Rodolffo Lamberti
Depois de darmos uma volta, Isabela e eu fomos ao parque. E realmente era aconchegante. Era iluminado e não havia nada estragando a natureza. Não era um projeto construído, era a verdadeira natureza, a intocada, com algumas passarelas.
Eu observei as árvores. Havia um silêncio aconchegante, sem barulhos altos, gritos de crianças, latidos de animais. Era apenas o silêncio e nós ali. Era uma caminhada maravilhosamente tranquila. Não sei quando foi a última vez que tive algo tão tranquilo em minha vida.
— Me parece que gosta da natureza.— Ouvi Isabela dizer suavemente, enquanto eu observava o lado esquerdo com grandes pinheiros.
Eu dei um leve sorriso.
— Eu sou arquiteto, gosto da natureza.— Respondi me virando para ela.
Ela me olhou, deixando um sorrisinho de canto aparecer. Eu gosto do seu sorriso.
— Mas imagino que nunca tenha parado para aprecia-lá.— Ela disse, olhando ao nosso redor.
Eu coloquei as mãos nos bolsos da calça e respirei fundo. Ela estava certa. Eu gostar de observá-la e eu aprecia-lá, são coisas diferentes. Quando observamos algo, apenas decoramos a imagem. Mas quando a apreciamos, não há como decorar algo que está sempre mudando. Sempre há algo novo a ser apreciado na natureza.
— Talvez tenha razão.— Concordei, sorrindo de canto enquanto olhava em seus olhos.
— Eu sempre tenho.— Ela disse rindo levemente.
Eu dei uma bufada irônica. Não vou admitir que ela sempre tem razão, por mais que realmente tenha.
— Eu achei que você era contra roupas que mostrassem qualquer parte do corpo.— Brinquei.
Ela ficou em silêncio, abraçando os braços.
— Eu prefiro não usar.— Ela disse em um tom baixo.
— Desculpe.— Disse olhando para o chão.
Eu chutei uma pedrinha, sendo o único barulho entre nós.
— Acho que você faz eu me sentir confortável o suficiente para usá-las.— Ela disse após alguns segundos de silêncio.
Arqueei as sobrancelhas em surpresa. Não achei que ela diria isso. Ou que faria com que se sentisse assim.
— Por quê?— Perguntei, olhando em seus olhos.
Ela parou, pensativa. Isabela arqueou os ombros e levantou a cabeça para me olhar. Eu parei e me aproximei dela, a observando.
— Eu não sei. Mas faz um bom tempo que não me sinto confortável. Não assim.— Ela disse me olhando.
— O que fez você se sentir tão desconfortável?— Perguntei suavemente.
Minhas mãos estavam nos bolsos da calça. Eu não posso retirá-las, porque no momento em que eu o fizer, irei toca-lá. É instantâneo, mais forte do que eu. Isabela recuou quando a toquei na última vez. E me lembro de vê-la parada à porta do meu quarto, chorando. Eu não quero provocar outra reação daquelas.
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Um problema sem solução.
RomanceTudo começa quando uma das maiores empresárias do ramo de designer se torna sócia de uma das maiores empresas de arquitetura dos Estados Unidos. Rodolffo Lamberti, que após a perda precoce de sua esposa, se tornou um pai viúvo e um homem amargurado...