Capítulo 22

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Isabela Lazcano

Senti que precisava de um pouco de ar. O sono me iludia e não aparecia. E foi assim diversas vezes. Notei que há uma varanda neste andar com uma boa vista da cidade.

Eu senti a necessidade de ir até a varanda. E assim eu fiz. Não acho que alguém estaria acordado à essa hora. Além de ser um andar bem silencioso. Peguei um roupão e vesti, antes de girar a maçaneta da porta. Eu caminhei silenciosamente pelo corredor até chegar à varanda.

Pude ver Boston iluminada pelas luzes dos prédios e de todos os postes, além de alguns carros. Era uma vista bonita e me acalmava.

Senti uma leve brisa fazendo meu pescoço se arrepiar. Quando fechei meus olhos, senti um cheiro de perfume amadeirado. E eu reconheci, instantaneamente. Era o perfume de Rodolffo, quase como se estivesse ali.

Eu pude sentir como se estivesse beijando o meu pescoço, o toque de seus dedos em mim, o calor do seu corpo. Isso não me assustou, me fez desejá-lo.

Eu balancei a cabeça, antes de abrir os olhos com a respiração ofegante.

Eu não desejo o Rodolffo. Nem ninguém.

Você está bem?— Uma voz grossa perguntou suavemente.

Quando me virei, me assustei, apoiando minhas mãos no parapeito, quase caindo para trás. Sua mão forte segurou o meu braço e me puxou.

— Isabela? Você está bem?— Ele questionou, com um olhar sério.

Eu murmurei um "Mhum".

— Eu estou bem...— Disse, tentando me concentrar em não olhá-lo sem camisa.— Você já pode me soltar, Rodolffo.— Disse olhando em seus olhos.

Ele pigarreou e se afastou de mim. Pude notar uma tatuagem em forma de uma cabeça de cavalo bem desenhado dentro de um losango em seu antebraço esquerdo. E Rodolfo apenas com uma bermuda daquele tipo bem brasileiro. De um tecido bem fino. Tactel, tecatel... esse tipo aí. Ele realmente não nega que é brasileiro.

Achei que Rodolffo Lamberti era tão obcecado por saúde que jamais deixaria uma tinta tocar sua pele desta forma. E nunca pensei que ele tinha uma tatuagem escondida.

— O que faz aqui fora?— Ele perguntou me olhando.

— Precisava de ar— Respondi, desviando o olhar para ele.

— Certo— Ele concordou.

— O que você faz aqui?— Questionei, suavemente.

— Insônia— Ele respondeu, cruzando os braços. Aqueles braços fortes se contraíram, assim como os músculos do peitoral. Eu precisei desviar o olhar, pigarreando.— Notei esta varanda quando subimos.— Ele mudou de assunto.

— Achei que seria uma boa ideia ver as luzes de Boston— Disse, observando a cidade.

— Não é uma vista ruim— Ele disse, olhando na mesma direção.— Parece que as pessoas nesta cidade não dormem.

— Uma cidade cheia de Rodolffo's— Brinquei.

Ele me olhou, antes de revirar os olhos e rir.

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