Capítulo LVI

860 116 1
                                    

 
                             (Renan)

  
   Aquela situação não era nada boa, eu nunca tinha falado nada sobre minha sexualidade nem para minha mãe nem para meu pai. Embora meu pai tivesse um pensamento progressita, eu não sabia se isso se aplicava também ao seu filho.

  — Desculpa, desculpa —. Ele falou com um olha perdido, e em seguida já ia saindo pela porta.

  — Pai espera —. Caminhei até ele, e o puxei pelo braço para dentro do camarim e fechei a porta.

  — Já que nos flagrou o senhor precisa saber —.

  — Saber de que Renan? Não preciso saber de nada, isso é coisa da sua vida, eu não tenho nada com isso —.

  — Mas você é meu pai, e eu já dizia ter dito isso —.

  — Tudo bem, pode falar —. Ele estava calmo, apenas um pouco constrangido.

  — Pai, quero que conheça o Heitor, Heitor esse é meu pai, Denis, Denis Donatello —. Heitor estendeu a mão e meu pai apertou cordialmente.

  — É um prazer conhecê-lo senhor —.

  — Igualmente, só lamento por tudo —.

  — Pai, eu e o Heitor namoramos —.

  — Vocês dois? Meus parabéns, isso é uma coisa boa —. Mesmo estando calmo, era visível que ele estava um pouco perdido com a situação. Tirei do meu bolso a minha aliança e a coloquei no dedo, peguei a mão de Heitor e mostrei para o meu pai.

  — Estamos juntos a pouco mais de um mês e nós conhecemos a mais tempo —.

  — Se estão juntos a um mês, por que não nos contaram ainda? —.

  — Porque é tudo muito complicado, a avó do Heitor também não sabe, e não sabemos ainda como contar ou quando contar —.

  — Olha, eu sei que deve ser uma surpresa para o senhor, mas lhe garanto que amo seu filho do fundo do meu coração, e quero dar e fazer tudo por ele —.

  — O que você faz da vida rapaz? —.

  — Sou bombeiro senhor, e também estudo direito, pretendo ser advogado —.

  — Direito?! É um excelente curso —.

  — Pai não conta pra mãe ainda, quero encontrar uma forma que amenize o choque para ela. Sabe como ela reage a coisas inesperadas —.

  — Olha isso é coisa de vocês, então tudo  bem, mas não me peçam pra esconder outra coisa a mais —.

  — Tudo bem, só lhe pedimos isso —. Inesperadamente, ele segurou meu rosto, seu dedo deslizou na pele de minha bochecha.

  — E eu todo preocupado, pensando em como você estaria sozinho naquele lugar, e vejo que você não está sozinho —.

  — Estava preocupado comigo? —.

  — Sempre fui preocupado com você, mas antes de sair de casa, eu sempre soube que sua mãe cuidava de você, mas agora eu pensava, quem cuidaria? — Ele olha para Heitor — Pode abrir os punhos rapaz, não vou fazer nada de mal, ainda mais com meu próprio filho —.

  — Eu pensei que você nunca me entenderia, por isso escondi tudo —. O abracei, e então chorei.

  — Fico feliz por você, sempre pensei que você afundaria nesse mundo de ballet, devido a essa ambição doentia da sua mãe. Mas vejo que você está vivendo conforme quer também —.

  — Desculpa interromper, mas o senhor dizia alguma coisa sobre a mãe de Renan —. Heitor falou.

  — Ah sim, sua mãe disse que fez uma reserva para nós três, mas acho que não vai querer vir não é? —. Balancei a cabeça.

  — Tudo bem, direi a ela. E quanto a você Heitor, é melhor que não faça mal nenhum ao meu filho, senão você conhecerá meu lado irracional —.

  — Pode deixar senhor, amo seu filho mais que tudo —.

  — Agora me deixem ir e respirar um pouco depois dessa conversa —. Ele bateu em retirada, Heitor me abraçou novamente.

  — Você está tremendo, está com medo? —.

  — Sim. Se minha mãe soubesse seria o Apocalipse. E sem falar que é meu pai quem em banca, então como eu iria viver se ele me abandonasse?

  — Esqueceu que tem a mim? —.

  — Hum, esqueci que tenho você, mas creio que tenha já muitas obrigações, e eu não gostaria de ser mais uma delas —.

  — Você não é obrigação, você é felicidade —.

  Depois do flagra, ambos concordamos que não havia clima para sexo, fomos para minha casa e passamos o restante da noite no meu, digo no nosso sofá.

   — Quer uma massagem? —. Heitor perguntou.

  — Quero —. Fui para a cama, tirei a minha camisa, e ele subiu em cima de mim, vestido com aquele terno que me deixava doido. Não sei o que era mais excitante, ele de bombeiro ou de terno.

  — No que está pensando? —. Me pergunta, eu estava imerso em pensamentos.

  — No meu pai, na nossa relação, em tudo na verdade —.

  — Na nossa relação? Quer dizer que tem alguma coisa de errado? Se foi alguma coisa eu fiz me desculpe, não foi minha intenção —. Ele tentando se desculpar era a coisa mais linda desse mundo. Não me contive e cai na risada.

  — Você não fez nada coisa linda —  Apertei sua boca e dei-lhe um beijo — Só estou penando no quão bom é estarmos juntos, e tudo o que meu pai falou era verdade, eu estava me afundando no ballet dia após dia. E não era uma coisa saudável —.

  — Por que não quer que sua mãe não saiba? —.

  — Por várias razões, ela é uma pessoa bem arrogante. Acredita que tudo tem que ser do jeito dela. E pior ama colocar defeito em mim. Ela diz a todo tempo em que eu erro. Mais a principal razão é o fato do relacionamento dela e do meu pai ter atrapalhado sua carreia, ou melhor ter acabado com sua carreira.

  — Por que? —.

  — Ela ficou grávida de mim e teve que parar por um tempo. E quando voltou não era mais como antes, não conseguia ser como antes. Vi muitos vídeos dela dançando, e acredite ela era incrível. Mas creio que naquele momento ela optou pela sua família —.

  — Ela acredita que nosso relacionamento possa te atrapalhar? —.

  — Sim ela vai acreditar nisso. Até eu acreditei nisso, e foi uma das coisas mais errôneas que passou pela minha cabeça. Mas ainda bem que você me fez enxergar a verdade —.

  CONTINUA NO PRÓXIMO CAPÍTULO

 

 

 

  

O vôo do CisneOnde histórias criam vida. Descubra agora