Capítulo 59

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Isabela Lazcano

Ao chegar em casa, tomei um bom banho antes que Rodolffo chegasse. Pelo o que me pareceu, ele estava um pouco ofegante demais ao telefone. Ou estava fazendo algum esforço físico, ou estava tendo uma crise de ansiedade. No momento, torço para que esteja na primeira opção, pensar na segunda é incômoda, mesmo que nenhuma das opções me deixe confortável. Ele disse que iria tomar um banho e se trocar antes de vir. Eu apenas concordei.

Após um bom e refrescante banho, senti que estava relaxada. E talvez com fome. Eu segui ao closet, procurando por qualquer roupa que me deixasse super confortável. E encontrei uma calça moletom cinza. Nunca agradeci tanto por ter encontrado uma tão facilmente. Peguei uma calcinha e um sutiã sem alça, uma blusa da mesma cor que a calça e calcei meus chinelos. Eu realmente não poderia estar mais confortável hoje.

Desci e pedi à Amélia para preparar o jantar. Não sei se Rodolffo irá comer ou se já comeu, mas pedi que preparasse algo mais "saudável" para ele. Ela perguntou se poderia preparar Frango Xadrez, eu concordei.

Assim que ela terminou o jantar, o serviu à mesa. Rodolffo chegou logo em seguida, ele parecia tenso. E para complementar, estava usando bermuda. Algo que nunca pensei que ele faria, era usar bermuda para sair. Ele usava uma camisa azul escura, uma bermuda de tom mais claro e um tênis simples.

Ele entrou, antes de se aproximar de mim e me beijar suavemente com a desculpa de que precisava disso. Não o julgo, também precisava desse beijo, tanto que meu corpo pareceu se iluminar com o seu toque. Eu o convidei para jantar, mas ele apenas disse que não estava com fome. Insisti várias vezes, porque tenho certeza de que não comeu hoje. Ele acabou cedendo e se sentando à mesa comigo. Não tocamos nos assuntos que precisávamos conversar ainda, apenas comemos em silêncio. Mas esse silêncio chegou à ponto de se tornar ensurdecedor quando estávamos na sala. Rodolffo não disse nada, estava paralisado, olhando a janela.

— Você está bem?—Perguntei, suavemente, o olhando.

Pude notar seu peito subir e descer, enquanto ele ponderava responder à minha pergunta.

— Estou...—Ele respondeu, me olhando.

Obviamente, era mentira. Rodolffo ainda tem a audácia de mentir na cara dura para mim.

—Está bem...—Concordei.— Vem cá—Eu o chamei. Me deitei no sofá-cama e ele se deitou, com a cabeça em minha barriga, me olhando.— Você não quer me contar como foi o dia? Você não me parece muito bem.—Disse suavemente, enquanto minha mão adentrava seus cabelos.

— Acho que em todos os momentos do meu dia, em que eu pude respirar sem estar sobrecarregado, eu só pensava em estar com você.—Ele disse, suavemente ao me olhar.

Eu sorri de canto, antes de me inclinar e beijar sua testa. Acariciei sua bochecha com minha outra mão. Ele a pegou gentilmente, antes de beijá-la. Pude notar um rubor vermelho em seu punho.

— O que estava fazendo antes de vir para cá, Rodolffo?—Questionei, suavemente.

— Tentando relaxar...—Ele respondeu, desviando o olhar de mim. Eu franzi o cenho, o olhando. Ele voltou a me olhar, em meus olhos.— Não da forma como pensa, Isabela. Eu amo você, sabe que eu nunca faria isso.—Ele deixou um sorrisinho de canto escapar.— Mas, encontrei um velho saco de pancadas em casa hoje. Pensei em usa-lo...

— Acho que usar esse método é uma solução?—Eu perguntei, o olhando.

— Não achei que iria me entreter à esse ponto.—Ele disse suavemente.

Eu concordei, em silêncio. Depois de alguns minutos, ele respirou fundo e começou:

— Hoje de manhã, eu fui ao cemitério.—Ele disse, sem me olhar.— Sempre me recusei à ir, tanto que nunca soube onde ela estava enterrada.

Um problema sem solução.Onde histórias criam vida. Descubra agora