Happy screams

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Hoje está sendo um dia monótono. Claro, se eu só levar em consideração o restante da tarde e esse início da noite. Fiquei trancada no quarto desde que cheguei da escola. Acho que minha mãe e Elliot saíram, visto que a casa está silenciosa e ninguém sentiu minha falta nas refeições.

Me encontro deitada escutando Kate Bush, minha cantora favorita. Fechei os olhos prestando atenção na letra da música enquanto escorava meu corpo na parede ao lado da cama. Ao fazer isso sinto uma certa pressão vindo do outro lado da parede, como se algum móvel estivesse sendo empurrado contra a superfície.

Tomei um leve susto, daí lembrei que o quarto vizinho é o de Louis. Não seja o que eu estou pensando.

Retirei os fones de ouvido e escutei gritos, mas não gritos de desespero. Gritos felizes.

Óbvio que ele não perderia a oportunidade de trazer uma vadia pra casa num dia em que nossos pais estão fora. Nem sei porque tive dúvida.

Coloquei os fones novamente para abafar os gemidos, ainda bem que sempre escuto música no volume máximo. Deixei de escorar na parede e me levantei da cama estressada.

Como ele pode ser tão sem noção?
Será que ele não sabe que existe motel?
Minha vontade é de ir lá e acabar com o barato dele, mas seria vergonhoso demais, então deixa quieto.

Sentei na cadeira do meu birô e comecei a riscar uma folha do meu caderno aleatoriamente, nem eu mesma sei o que estou tentando fazer. Talvez seja apenas uma forma de descontar a raiva. Porém... Me surpreendi ao ver que meu rabisco realmente tinha formado um desenho, um relógio de pêndulo.

Franzi o cenho e senti meu nariz queimar, logo pude ver uma gota de sangue pingar sobre o papel. Levei minha mão até a região na tentativa de limpar a área. Eu estava tão intrigada com aquilo que acabei sem perceber o problema na fiação elétrica. A luz do meu quarto não parava de piscar.

Estranhei aquilo, entretanto não tive reação alguma. Persisti em me concentrar na música e fui convencendo a mim mesma de que era apenas um sangramento comum.

Fiquei petrificada durante alguns minutos, até que senti meu fone ser puxado brutalmente dos meus ouvidos.

— Foi você que fez essa merda com as luzes, S/n?!— Louis gritou enquanto eu me virava do birô assustada.

— O que?— Questionei ainda meio aérea.

— Queria atrapalhar, né? Não suporta quando trago garotas pra casa.— Acusou diretamente. A luz persistia em não parar de piscar. Olhei na direção do corredor e vi que não era um problema exclusivo da luz do meu quarto.

— Olha, Louis. Eu não sei o que porra está acontecendo.— Garanti tentando deixar minha fala firme, apesar de por dentro eu estar em pleno caos.

— Não sabe? Acha que eu sou otário feito seus novos amiguinhos?— Questionou irônico. Não consegui ver seu rosto nitidamente por conta da inconstância das luzes.

— ME RESPONDE, CACETE.— Gritou perdendo a sanidade. Nesse exato instante, as luzes voltaram ao normal e ficaram acesas. Agora pude visualizar a expressão dissimulada do garoto, que estava vestindo apenas uma cueca larga.

— O que é isso no seu nariz?— Perguntou finalmente percebendo o sangue sobre meu rosto.

— Louis, o que tá acontecendo?— Escutei uma voz manhosa perguntar de maneira receosa. Levei meu olhar até a porta do quarto e vi uma garota loira só de roupas íntimas.

𝐒𝐭𝐫𝐚𝐧𝐠𝐞𝐫 𝐛𝐫𝐨𝐭𝐡𝐞𝐫- 𝘓𝘰𝘶𝘪𝘴 𝘗𝘢𝘳𝘵𝘳𝘪𝘥𝘨𝘦Onde histórias criam vida. Descubra agora