianta se esconder que ele vi você —. Me virei e sorri de uma maneira bem cínica para aquele ser desprezível.

  — Que foi anão de jardim? —.

  — Nada, sabe embora eu não goste de você, confesso que sinto pena de você, afinal deve ser muito difícil vir em um lugar desses cheio de gente bonita e não conseguir ninguém, aí você tem que dançar só —.

  — Dançar só? —.

  — Sim, eu por exemplo tenho o meu Vicente ali, que é doidinho por mim, mas você pobre coitado, aí sozinho passando vergonha —. Do nada começei a rir do que aquela versão compacta de vilão falava.

  — Some daqui garoto, me deixa em paz —.

  — Não, eu tenho que assistir você passando vergonha, além do mais... —. Cassiano para de falar e olha em outra direção. De repente sinto um abraço por trás, quando olho era Heitor, segurando duas latinhas de energético. Eu pego a minha. Ele parecia estar bem doido, pois me puxa para um beijo insano.

  — Quem é o seu amigo —. Ele pergunta, é novamente olho para Cassiano que estava com o queixo no chão.

  — É só um colega do ballet —.

  — Nos conhecemos no banheiro do restaurante, não se lembra? —. Cassiano pergunta para o Heitor, minha vontade era por ele para fora na base do chute.

  — Ah lembrei agora, você é o Fabiano —.
 
  — Cassiano, meu nome é Cassiano —.

  — Tudo bem já entendemos, agora vaza daqui, e vai aproveitar a noite com o seu Vicente, e me deixa aqui sozinho com o Heitor —. Fiz questão de enfatizar o sozinho, ele saiu dali bufando, seu capacho foi atrás dele.

  — O que foi isso? —. Heitor perguntou sem entender nada.

  Eu estava tão satisfeito, pelo fato de Cassiano mais um vez ser derrotado por mim. Ainda mais pelo fato de poder esfregar na sua que o Heitor estava afim de mim. Ainda mais pelo fato dele ter me beijado de surpresa.

  — Esse daí é um encosto na minha vida, faz de tudo para que eu fracasse, portanto, quero você bem longe dele, entendeu? —.

  — Tudo bem, não ficou bravo comigo ficou? —.

  — Claro que não, vem cá —. O puxei novamente para perto de mim, coloquei meus braços em seus ombros e dançamos muito mais. Heitor me disse para beber, assim poderíamos nos divertir um pouco mais.

  E foi assim, dançamos muito, às vezes eu tentava ensinar ele alguns passos, ele ria tentava fazer e errava. Mas era tão engraçado a maneira como ele errava.

   Teve um momento que começou a tocar uma música bem lenta, uma daquelas bem lentas, eu já tinha ouvido ela.

  — Can't help falling in love —. Heitor falou e fechou momentaneamente seus olhos.

  — Que foi, gosta dessa canção? —.

  — Minha avó disse que foi enquanto essa música tocava que meu avô pediu ela em casamento —. A maneira como aqueles olhos incríveis me olhavam, sem nunca desviar o olhar, enquanto aquela melodia tocava, foi uma coisa quase mágica em minha vida.

  — Nossa que lindo, eles tem uma história muito bonita —.

  — É, eles tem. Mas agora faz silêncio, e deixa eu te olhar enquanto essa música toca, pra eu guardar isso pra sempre na minha memória —. E foi isso que aconteceu, ele estava tão lindo, aquele seu topete havia sumido, pois seu cabelo estava bagunçado. O sorriso dele era a coisa mais linda desse mundo, eu conseguia sentir todas suas emoções por ele.

  — Obrigado —. Digo bem alto para ele ouvir —.

  — Pelo o quê? —.

  — Pela melhor noite da minha vida —. Por mais assustador que isso possa parecer, nem com minhas noites de sucesso no ballet, senti felicidade e prazer em maior intensidade do que em essa noite.
 
  — Pode ser ainda melhor, vamos para sua casa? —. Concordei imediatamente, segurei sua mão, e o guiei para fora da festa. Já era muito tarde, passava das duas da manhã, dancei tanto que minhas pernas doíam. Mas mesmo assim queria mais.

  No caminho de volta, Heitor e eu ainda cantávamos aquele refrão grudento, que parecia nunca mais sair de nossas cabeças

  — Love my way —.

CONTINUA NO PRÓXIMO CAPÍTULO.

 

 

 

O vôo do CisneOnde histórias criam vida. Descubra agora