Capítulo XXII

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                            (Renan)

  Desembarquei em Manaus, eu ainda está a maravilhado com a vista aérea da cidade a beira do rio negro.

  Pedi um taxi, e mostrei o Hotel em que fiz a reserva, ainda bem que meu pai ainda me banca, afinal ainda não sou capaz de me sustentar. Andando pela cidade percebi que tudo era tão diferente e tão igual a minha cidade. Por isso não quero entrar em muitos detalhes.

  — Renan Donatello —. Digo meu nome na recepção, e rapidamente a moça o acha e me conduz até meu quarto. Não era grande coisa, mas pelo menos era confortável, e daria de passar uma semana.

  Da janela se tinha uma boa vista da cidade, o taxista me disse que Manaus antigamente era chamada de Paris dos trópicos. Pelo menos eu ja estava em uma Paris, dentro dos trópicos ainda assim.

  Fui direto para o chuveiro onde tomei um longo banho, depois vesti um roupão e fui tirar uma soneca, ficar sentado naquele avião foi extremamente desconfortável, mesmo que pouco tempo.

  O diretor da peça disse que teríamos um encontro no teatro às dezesseis horas. Fico feliz pois vou conhecer aquele teatro perfeito.

                              •••

  Eu estava do lado de fora daquele imponente teatro. Fazia muito calor e o sol queimava minha pele. Dei alguns passos e subi as escadas que me deram acesso ao interior do teatro.

  Fiquei maravilhado com cada detalhe que ele possuía, principalmente o teto decorado com a maior capricho e luxo possíveis. Não pude contemplar por mais tempo, pois o diretor nos chamou para ensaiar.

  Violeta me disse que Cassiano estava falando que eu não tinha responsabilidade, e que ele poderia muito bem me substituir.

  — Impressão minha, ou ele quer tudo o que é meu? —.

  — Tudo e mais um pouco, até o que não é ainda —. Creio que ela se referiu ao Heitor. Ele realmente não era meu, e nem sei se queria isso. Tipo o que fizemos na cama foi legal, mas além disso creio que já não seja legal.

  O ensaio foi calmo, errei poucas coisas, mas quando errava Cassiano fazia questão de não deixar passar despercebido.

  — De novo Renan? —.

  — Garoto me erra —. Me sentei para tomar um pouco de água, ele me olhava fixamente. Eu sentia que ele queria a qualquer custo me derrubar, porém não conseguia pois eu não demonstrava minhas fraquezas.

  — Não liga, você está dançando bem, essa peça também é complicada —. Violeta disse chegando perto de mim.

  — Nem me fale, ainda estou zonzo do avião —.

  — Mas você não pode deixar a desejar, porque senão as baratas vão fazer a festa —.
 
  — Mas qualquer bota esmaga a cabeça de uma barata —. Digo e me levanto para ensaiar um pouco mais.

  Depois do ensaio Violeta e eu combinamos de sair um pouco pela cidade. Já era quase noite, caminhamos pelas ruas procurando algum lugar decente para comer, até que achamos uma pizzaria.

  — Vamos Renan, uma pizza não faz mal —.

  — Você quer ferrar minha dieta? E ainda se diz minha amiga —.

  — Deixa de ser besta, tem pizza de todo jeito ali, cuida —. Ela me obrigou a ir, mas bem que eu estava mesmo com uma vontade de comer alguma coisa com queijo.

  Sentamos a mesa, ela ficou tagarelando enquanto olhava o cardápio. Fiquei apenas no meu celular olhando o contato do Heitor tentando criar coragem para lhe enviar mensagem.

  — Renan, aquele cara atrás de você está te encarando —. Violeta cochichou, e depois dei uma olhada bem discreta e vi um cara mais ou menos da minha idade com uma barba rala, cabelos pretos, pele parda.

  — Deixa olhar —.

  — É o seu tipo? —.

  — Eu sei lá, talvez sim, talvez não —.

  — Ele é bonito, eu acho, não tanto quanto o bombeiro, mas bonito —.

  — Que bom para ele, eu nem ligo —. Peguei o suco que nos serviram e comecei a tomar. De repente, o tal cara chega perto de mim e pergunta.

  — Tem um cigarro? —. Colocou sua mão no meu ombro olhei aquilo assustado.

  — Não —.

  — Ah que pena, deveria ter, prazer Cauã —. Ele estende sua mão, então sou obrigado a apertá-la.

  — Heitor —. Digo e depois fico assustado com o que eu disse. Violeta me olha curiosa.

  — Renan, meu nome é Renan —.

  — Está sozinho? —. Violeta pergunta.

  — Sim —.

  — Por que não senta conosco? —. Minha vontade era exterminar essa Violeta com os olhos.

  — É, por que não?! —. Sentou-se. Agora pronto eu teria de suportar aquele cara dando em cima de mim a noite toda, como se já não fosse suficiente os problemas causados por Heitor depois que ele chegou na minha vida.

  — Vocês não são daqui, não é? —.

  — Não, somos de Curitiba —. Violeta falou. Ela estava muito tagarela.

  Enquanto esperávamos a pizza ele falou sobre o que fazia da vida, acabei descobrindo que ele vivia bem financeiramente, também percebi pelo relógio caríssimo que ele tinha no braço.

  Ele era bonito, muito bonito mesmo, mas aquele bombeiro já havia chegado primeiro. Olhei uma última vez seu contato, e pensei se não seria melhor tentar esquecê-lo um pouco.

  — E quantos anos você tem? —.

  — 27 —. Disse e pareceu soltar um sorriso ao ouvir minha voz perguntar sobre ele. Ele parecia ter um conhecimento vasto, e também ser bem culto.

  Bem eu precisava mesmo esquecer de tudo para que saísse tudo bem na apresentação da semana que vem. Então quando ele pediu meu número, dei sem hesitar. Imaginei que ele fosse como eu, mas não no mesmo momento já mandou mensagem.

  Depois da pizza ele se ofereceu para me deixar no hotel, aceitei. Parecia mesmo algum tipo de bruxaria, pois mesmo ali, aquele bombeiro não saía da minha cabeça.

  Desci do carro, e me despedi do Cauã, ele falou que me mandaria mensagem quando chegasse em casa. Me desejou uma boa noite, e ainda beijou meu rosto. Era engraçado como, mesmo ele fazendo essas coisas eu me sentia normal, se fosse o Heitor já seria diferente.

   Ele deveria estar se divertindo em algum lugar com alguém, enquanto eu estava aqui pensando nele como um desesperado, como um dependente químico pensa na sua droga.

CONTINUA NO PRÓXIMO CAPÍTULO.

 

 

 

  

 

O vôo do CisneOnde histórias criam vida. Descubra agora