Capítulo 33

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Rodolffo Lamberti

Depois de darmos uma volta, Isabela e eu fomos ao parque. E realmente era aconchegante. Era iluminado e não havia nada estragando a natureza. Não era um projeto construído, era a verdadeira natureza, a intocada, com algumas passarelas.

Eu observei as árvores. Havia um silêncio aconchegante, sem barulhos altos, gritos de crianças, latidos de animais. Era apenas o silêncio e nós ali. Era uma caminhada maravilhosamente tranquila. Não sei quando foi a última vez que tive algo tão tranquilo em minha vida.

— Me parece que gosta da natureza.— Ouvi Isabela dizer suavemente, enquanto eu observava o lado esquerdo com grandes pinheiros.

Eu dei um leve sorriso.

— Eu sou arquiteto, gosto da natureza.— Respondi me virando para ela.

Ela me olhou, deixando um sorrisinho de canto aparecer. Eu gosto do seu sorriso.

— Mas imagino que nunca tenha parado para aprecia-lá.— Ela disse, olhando ao nosso redor.

Eu coloquei as mãos nos bolsos da calça e respirei fundo. Ela estava certa. Eu gostar de observá-la e eu aprecia-lá, são coisas diferentes. Quando observamos algo, apenas decoramos a imagem. Mas quando a apreciamos, não há como decorar algo que está sempre mudando. Sempre há algo novo a ser apreciado na natureza.

— Talvez tenha razão.— Concordei, sorrindo de canto enquanto olhava em seus olhos.

— Eu sempre tenho.— Ela disse rindo levemente.

Eu dei uma bufada irônica. Não vou admitir que ela sempre tem razão, por mais que realmente tenha.

— Eu achei que você era contra roupas que mostrassem qualquer parte do corpo.— Brinquei.

Ela ficou em silêncio, abraçando os braços.

— Eu prefiro não usar.— Ela disse em um tom baixo.

— Desculpe.— Disse olhando para o chão.

Eu chutei uma pedrinha, sendo o único barulho entre nós.

— Acho que você faz eu me sentir confortável o suficiente para usá-las.— Ela disse após alguns segundos de silêncio.

Arqueei as sobrancelhas em surpresa. Não achei que ela diria isso. Ou que faria com que se sentisse assim.

— Por quê?— Perguntei, olhando em seus olhos.

Ela parou, pensativa. Isabela arqueou os ombros e levantou a cabeça para me olhar. Eu parei e me aproximei dela, a observando.

— Eu não sei. Mas faz um bom tempo que não me sinto confortável. Não assim.— Ela disse me olhando.

— O que fez você se sentir tão desconfortável?— Perguntei suavemente.

Minhas mãos estavam nos bolsos da calça. Eu não posso retirá-las, porque no momento em que eu o fizer, irei toca-lá. É instantâneo, mais forte do que eu. Isabela recuou quando a toquei na última vez. E me lembro de vê-la parada à porta do meu quarto, chorando. Eu não quero provocar outra reação daquelas.

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