Isabela Lazcano
Senti que precisava de um pouco de ar. O sono me iludia e não aparecia. E foi assim diversas vezes. Notei que há uma varanda neste andar com uma boa vista da cidade.
Eu senti a necessidade de ir até a varanda. E assim eu fiz. Não acho que alguém estaria acordado à essa hora. Além de ser um andar bem silencioso. Peguei um roupão e vesti, antes de girar a maçaneta da porta. Eu caminhei silenciosamente pelo corredor até chegar à varanda.
Pude ver Boston iluminada pelas luzes dos prédios e de todos os postes, além de alguns carros. Era uma vista bonita e me acalmava.
Senti uma leve brisa fazendo meu pescoço se arrepiar. Quando fechei meus olhos, senti um cheiro de perfume amadeirado. E eu reconheci, instantaneamente. Era o perfume de Rodolffo, quase como se estivesse ali.
Eu pude sentir como se estivesse beijando o meu pescoço, o toque de seus dedos em mim, o calor do seu corpo. Isso não me assustou, me fez desejá-lo.
Eu balancei a cabeça, antes de abrir os olhos com a respiração ofegante.
Eu não desejo o Rodolffo. Nem ninguém.
— Você está bem?— Uma voz grossa perguntou suavemente.
Quando me virei, me assustei, apoiando minhas mãos no parapeito, quase caindo para trás. Sua mão forte segurou o meu braço e me puxou.
— Isabela? Você está bem?— Ele questionou, com um olhar sério.
Eu murmurei um "Mhum".
— Eu estou bem...— Disse, tentando me concentrar em não olhá-lo sem camisa.— Você já pode me soltar, Rodolffo.— Disse olhando em seus olhos.
Ele pigarreou e se afastou de mim. Pude notar uma tatuagem em forma de uma cabeça de cavalo bem desenhado dentro de um losango em seu antebraço esquerdo. E Rodolfo apenas com uma bermuda daquele tipo bem brasileiro. De um tecido bem fino. Tactel, tecatel... esse tipo aí. Ele realmente não nega que é brasileiro.
Achei que Rodolffo Lamberti era tão obcecado por saúde que jamais deixaria uma tinta tocar sua pele desta forma. E nunca pensei que ele tinha uma tatuagem escondida.
— O que faz aqui fora?— Ele perguntou me olhando.
— Precisava de ar— Respondi, desviando o olhar para ele.
— Certo— Ele concordou.
— O que você faz aqui?— Questionei, suavemente.
— Insônia— Ele respondeu, cruzando os braços. Aqueles braços fortes se contraíram, assim como os músculos do peitoral. Eu precisei desviar o olhar, pigarreando.— Notei esta varanda quando subimos.— Ele mudou de assunto.
— Achei que seria uma boa ideia ver as luzes de Boston— Disse, observando a cidade.
— Não é uma vista ruim— Ele disse, olhando na mesma direção.— Parece que as pessoas nesta cidade não dormem.
— Uma cidade cheia de Rodolffo's— Brinquei.
Ele me olhou, antes de revirar os olhos e rir.
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Um problema sem solução.
RomanceTudo começa quando uma das maiores empresárias do ramo de designer se torna sócia de uma das maiores empresas de arquitetura dos Estados Unidos. Rodolffo Lamberti, que após a perda precoce de sua esposa, se tornou um pai viúvo e um homem amargurado...