Persistent bell

2K 218 13
                                    

O turno da tarde estava sendo monótono. Provavelmente agora sou a única em casa, pois escutei barulhos de carros dando partida. Talvez Louis ainda esteja em casa e só mamãe e Elliot tenham saído, entretanto a presença dele no imóvel não anularia o fato de eu estar sozinha e enclausurada nesse quarto.

Repassei mentalmente todos os transtornos vivenciados durante a semana, cada situação que me deixou desde confusa até irritada. Eu teria persistido em refletir sobre isso, contudo um som de campainha persistente atrapalhou meu foco.

Não estou com a mínima vontade de ir lá na sala abrir a porta e fingir gentileza ao receber alguém, por conta disso esperei a pessoa concluir que não tinha ninguém em casa. Apesar da falta de reação, a campainha não parou de emitir sons, o que me leva a crer que Louis saiu mesmo, ao contrário ele é surdo. Infelizmente a insistência da suposta visita conseguiu me vencer no cansaço.

Saí do quarto rumo a sala. Quando cheguei no cômodo abri a porta da frente na força do ódio, logo me deparando com um garoto que eu definitivamente não suporto. Era Jason, o capitão metido do time de basquete.

— O Louis tá em casa?— Indagou sério, mas também com um pouco de aflição em sua face.

— Não.— Afirmei curta e grossa enquanto fechava a porta na cara dele, porém Jason foi mais rápido ao bloquear a ação com sua mão.

— Sabe onde ele tá?— Questionou ainda segurando a porta para me impedir de tentar fechá-la outra vez.

— Deve estar com alguma garota por aí.— Supus fazendo cara de nojo. Vamos combinar que é a opção mais provável.

— É que a gente marcou de sair.— Contou aparentemente apressado.

— Ah, não sabia que ele jogava pros dois lados.— Constatei utilizando sarcasmo. É satisfatório ferir a masculinidade frágil de caras como Louis e Jason.

— Não!— Exclamou negando de imediato.— Eu tenho...— Iniciou convicto, no entanto interrompeu a si próprio abatido.— Eu tinha namorada.— Corrigiu constrangido. Só me toquei após escutar sua fala, por um instante esqueci que ele havia acabado de perder Chrissy de uma forma terrível. Nossa, fui muito insensível.

— Sinto muito.— Falei envergonhada.— Eu não a conhecia direito, mas... Ela parecia ser especial.— Assumi sincera querendo demonstrar empatia.

— É meio irônico você dizer isso.— Falou mudando a expressão abatida para uma mais julgadora.— Você faz parte do Hellfire, né?— Perguntou como se já soubesse a resposta.

— O que está tentando supor?— Indaguei me sentindo ofendida.

— Nada.— Ironizou dando um riso sínico.— Você só é amiga do assassino.— Disse continuando no tom de fala irônico.

— Desculpa se você é tão perfeito e nunca se enganou com alguém.— Falei imitando sua maneira de falar.— Acha que eu apoiaria um homicídio?— Questionei procurando controlar minha indignação, porém falhei miseravelmente nesse aspecto.

— Algum problema por aqui?— Ouvi a voz de Louis soar pela localidade. Ele foi se aproximando até parar do meu lado. Então o idiota não tinha saído, além de idiota é surdo.

— Aí está você.— Jason falou transferindo sua atenção para Louis, evitando a pergunta do mesmo.— Estava te procurando.— Avisou dessa vez me olhando com um certo desprezo, provavelmente por achar que eu menti sobre ele não estar em casa.

— A reunião vai ser agora?— Louis indagou atravessando a porta.

— Sim, na minha casa.— Confirmou de modo objetivo.— Os garotos já estão no carro, só falta você.— Contou apontando em direção ao grande veículo estacionado na frente da nossa casa.

— Bora então.— Instigou se preparando para sair depois de Jason assentir.

— Que reunião é essa?— Perguntei estranhado a nomeação do encontro, visto que babacas como eles costumam se encontrar apenas para beber e assistir jogos inúteis.

— Não te interessa.— Louis afirmou sem ao menos olhar na minha face. Foi impossível não ter um déjà vu de quando falei isso pra ele ontem, mas diferente dele eu não vou agarrar seu braço ou prensá-lo numa parede.

— Já vai tarde.— Murmurei o vendo entrar no carro de Jason. Se ver livre de Louis Partridge é o maior alívio que alguém pode ter, mesmo que seja temporário.

𝐒𝐭𝐫𝐚𝐧𝐠𝐞𝐫 𝐛𝐫𝐨𝐭𝐡𝐞𝐫- 𝘓𝘰𝘶𝘪𝘴 𝘗𝘢𝘳𝘵𝘳𝘪𝘥𝘨𝘦Onde histórias criam vida. Descubra agora