Capítulo XXIV

1.6K 174 11
                                    

                            (Renan)

   Quando abri os olhos meu dia finalmente começou, a primeiras coisa que fiz foi caminhar até a varanda, como eu fazia todos os dias na minha casa. Mas lá fora estava quente, então decidi voltar para dentro do quarto. Fiz meu desjejum, e logo em seguida fui para a banheira.

  Eu tentava não entrar em pânico, mas era extremamente complicado. Na última vez que me apresentei minha maior preocupação era se o bombeiro iria, mas agora eu pensava em tudo e mais um pouco. Peguei meu celular, olhei seu contato, em uma hora dessas ele deveria estar trabalhando.

  Fechei os olhos e deitei a cabeça na borda da banheira. Eu voltaria a Curitiba ainda amanhã, não aguentaria passar um dia sequer aqui, com esses pensamentos me consumindo por dentro.

                                 •••

   — O circo não é aqui fofo —. Cassiano diz quando me vê sair do camarim.

   — Nem muito menos o esgoto —. Fui procurar por violeta, faltava pouco mais de uma hora para o início da peça. Eu respirava ofegante.

  — Que cara é essa? —. Perguntou assim que me viu, já estávamos caracterizados.

  — Quero falar com você —. Digo e a puxo para o meu camarim. Eu sentia uma falta constante de ar, sem falar que eu olhava para os lados e tudo parecia desfocar.

  — Que foi, o que está sentindo? —.

  — Eu não consigo respirar —. Procurei por água, até que encontrei um pouco.

  — Renan, olha pra mim, respira fundo —. Ela segurou minha mão e fiz o que ela pediu.

  — Você está tendo uma crise de ansiedade —.

   — Só o que faltava, daqui a pouco é a apresentação —.

  — Para de pensar nisso, tenta se acalmar, ou não vai haver apresentação —.

  — Eu tenho que me apresentar Violeta é minha chance —.

  — Eu não entendo, da última vez a pressão era bem maior e você estava tão bem —.

  — Daquela última vez, era tudo mais fácil para mim, minha cabeça não estava tão cheia —.

  — E o que te incomoda além do ballet? —.
 
  — Algumas coisas que eu queria manter distantes —

  — Ah Renan você tem tanto o que aprender ainda —.

  Ela sentou-se em uma cadeira na frente do espelho junto a mim, olhei ela já caracterizada como madrasta. Ela também me olhou.

   — Quer me contar alguma coisa? Acredite vai te fazer bem —.

   — Eu estava tentando deixar o Heitor distante, tentando esquecê-lo —. Falei, olhando aquele contato mais uma vez como eu fazia todo santo dia.
 
   — É eu percebi, inclusive envolveu o Cauã nisso tudo, mas por que fez isso? —.

   — Porque isso tudo dá medo, tem que ver a maneira como perco o controle perto dele, eu não quero que os meus planos sejam atrapalhados por ninguém —.

   — Então você gosta dele? —.

   — Talvez, mas eu queria só que ele saísse um pouco da minha cabeça, é todo dia, toda hora. Não posso fazer nada sem que eu lembre daquela noite —.

   — Que noite? —. Ela já me olha sorridente, eu também ficava feliz ao lembrar, apenas não aceitava.

   — Ah — Expirei ar, era difícil falar aquelas coisas — Nós transamos —. Violeta colocou a mão na sua boca, ela estava pasma.

O vôo do CisneOnde histórias criam vida. Descubra agora