Fight

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O cômodo ficou consideravelmente quieto após a detalhada explicação de Dustin ser encerrada. Louis permaneceu sem reação por um minuto, o que é compreensível pelas coisas que ele está tendo que assimilar.

— Olha, Louis.— O chamei planejando amenizar sua aparente incerteza.— Sei que é muita loucura, eu mesma não acreditei de cara.— Comecei assumindo a estranheza das circunstâncias.— Mas você presenciou tudo, desde o transe no corredor até o que aconteceu no cemitério.— Relembrei objetiva.— Não tem como negar que se trata de algo sobrenatural.— Afirmei indicando que seria incoerente de sua parte.

— Que é sobrenatural eu sei.— Disse simples.— O ponto é, sobrenatural por conta de um monstro chamado Vecna, ou por conta de uma seita satânica chamada Hellfire?— Questionou ironizando ao usar uma intonação de dúvida.

— Depois de tudo que Dustin explicou você ainda vai ficar nessa de seita?— Indaguei me estressando com a teimosia.— Nossa, se for assim ele é muito criativo pra inventar uma história tão elaborada.— Debochei sorrindo de modo falso.— Você pode não confiar neles, mas confia em mim pelo menos.— Pedi tentando convencê-lo de qualquer forma. Olhei nos seus olhos diretamente, deixando seu olhar focado em mim.

— O cara não acredita nem na própria irmã.—Mike comentou bufando ranzinza como de costume. Foi instantâneo, Louis quebrou nossa troca de olhares assim que escutou o comentário.

— Ela não é minha irmã!— Exclamou elevando desnecessariamente o volume da voz, atingindo seu estágio de raiva num curto período de tempo. Os demais fizeram expressões surpresas, além de confusas por motivos óbvios.

—O pai dele se casou com a minha mãe, só somos irmãos de consideração.— Contei pois me vi na necessidade de esclarecer tudo.— Se bem que nem disso.— Repensei carregando uma certa mágoa por Louis ter me renegado na frente de todos.

— Ok, já que ele não acredita e nem te considera, não faz sentido perdermos nosso tempo tentando o convencer.— Steve se meteu bem prático ao tirar uma conclusão rápida.— Vamos embora, S/n.— Chamou fitando Louis com desprezo.

— Quem é você pra dizer o que ela tem que fazer?— Louis indagou agressivo, como se as palavras de Steve tivessem o irritado profundamente.— S/n não sai dessa casa sem mim, muito menos com você.— Garantiu em tom de ameaça.

— Eu preciso ir, é pela minha segurança.— Enfatizei o fato.— Apenas eles sabem o que fazer se o Vecna me assombrar de novo.— Exemplifiquei a situação.— Não vai ser essa sua cisma de "seita" que vai me impedir.— Assegurei decidida e impaciente.

— Tá vendo?— Steve indicou rindo convencido.— Ela que não quer ficar com você.— Se dirigiu a Louis provocativo, mostrando que eu queria ir por conta própria. Mal demorou meio segundo e os dois já estavam numa briga, obviamente iniciada por Louis. A troca de murros ia se intensificando.

— Para com isso, Louis!— Pedi vendo que Steve estava perdendo feio, seu rosto sangrava bastante. Meu pedido foi ignorado, porém o corpo de Louis voou para o outro lado da sala de repente, como se houvesse sido puxado por um imã.— Louis!— Gritei indo até ele, afinal o mesmo parecia desacordado.

— Valeu, Eleven.— Steve agradeceu se levantando com dificuldade. Olhei de relance pra garota, que no instante limpava o nariz sangrando.

— Louis, acorda.— Chamei o balançando ainda inconsciente.— Acorda!— Repeti entrando em desespero, contudo ele começou a abrir os olhos devagar.— Você tá bem?— Perguntei depois dele ter aberto por completo.

— Ai.— Gemeu pressionando a cabeça. Fui examinar a região e suspirei aliviada por não haver sangue.

— Quantos dedos tem aqui?— Questionei erguendo dois dedos para testar sua estabilidade visual e mental.

— Q-Quatro.— Gaguejou enquanto eu passava seu braço ao redor do meu pescoço na tentativa de levantá-lo.

— Tá me zoando, né?— Indaguei desconfiada, entretanto percebi que ele realmente estava meio zonzo. O peso sob meu ombro confirmou sua fraqueza gerada pela queda, ou melhor, pela Eleven.

— Bora, deixa ele aí.— Mike instigou despreocupado com o péssimo estado do garoto.

— Não posso deixá-lo desse jeito.— Constatei impressionada com a falta de noção do mesmo.

— Ele mereceu, olha o que ele fez com o Steve.— Retrucou apontando em direção ao amigo, que tinha um olho inchado e hematomas no restante do rosto.

— Mas ele faz parte da minha família, nossos pais provavelmente vão chegar hoje e ele tem que estar bem.— Contextualizei inclinando o rosto para analisar Louis.— Pensando bem... Eles achariam estranho se eu não estivesse aqui.— Repensei cogitando outras alternativas.— Inclusive poderiam associar minha ausência a vocês, já que Louis disse pra eles que eu participava do clube do suposto assassino, vulgo Eddie.— Contei repassando o episódio.

— Mas é pela sua segurança, você mesma disse.— Dustin logo relembrou. Sim, eu sei que não ir com eles me colocar em risco, apesar disso estou disposta a riscar por Louis. Ele não me deixou na mão quando eu precisei.

— Eu sei, mas realmente não vai dar pra eu ir.— Afirmei levando Louis até o sofá.— Qualquer coisa eu escuto música de novo.— Simplifiquei o sentando no assento da ponta.

— S/n...— Dustin iniciou como se fosse contestar.

— Eu fico.— Eleven se ofereceu interrompendo o diálogo de forma imprevisível.— Comigo aqui eu posso protegê-la do Vecna.— Disse transmitindo firmeza.

— Tem certeza?— Mike questionou aparentemente receoso. Eleven apenas assentiu e ele não se opôs, parece que alguém conseguiu domar a fera.

— Ok.— Dustin concordou imediato.— A gente vai indo encontrar a Nancy e a Robin para vasculharmos a casa do Victor Creel, onde o Vecna fez suas primeiras vítimas.— Informou me situando.— Amanhã vamos pra escola e encontramos vocês.— Combinou se preparando para sair com os demais.

— Tá certo.— Aceitei sentindo a cabeça de Louis usar meu ombro de apoio enquanto eles saíam.

𝐒𝐭𝐫𝐚𝐧𝐠𝐞𝐫 𝐛𝐫𝐨𝐭𝐡𝐞𝐫- 𝘓𝘰𝘶𝘪𝘴 𝘗𝘢𝘳𝘵𝘳𝘪𝘥𝘨𝘦Onde histórias criam vida. Descubra agora