Chrissy

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Me tranquei dentro do meu quarto por um longo período de tempo. Não estou preparada para enfrentar o sermão de mamãe e Elliot, ou simplesmente ver a cara de Louis outra vez. Ele passou de todos os limites, não só por ter me dedurado, mas também por ter praticamente me acusado de cometer um crime.

Sempre soube que Louis me vê como uma perturbada desprezível, contudo assassina? Isso já é demais pra mim. Se fosse para eu matar alguém seria ele, o ser humano mais insuportável que conheço, não uma pobre garota.

— Ela podia ter morrido, porra!— Escutei um grito vindo da sala. Sim, era a voz de Louis. Fui me aproximando da porta curiosamente.— Eu não acho que ela foi cúmplice, até porque ainda lhe resta um pouco de senso.— Disse expressando irritação.— Mas aqueles nerds são psicopatas, vocês deviam estar dando lição de moral nela pra ver se aquele cérebro cria juízo e para de agir feito uma suicida.— Opinou no mesmo volume de voz. Eu não conseguiria enfrentá-lo outra vez, não me encontro pronta emocionalmente para isso.

— S/n.— Ouvi um sussurro vindo da janela. Me assustei a princípio, entretanto me aproximei receosa.— Aí está você.— Dustin falou após eu abrir o cadeado.

— Dá o fora daqui.— Mandei sem piedade.— Minha família já sabe do Eddie, e eu também obviamente.— Contei indo direto ao ponto.

— Eu preciso te explicar tudo.— Garantiu tentando me convencer de escutá-lo.— Não foi o Eddie que matou a Chrissy.—Afirmou aparentando acreditar no que dizia.

— Espera... Chrissy?— Questionei ainda absorvendo o nome citado. A menina do banheiro de ontem? Ela parecia transtornada, além dos delírios. Seria muita coincidência logo no dia seguinte a encontrarem morta.

— Ué, você não sabia?— Indagou demonstrando estar confuso com minha surpresa.

— Eu sabia que era uma menina da nossa escola, mas não que era ela.— Revelei refletindo tensa.

— A conhecia?— Perguntou persistindo no estado de dúvida.

— Mais ou menos...— Respondi incerta.— Era uma das líderes de torcida, né?— Supus querendo me certificar de que que estávamos falando da mesma Chrissy.— A namorada do Jason.— Complementei adicionando outra informação para identificá-la.

— Essa mesmo.— Confirmou simples.— Olha, sei que você é nova aqui e não nos conhece direito, porém posso te garantir que Eddie nunca faria isso.— Contou tornando a feição mais séria ao falar.— Alguma coisa muito... Estranha aconteceu.— Disse parecendo temer algo.

— Não quero saber.— Falei decidida.— Desde que cheguei nessa cidade e me aproximei de vocês minha vida vem se tornando um caos.— Iniciei impaciente.— Não quero e nem posso mais me envolver nessas "coisas estranhas" de vocês.— Constatei rígida e ironizei a expressão em aspas.

— Desculpa a sinceridade, mas quem está tornando sua vida um caos não é o Hellfire.— Afirmou com convicção ao falar de Louis nas entrelinhas.

— Quem me dera que fosse só isso.— Assumi pressionando a mão na cabeça para simular cansaço, além da região realmente estar doendo.

— O que tem a mais?— Questionou aparentando preocupação e curiosidade. "Nada, apenas ando escutando vozes, sentindo enxaquecas fortíssimas, enlouquecendo..." Pois é, digo e repito: Não estou a fim de ser internada num hospital psiquiátrico.

— Você não cansa de ser intrometido?— Indaguei bufando impaciente.— Vá embora!— Ordenei de maneira impulsiva.

— Mas S/n...— Iniciou antes de ser interrompido por mim.

— Não basta essa dor de cabeça dos infernos, ainda sempre tem que ter alguém me infernizando.— Pensei alto enquanto batia no topo da minha cabeça irritada.— Sério, se você não for embora agora eu vou acabar surtando que nem a Chrissy.— Ameacei indicando para que ele saísse de perto da janela.

— Como assim que nem a Chrissy?— Questionou sem entender a comparação. Acho que falei demais.

— Não importa agora, ok?— Falei seca.— Ela devia estar drogada pelas ervas do Eddie.— Cogitei a explicação mais lógica.

— Quando foi isso?— Perguntou tentando entender o suposto acontecido.

— Ontem, ela tava passando mal no banheiro e falando umas doideiras sem nexo.— Contei revirando os olhos.— Já entendi tudo. Eddie foi pro matagal vender drogas ontem, agora sei quem era a compradora.— Constatei ligando os pontos.

— Mas ele não...— Começou a dizer em defesa do amigo.

— Fodasse.— Afirmei tomando sua voz.— Não sei se foi ele que matou ou não, independente disso não justifica ficar vendendo drogas ilícitas para uma adolescente.— Opinei extremamente indignada.— Ele de alguma forma contribuiu pra morte dela, você querendo ou não.— Concluí deixando meu semblante neutro durante meros segundos.

— Entendo seu pensamento... Mas essa nunca teria sido a intenção de Eddie.— Avisou visivelmente sentido.— Acho melhor eu ir embora mesmo.— Finalmente concordou se virando aos poucos.

— Faz bem.— Assenti de modo insensível. Tranquei a janela novamente, vendo Dustin se afastar ao percorrer o jardim lateral da casa. Me virei na direção da parte de dentro do quarto e desabei em lágrimas. Sim, estou chorando pela morte de alguém que eu mal conhecia, mas também por vários outros motivos que nem preciso citar.

𝐒𝐭𝐫𝐚𝐧𝐠𝐞𝐫 𝐛𝐫𝐨𝐭𝐡𝐞𝐫- 𝘓𝘰𝘶𝘪𝘴 𝘗𝘢𝘳𝘵𝘳𝘪𝘥𝘨𝘦Onde histórias criam vida. Descubra agora