Crazy

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O restante das aulas chegou ao fim. Me encontro no estacionando de frente para o carro de Louis, esperando o mesmo. O babaca está há uns dez minutos atrasado, então tenho que ficar plantada aqui. Fiquei escorada no capô do veículo e posicionei o skate sob minha barriga.

— Hora, hora. Se não é a novata estressadinha.— Fui surpreendida por Steve brotando do meu lado.

— O que você quer?— Perguntei querendo me livrar daquela conversa. O garoto riu provocativo e ajeitou seu cabelo em seguida.

— Calma, eu vim na paz.— Disse persistindo naquele sorriso irritante. Tentei evitar qualquer contato visual.

— Você ainda não me disse o seu nome.— Lembrou se colocando de frente para mim.

— S/n Lennox.— Revelei sem dar muita importância.

— Nossa, nome bonito.— Elogiou humorístico. Sei lá, não sei se ele quis ser irônico.

— Era só isso? Pronto, então pode ir.— Me adiantei praticamente o expulsando dali.

— Você nunca desativa o modo agressivo, não?— Questionou fingindo estar ofendido.

— Quer que eu fale o que? Ah, Steve! Seu cabelo é lindo! Me passa a marca do seu gel.— Falei sorrindo de maneira sarcástica ao alisar seu tufo de cabelo.

— Você acha?— Perguntou como se não tivesse percebido minha ironia. Quando eu ia responder vi a figura de Louis aparecendo atrás de Steve, sua cara não estava nada boa.

— Vamos, S/n.— Avisou abrindo a porta do meu assento, praticamente me empurrando para dentro impaciente. Logo ele contornou o carro para entrar também.

— Tchau, Steve.— Saudei tentando quebrar o clima de tensão.

— Tchau, S/n e... Louis.— Se despediu aparentando estar em dúvida se deveria mencionar o segundo nome. Então eles se conhecem... Como eu não pensei nisso? Ambos são do último ano, devem ser da mesma turma.

— Até mais, Harrington. Espero que no jogo de amanhã você se saia melhor.— Louis falou em forma de provocação. Fechei a porta e o idiota deu partida brutalmente.— Nunca mais ouse falar com ele.— Mandou bastante irritado enquanto acelerava o carro desnecessariamente.

— Por quê? E quem disse que você manda em mim? Se manca.— Perguntei sem paciência para aguentar seus surtos.

— Não brinca comigo, pirralha. Você não sabe do que eu sou capaz.— Ameaçou acelerando o carro cada vez mais.

— Para com isso, maluco! Vai acabar causando um acidente!— Repreendi preocupada com a velocidade do carro.

— Diz que vai parar de falar com ele.— Pediu não parando de acelerar. Já devemos estar há mais de cem quilômetros por hora.

— Louis, para! Isso não tem graça!— Implorei batendo em seu braço. Avistei quatro garotos andando de bicicleta no meio da rua. Louis também viu, mas continuou acelerando. Espera... São os esquisitos de hoje.

— Diz e eu paro.— Chantageou faltando pouco para colidirmos nos meninos.

— TÁ, EU NÃO VOU MAIS FALAR COM ELE. SÓ PARA!— Gritei desesperada. Louis virou o volante quando estávamos por um triz de bater neles. Atingimos apenas uma lata de lixo. Recuperei o fôlego vendo o carro diminuir a velocidade.

— Maluco.— Xinguei sentindo minha respiração pesada.

— Isso foi só uma demonstração do que eu posso fazer, então não me desafie.— Falou estacionando o carro no quintal de casa. Desci do veículo apressadamente, Deus me livre passar mais um segundo perto desse sociopata.

— Chegaram cedo.— Mamãe disse aparecendo no jardim. Eu estava andando para dentro, entretanto Louis ainda trancava o carro.

— É, né? Até parece que viemos voando.— Comentei fingindo estar de bom humor. Louis me fuzilou ao identificar meu sarcasmo.

— Venham, crianças. O almoço está na mesa.— Avisou entrando de volta na casa. Segui a mesma, não fazendo questão de esperar o garoto.

Atravessei a porta e fui rumo a sala de jantar. Soltei minha mochila pelo chão, logo me sentando na mesa.
Elliot era o único comendo. Ele sempre senta na cadeira da ponta direita.

— Boa tarde.— Disse me vendo colocar os alimentos no prato. Estou faminta, é perceptível pelo jeito que ponho a comida. Mamãe acabou de se sentar do meu lado.

— Boa tarde.— Respondi desanimada. Nesse instante Louis chegou se sentando de frente para mim na mesa.

— Como foi o primeiro dia?— Indagou forçando interesse.

— Normal.— Falei seca. Na real, "normal" definitivamente não seria o adjetivo correto para resumir o dia de hoje.

— Só isso?— Mamãe perguntou me encarando. Apenas assenti com a cabeça pois estava de boca cheia.

— E você, Louis?— Levou sua atenção até o garoto.

— Ótimo, meu time ganhou.— Disse cínico ao me encarar. "Ótimo" mesmo, quase matou quatro pessoas atropeladas.

— Que bom, querido.— Comemorou dando um sorriso sincero. Ela não sorriria assim se soubesse que foi chamada de puta.

— Posso ir pro fliperama hoje de tarde?— Perguntei entre garfadas de comida. Aquele havia sido o único ambiente legal que achei nesse cidade entediante. Amo jogar, até consegui bater o recorde do Dig Dug.

— Pode, mas seu irmão vai te deixar.— Permitiu me frustrando com a condição.

— Que? Não, eu tenho um compromisso.— Se negou antes de eu dizer alguma coisa. Provável compromisso= Encontrar vadias.

— É, não preciso que ele me leve. Posso ir muito bem sozinha.— Garanti decidida.

— Nem pensar, você vai levar sua irmã.— Elliot se meteu ordenando autoritariamente.

— Mas que merda!— Louis reclamou se levantando da mesa. Não sei o que está o irritando mais, ele ter que me deixar ou o fato de estarem usando a palavra "irmã".

— Lave sua boca para falar comigo, seu inconsequente!— Elliot retrucou também ficando em pé. O garoto ignorou a fala do pai e saiu batendo a porta do quarto.

— Tá tudo bem, amor.— Minha mãe o consolou enquanto ele se sentava na mesa novamente.

— Esse menino precisa de um corretivo.— Disse dando um gole na cerveja que estava tomando junto com o almoço.

Família saudável, né?

𝐒𝐭𝐫𝐚𝐧𝐠𝐞𝐫 𝐛𝐫𝐨𝐭𝐡𝐞𝐫- 𝘓𝘰𝘶𝘪𝘴 𝘗𝘢𝘳𝘵𝘳𝘪𝘥𝘨𝘦Onde histórias criam vida. Descubra agora