Isabela Lazcano
Eu entrei em minha sala e fechei a porta, respirando profundamente. Senti as lágrimas se formarem no canto dos meus olhos, já pronta para senti-las rolarem pelo meu rosto. Mas isso não vai acontecer aqui. Eu me sentei em minha cadeira, respirando fundo.
Babaca.
Rodolffo é um babaca, isso é o que ele é! Se acha que vai gritar comigo assim, ele está errado. Se quer ser profissional, então seremos profissionais.
Eu tentei me concentrar no trabalho, até ser interrompida. Eu respirei profundamente, sentindo aquela raiva por ele subir no mesmo momento em que abriu a porta. As mangas arregaçadas e um olhar calmo. Se ele acha que vai surtar comigo e depois pedir desculpas, achando que as coisas irão ficar bem, está bastante enganado. Muito enganado. Não vou abaixar a cabeça e ir atrás dele, como um cachorro corre atrás do rabo.
Eu o olhei, por cima do computador, com um olhar irritado. Ele pressionou os lábios e se aproximou da minha mesa, colocando as mãos nos bolsos.
— Nós podemos conversar?—Ele perguntou, me olhando.
Voltei a olhar para o computador, terminando outro design gráfico do porto.
— Eu estou ocupada.—Respondi, sem o olhar.
Eu não queria olhar, e muito menos falar com ele.
— Por favor...—Ele disse, em um tom calmo.
— Meia volta, Rodolffo.—Disse rudemente.—Saia da minha sala, por favor.—Eu pedi, impacientemente.
Ele suspirou, um tanto irritado, antes de dar meia volta e se retirar, pisando firme. Eu suspirei, baixando a cabeça entre as mãos.
Quando saí, evitei ele o máximo possível e no dia seguinte dia também. Segui correndo até o elevador logo após retornar do almoço e eu estava exausta o suficiente da empresa para querer apenas trabalhar em minha casa.
Amélia preparou um dry martini para que eu pudesse relaxar. Eu agradeci tanto à ela por ser esse anjo. Eu estava na sala de estar, cuidando de mais alguns detalhes do interior do prédio da prefeitura. Quando me dei conta, já estava escuro, e eu percebi que era 7 horas da noite.
Eu fechei o notebook e pensei em subir para tomar um banho quente e relaxante. Assim que subi as escadas, a campainha soou. Eu desci alguns degraus para ver quem estava em minha casa à essa hora da noite. Pensei em ser Gustavo, mas aqueles braços fortes e o rosto bem definido e sério quase me fizeram desejar que fosse realmente o Gustavo.
Rodolffo estava usando algo mais casual. Eu jamais pensei que o veria usar uma calça jeans. Ele está sempre com calças sociais. E olha, dessa vez tem até jaqueta de couro, uma camisa básica e um sapato marrom. Achei que ele não soubesse usar coisas casuais nesse tipo. Rodolffo tende a ser cheio de surpresas.
Eu ouvi ele dizer que queria conversar comigo, usando um tom formal e arrastado. Ele se veste casual, mas ainda permanece formal e profissional. Eu suspirei impaciente, descendo as escadas e indo em direção à eles.
— Eu só quero conversar. Pode chamar a Isabela, por favor?— Ele questionou à Amélia, com a voz bem arrastada.
— Está tudo bem, Amélia. Eu resolvo as coisas com ele.—Disse a olhando com um sorriso gentil, antes de me virar para Rodolffo, desfazendo todo o sorriso.— O que faz aqui?
Ele me olhou, sério, por alguns instantes. Rodolffo se aproximou de mim, me olhando no fundo dos olhos.
— Você está me evitando.—Ele disse suavemente.— Eu só quero conversar, Isabela.
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Um problema sem solução.
RomanceTudo começa quando uma das maiores empresárias do ramo de designer se torna sócia de uma das maiores empresas de arquitetura dos Estados Unidos. Rodolffo Lamberti, que após a perda precoce de sua esposa, se tornou um pai viúvo e um homem amargurado...