O fim da aula marcou o início de uma nova tortura, voltar para casa com Louis. Não consegui evitar me remoer sobre o que eu presenciei, na minha mente só vinha a imagem da menina com aquele maldito moletom de poliéster e a forma que eles aparentavam ter intimidade. Pior que eu nem consigo odiá-la, ela parecia um anjo. Agora odiar Louis Partridge eu consigo, nisso nunca tive dificuldade, ainda mais depois de ter sido usada e descartada como um nada.
Fui até meu armário para pegar meu skate. Quando pus o mesmo no chão lembrei de algo importante que eu havia deixado ali, os relatórios. Eu queria achá-los depressa, afinal não tive tempo de ler o meu, apenas o de Louis. Eis que eu não encontrava de jeito nenhum.
— Procurando por isso?— Escutei a voz da Senhora Kelly vindo de trás da porta do armário. Fechei o compartimento dando de cara com ela, que segurava os relatórios em mãos. A casa caiu.— Posso saber como isso foi parar no seu armário?— Indagou sugestiva, claramente tendo conhecimento da minha infração.
— Eu posso explicar...— Iniciei pronta para inventar uma desculpa, porém a mulher não deu espaço para que eu respondesse.
— No mesmo dia que você foi me visitar a chave do meu escritório sumiu.— Relatou em forma de acusação.—Engraçado, né?— Provocou introduzindo um deboche.—Mais engraçado ainda por eu ter o encontrado revirado com três relatórios faltando, sendo dois o seu e o de Louis.— Narrou engenhosa, deixando tudo me apontar como culpada. Que legal, a ideia inicial nem foi minha e eu vou me ferrar sozinha.
— Eu não ia mostrar pra ninguém, não vejo problema em ler meu próprio relatório.— Me justifiquei sem saída.— E o de Louis... Ah, ele é meu irmão.— Enrolei sentindo uma sensação estranha por chamá-lo assim. Ok, sempre foi estranho, mas depois de ontem...
— Podia ser de quem que fosse, isso não anula que você invadiu minha sala e pegou documentos sem autorização.— Argumentou ficando mais séria.— Tive que bisbilhotar seu armário para atestar minha suspeita.— Informou desapontada.— Agora me diga, onde está o relatório da Chrissy?— Exigiu em tom de urgência.
— Eu não sei.— Menti consciente de que eu não poderia entregar, até porque não estava comigo. Sabe lá onde os meninos colocaram.
— Como não sabe?— Duvidou franzindo o cenho desconfiada.— Você agiu com alguém, S/n?— Apostou presumindo ao cruzar os braços.
— Não, eu peguei por minha conta e risco.— Assumi a culpa livrando a barra dos outros.— Achei que estaria ajudando depois do Will ter dito que o relatório poderia dar pistas pra polícia.— Me expliquei com uma visão que eu realmente concordava.— Mas eu acabei perdendo, e nem me pergunte da chave.— Dispus inventando literalmente qualquer coisa para camuflar o motivo destes não estarem comigo.— Desculpa...— Sussurrei na tentativa de ganhar uns pontos com ela.
— Diga isso para os seus pais.— Aconselhou rígida.— Detenção para você, mocinha.— Notificou me entregando um papel que dizia precisar da assinatura de um responsável. Pronto, era só o que me faltava.
— Precisa mesmo disso?— Questionei querendo me safar de uma bronca em casa.— Eu não posso só fazer a detenção?— Supus torcendo por uma mudança da parte dela.
— Não.— Negou se virando para sair.— Você tem até a próxima aula para entregar, caso contrário seus pais serão notificados pela escola e acrescentaremos mais uma advertência.— Avisou inflexível no que ditava.— A detenção será amanhã à tarde.— Concluiu finalizando o esclarecimento, ou ameaça, chame como quiser.
— Amanhã, já?— Indaguei em reclamação, contudo Senhora Kelly me ignorou seguindo seu caminho no decorrer do corredor. Uma onda de ódio consumiu meu corpo por completo. Não bastava Louis acabando com a minha cabeça, ainda vem uma merda dessa? E eu pensando que meus problemas acabariam quando o Vecna sumisse.
— Até amanhã, S/n.— Robin passou rápido do meu lado me cumprimentando, sem fazer ideia do que havia acabado de acontecer. Até amanhã. Porra, o clube. Não vou conseguir ir por causa da desgraça da detenção, tenho que desmarcar. Eu poderia me apressar avisando antes que ela saísse de vez, porém eu definitivamente não estava num bom momento.
— Merda.— Murmurei seguindo meu caminho após pôr o skate debaixo do braço. Sentia a cada passo o choque forte dos meus pés colidindo no chão, aquilo era a definição de ir na força do ódio. Minha velocidade ocasionou que eu chegasse rápido no estacionamento, avistando a última pessoa que eu queria ver, entretanto foi um desgosto previsível.
— Demorou.— Louis alertou encostado no capô do carro.— Pensei que fosse me deixar aqui plantado de novo.— Expôs com ar de ironia enquanto destrancava o veículo com a chave.
— Era o que eu deveria fazer.— Retruquei entrando no carro e fechando a porta com estupidez, gerando um barulho alto devido a força. A princípio não vi sua reação, contudo ele entrou logo em seguida, possibilitando que sua cara de tacho fosse visível.
— Aconteceu alguma coisa?— Perguntou semicerrando os olhos para expressar seu desentendimento de forma nítida. O carro foi ligado no mesmo instante.
— Não é da sua conta.— Dei um fora apoiando o skate no encosto da porta, logo colocando o cinto de segurança com agilidade.— Tá esperando o que?— Apressei na expectativa de que ele desse partida. Posteriormente alguns segundos me olhando, o mesmo finalmente se concentrou na direção e atendeu ao pedido.
— Se manca, se isso for por...— Começou após estabilizar o carro, iniciando uma explicação impaciente, pelo visto incomodado com o tratamento que estava recebendo.
— Não tem nada haver com você, Louis.— Cortei sua fala insistindo no tom de grosseria, tendo o objetivo de excluir a possibilidade que ele tinha em mente, que aposto ter relação com a garota do corredor. O que me dá mais ódio é que mesmo se fosse apenas pelos relatórios, ainda assim teria haver com ele.— Só fica na sua.— Mandei virando o rosto para evitá-lo, e desse jeito foi durante todo o trajeto.
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𝐒𝐭𝐫𝐚𝐧𝐠𝐞𝐫 𝐛𝐫𝐨𝐭𝐡𝐞𝐫- 𝘓𝘰𝘶𝘪𝘴 𝘗𝘢𝘳𝘵𝘳𝘪𝘥𝘨𝘦
FanfictionS/n Lennox havia acabado de se mudar para Hawkins com sua família, tal qual era composta por sua mãe, seu padrasto e seu irmão postiço insuportável. Louis Partridge era um rapaz frustrado pela separação dos pais, então costumava descontar sua raiva...