Capítulo LXXXVI

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                             (Renan)

  Heitor estava olhando para mim, sua cara já dizia o que ele sentia, ele estava com raiva, com certeza de mim, mas ele que fique com raiva, Hugo bem que merecia aquilo.

  — Renan vamos, para de fazer escândalo —. Ele disse em meu ouvido e segurou em meu braço me puxando.

  — Me deixa Heitor, não terminei de falar —.

  — Você pode controlar esse garoto? Não sei quem deixa ele solto por aí, é bem possível de cometer um crime com essa impetuosidade, não basta me agredir verbalmente —. Hugo começa o seu teatro, eu não ia deixar ele me desmoralizar na frente do meu namorado.

  — Que bela encenação.Você foi um idiota, e foi racista. Você é podre garoto, e nem todo dinheiro que você tem pode lavar essa sua alma —.

  — Renan vem comigo, já chega dessa confusão toda —. Heitor falava ao meu ouvido.

  — Leva logo esse doido daqui —.

  — Renan não deixa barato —. Violeta falou.

  — Garota, você não está ajudando, não vê o quão alterado ele já não está? —. Heitor disse a Violeta.

  — Ele foi racista, e você acha que isso deve ser ignorado? Faça-me o favor — Violeta se dirige a mim novamente — Renan, não deixa isso barato, eu ouvi tudo, posso testemunhar ao seu favor —.

  — Testemunhar o quê garota? Eu não fiz nada, não coloque suas suposições na cabeça desse alienado —.

  — Fez, e não adianta falar que não fez, só a palavra do Renan já bastava, com a minha você pode sofrer alguns danos —.

  — Você acha que vão acreditar em vocês? Ninguém vai acreditar e mais não tem porque acreditar. O que temos aqui, um idiota que acha que sabe dançar balé, que sofre de vários problemas psicológicos causados pela excessiva rotina de treinamento. Junto de uma pessoa tão perturbada quanto —.

  — Moço, se você precisar de mais uma testemunha posso falar ao seu favor. Eu ouvi tudo, e tenho o imenso prazer de fazer com que esse racista pague pelo o que fez —. Disse uma garota que estava sentada perto nossa mesa. Heitor olha atenciosamente para ela.

  — Três contra um Hugo, quero ver você desmentir três pessoas —.

  — Não estou desmentindo, estou falando a verdade —.

  — Eu vou dar queixa por injúria racial, você vai pagar bem caro pelo o que fez, e não é a primeira vez. Vou te mostrar como é que se faz —.

  — Renan, não precisa disso, não fiz nada que precise do dedo da polícia —.

  — Não fez Hugo? Não fez? —.

  — Podemos conversar, podemos esclarecer as coisas que aconteceram, estamos de cabeça quente eu e você —.

  — Não eram os meus ancestrais porcos? Como você mesmo disse, ou foi apenas cabeça quente? Sabe qual foi o desfecho dos nazistas? A forca. Eu gostaria muito de ver você desse jeito, não na forca propriamente, mas sim se enforcando com as próprias palavras —. Era visível o seu medo. Ele olhava para todos os lados e via uma multidão o encarando. Heitor ainda me segurava pelo braço, ele olhava com uma cara não muito boa para o Hugo, e isso me dava certa satisfação.

  — O que você quer pra parar com toda esse circo? —.

  — Eu quero que você suma das nossas vidas, mude de faculdade, de curso, de cidade. Quero você a pelo menos um quilômetro de distância de mim ou do Heitor —.

  — Você acha que eu vou fugir como um covarde? Garoto você não tem noção do que eu posso fazer com você —.

  — Isso por acaso foi uma ameaça? —. Heitor questiona.

  — Não, não foi uma ameaça. Talvez o seu amigo Donatello não tenha noção com quem está lidando —.

  — Se você fizer qualquer coisa contra o Renan, eu vou te pegar Hugo, nem que seja no inferno, eu vou te dar uma lição, que você não vai esquecer —.

  — Isso sim foi uma ameaça Heitor. Sinceramente eu não entendo, tudo o que eu quero é o seu bem, e é assim que me trata, a base de ameaças —.

  — Eu não estou brincando, você experimenta fazer qualquer coisa, não ligo se você um dia foi meu amigo —.

  — Quem perdeu Hugo? Agora é você quem vai ter que escolher, nos deixe em paz ou sofra as consequências das suas palavras —.

  — Vai para o inferno, bailarino sujo —. Ele disse isso e saiu em direção a porta, ele entrou no seu carro e foi embora. Pude finalmente relaxar sentei na cadeira, Violeta pediu uma água e um chá para que eu pudesse me acalmar.

  Olhei nos olhos de Heitor, percebi seu olhar de descontentamento, não entendo ele, ora me protege ora está contra mim.

  — Que foi? —.

  — Que foi? Ainda pergunta o que foi? Eu saio do meu trabalho as pressas porque você está surtando com o Hugo na droga desse lugar. E quando aqui chegou ainda vejo você quase saindo aos tapas com ele. Você procura confusão Renan, você não consegue ficar em paz —.

  — Espera, depois de tudo que você presenciou, de tudo que ouviu ele falar, você ainda reclama do fato de eu ter vindo até aqui para defender o nosso relacionamento? —.

  — Eu não quero que você entre em confusões desnecessárias Renan, poxa você já é adulto, deveria aprender a lidar com provocações. Mas não, é incrível como você vai atrás de problemas —.

  — Engraçado, não foi eu quem bati em outro, por causa de muito menos —.

  — Não venha inverter os papéis, foi uma situação completamente diferente, eu nunca nem sequer senti desejo pelo Hugo, diferente de você que ficou se agarrando com aquele lá em Manaus —.

  — Lá vem você com isso de novo. Eu já falei trezentas vezes, esquece isso, ele não representa nada pra mim —.

  — Eu tenho que voltar para o trabalho Renan, vai pra casa, esfria essa cabeça, e vê se não se mete mais em confusões. Não posso sair do meu trabalho para ver separar brigas sem sentido —. Ele saiu da confeitaria e se foi no seu belo carro azul. Ele estava tão lindo com aquela farda, vermelho sempre lhe cai bem, aliás toda cor lhe cai bem.

CONTINUA NO PRÓXIMO CAPÍTULO
 

 

 

 

 

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