Worried

1.9K 220 67
                                    

Cá estou eu, dentro do carro de Nancy Wheeler. O clima entre nós está estranho por motivos óbvios, e olha que o carro ainda nem deu partida. Me encontro no banco de trás com o vidro aberto para escutar o que Dustin tem a dizer. Pelo visto ele foi o único que fez questão de se despedir de mim direito.

— Toma cuidado.— Dustin aconselhou me encarando com cautela.— Fica com isso.— Disse me entregando seu walkie talkie.— Qualquer coisa é só apertar aqui e falar "alerta vermelho", aí vamos até você.— Orientou mostrando os detalhes do aparelho.

— Ok.— Assenti o colocando no banco vizinho, onde estava meu relatório e o de Louis. Sim, eu não esqueci de trazê-los.

— De quem é a outra pasta afinal?— Perguntou curioso, porém não respondi.— O trato era contarmos sobre o Vecna e você dizer, lembra?— Relembrou tentando me convencer.

— Não é ninguém importante.— Afirmei persistindo em não contar, então Dustin lançou um olhar de insatisfeito, indicando que não iria desistir.— É do meu irmão.— Revelei revirando os olhos por ter sido coagida.

— Por que pegou o relatório dele?— Questionou expressando dúvida. Quer saber... Nem eu mesma sei exatamente o porquê de eu querer ler aquilo. Claro que tenho curiosidade de descobrir os transtornos de Louis, o que motivou ele a virar o babaca que é hoje, mas sinto que esse não é meu objetivo principal.

— Até mais, Dustin.— Me despedi ignorando o questionamento.— Ou até nunca mais.— Murmurei apenas para mim, temendo que amanhã seja o fim, o meu fim. Fechei o vidro do veículo sem esperar uma retribuição.— Pode ir.— Avisei a Nancy de modo imperativo ao fingir não ver Dustin acenando do lado de fora, e ela aparentemente não gostou nada disso, mas deu partida de qualquer jeito.

— Steve disse que eles se reuniram por causa do Eddie.— Nancy falou com Robin como se eu não estivesse ali.— Estão bolando um tipo de vingança para honrar a morte da Chrissy.— Contou repassando a informação. Elas devem estar falando dos garotos do time, incluindo Louis. É a cara dele participar de algo para ferrar o Eddie, ou qualquer um do Hellfire.

— Como ele sabe disso?— Robin perguntou inclinada para Nancy, que estava do seu lado no banco da frente.

— Steve faz parte do time de basquete.— Constatou achando meio óbvio.— O chamaram, mas ele não foi.— Explicou voltando a se concentrar na direção. O trajeto demorou cerca de vinte minutos. Cada minuto passou muito devagar, provavelmente por eu e Nancy estarmos dividindo o mesmo ambiente e um silêncio constrangedor ter se instaurado. Eu poderia ter lido os relatórios durante esse tempo, mas por algum motivo não tive coragem de abrir aquelas pastas.

— Acho que é aqui.— Nancy supôs apontando para uma casa de esquina. Era visível uns garotos do time através da janela, o uniforme facilitava a identificação.— E aí?— Disse desejando agilizar a ação.— Você vai?— Indagou se virando para me olhar no banco de trás.

— Eu?— Perguntei franzindo o cenho.— O plano é ele achar que estou passando muito mal pra aceitar vir.— Esclareci o combinado de antes.— Eu não posso simplesmente chegar lá de boas e falar com ele.— Afirmei demonstrando ser uma atitude burra.— Vai uma de vocês.— Mandei prática.

— A gente nem conhece o seu irmão.— Nancy retrucou ainda não estando convencida.

— Basta dizer que são minhas amigas e eu liguei pra vocês pedindo ajuda.— Inventei a primeira desculpa que surgiu em minha mente. Louis provavelmente estranharia, já que nunca me viu andando com elas na escola, mas não tem muito o que fazer.

— Qual o nome dele?— Nancy perguntou aparentando estar aceitando a ideia.

— Louis Partridge.— Falei vendo sua expressão mudar. Às vezes eu esqueço que Louis mal chegou na escola e já é popular.

— Ele é da nossa sala.— Robin alegou reconhecendo o nome.

— Ótimo, então vocês já sabem quem é.— Concluí esperando que uma delas tomasse atitude. Foi quando Nancy desceu do carro, deixando eu e Robin sozinhas no veículo. Escondi o walkie talkie e os relatórios no bolso do banco para que Louis não visse ao chegar.

— Tá tudo bem?— Robin questionou me vendo apoiar a cabeça bruscamente no vidro e fechar os olhos.

— Eu tenho que parecer doente, não é?— Alertei sem desfazer a posição. Ok que isso também é porque eu não quero olhar na cara de Louis, muito menos falar com ele, mas Robin não precisa saber disso. Fingir doença não vai ser difícil, afinal eu ainda estou com a porra da dor de cabeça.

— Se é assim.— Disse fazendo pouco caso. Persisti em ficar estática, me gerando sonolência enquanto os minutos se passavam. Eu estava praticamente cochilando, entretanto o barulho da porta do carro sendo aberta me trouxe de volta pra realidade, apesar de eu não ter aberto os olhos.

— Mas que merda.— Escutei uma voz masculina dizer, e eu sabia bem de quem era aquela voz. Só pela delicadeza fica impossível não reconhecer.— S/n.— Louis me chamou balançando meu ombro após fechar a porta. Eu como uma boa atriz continuei na encenação de estar desacordada.— Puta que pariu, ela tá desmaiada?— Perguntou num misto de desespero e raiva.

— Não, acho que ela só pegou no sono.— Robin respondeu administrando a situação. Logo outra porta do carro foi fechada, provavelmente a de Nancy. Senti a mão de Louis tocar no meu pescoço, avaliando a temperatura da região sensível.

— Vocês deram algum remédio pra ela?— Questionou agora tocando na minha nuca.— Ela está com febre.— Afirmou parando de me tocar. Pior que meu corpo realmente ficou quente do nada, o que é estranho porque eu não estou com febre.

— Não, preferimos ir atrás de alguém da família antes.— Nancy explicou dando partida no veículo.

— Como sabiam onde eu estava?— Perguntou com uma intonação de desconfiança.

— S/n disse que você tinha saído com o Jason, então presumimos que estivesse na casa dele.— Robin justificou de forma convincente. Louis aparentemente acreditou, já que o mesmo apenas se calou e passou seu braço ao redor do meu pescoço, fazendo eu usar seu peito de apoio ao invés da janela. Tentei não transparecer a confusão que consumiu minha mente após seu ato.

Ele de fato está se preocupando comigo?

𝐒𝐭𝐫𝐚𝐧𝐠𝐞𝐫 𝐛𝐫𝐨𝐭𝐡𝐞𝐫- 𝘓𝘰𝘶𝘪𝘴 𝘗𝘢𝘳𝘵𝘳𝘪𝘥𝘨𝘦Onde histórias criam vida. Descubra agora