O restante daquele dia após o almoço havia se resumido em puro tédio. Fiquei trancada no meu quarto de castigo e nem ouvir música eu podia, afinal meu fone quebrou por causa do idiota do Jason. Logicamente não vi Louis durante esse tempo, como eu disse, eu mal saí do quarto.
Hoje acordei sabendo que seria outro dia horrível por motivos óbvios, conhecidos como a droga da detenção e ter que desmarcar a saída do clube. O caminho com Louis até a escola estava sendo péssimo. Não conversamos e o clima instaurado no veículo era simplesmente uma merda, tanto quanto a tensão do almoço de ontem.
— Que horas termina sua detenção?— Perguntou quebrando o silêncio, logo tirando uma mão do volante. Engoli seco ao sentir que ela havia parado sob minha coxa.— Eu vou ter que te buscar depois do clube.— Avisou apertando a região de leve.
— Não precisa, eu volto de skate.— Dispensei tirando sua mão dali de maneira discreta. O mesmo desviou o foco da direção por um segundo para me olhar.
— O negócio da ficha, o que era?— Retomou o assunto inesperadamente, o que me fez travar e não responder.— De quem era?— Adicionou outra pergunta ainda pior de ser respondida. Nesse instante ele voltou a prestar atenção na rua, porém sei que sua consciência está interessada em apenas uma coisa.
— Por que quer saber?— Retruquei evitando responder. Louis riu de lado e virou na rua da escola, estávamos bem perto de chegar.
— Curiosidade.— Justificou com deboche, certamente imitando o que eu disse a mamãe na hora do almoço. A forma que ele conseguia chegar no auge da provocação sem esforço me deixava doida. Um tapa na cara resolvia, mesmo que outra parte de mim ainda quisesse beijá-lo até perder o fôlego.
— Tá bom, Partridge.— Aceitei o chamando pelo sobrenome como alfinetada.— Se quer tanto saber, eu li o relatório da terapeuta sobre você.— Confessei de cabeça quente enquanto o carro parava no estacionamento da escola.— Mas pode ficar tranquilo, não tinha nada que eu não soubesse.— Assegurei vendo o veículo parar.— Que o Elliot é um babaca e você queria me comer eu já sabia há muito tempo.— Constatei saindo do veículo na base do ódio, em seguida batendo a porta com força e o deixando ali.
Arg, óbvio que a merda daquele relatório foi a peça que faltava. Graças a ele descobri o passado podre do meu padrasto e me questionei de verdade sobre como Louis me via, mas eu não perderia o gostinho de esfregar na cara dele que eu sempre soube, quando na verdade eu sempre duvidei.
— Oi, S/n!— Robin veio falar comigo ao me ver entrando na escola.— Tudo certo pra hoje?— Indagou entusiasmada para confirmar o passeio. Ok... Essa é a hora que eu desmarco.
— Sobre isso...— Me embolei procurando um modo de dizer.— Eu peguei detenção e vou ter que ficar na escola hoje de tarde.— Contei assistindo sua face bem humorada desaparecer.— Foi muito do nada, logo depois de termos combinado.— Expliquei basicamente.— Fica pra próxima.— Afirmei tentando suavizar a situação.
— Por que você levou detenção?— Questionou meio chocada.— O que aconteceu?— Acrescentou desejando entender o ocorrido, pelo menos pra ela não vejo problema em falar.
— Lembra dos relatórios que a Nancy pediu pra você me entregar?— Relembrei e ela assentiu de imediato.— Então... Deu ruim, a terapeuta achou no meu armário.— Expus dando um riso falso para amenizar a notícia, o que não deu muito certo.
— Eita.— Emitiu surpreendida com a descoberta.— Mas olha, eu tenho a solução.— Induziu propondo uma ideia.— Eu mesma já fugi da detenção umas vezes, é de boa.— Disse como se fosse algo simples.— Até fica um fiscal na sala, só que ele sempre acaba pegando no sono.— Divulgou com propriedade.— A maioria o espera dormir pra ir embora, e nunca dá em nada, afinal não é vantajoso pro cara.— Contou como normalmente funciona.— Se soubessem que ele não fiscaliza direito ele também seria penalizado.— Explicou dando a entender que era infalível.
— Mesmo assim é arriscado.— Afirmei precavida.— Minha mãe já sabe, se ela descobrisse que eu matei a detenção... Aí sim eu me ferraria de vez, uma semana de castigo é o suficiente.— Avaliei temendo uma consequência pior.
— Ela descobriria como?— Indagou tentando demonstrar que não havia essa possibilidade.— Fazem isso direto, eu tô dizendo.— Garantiu dando sua palavra.— E se você pensar bem o tempo no clube substituiria a duração da detenção, então ela não estranharia você estar fora de casa.— Refletiu esquematizando a fuga.
— Não sei...— Murmurei insegura. Ficar nessa detenção de merda definitivamente não é minha vontade, contudo burlar as regras de novo e me dar mal é algo que eu não quero ainda mais, fora que Louis vai estar na porcaria do clube.— Eu nem trouxe roupa de banho.— Adicionei outro empecilho relevante.
— Você pode ficar com a minha.— Ofereceu sem se importar.— Acho que vou entrar de camisão e bermuda mesmo.— Disse despreocupada com as vestes.— Odeio aqueles sutiãs de biquíni apertados.— Assumiu fazendo uma careta de desagrado.
— Ah, mas...— Iniciei persistindo em não achar uma boa, assim expressando incerteza.
— Faz o que eu te falei da outra vez, pensa e depois me fala.— Sugeriu utilizando sua tática anterior. Pode ter dado certo antes, porém agora eu a deixei sair, não interrompi seus passos dizendo que iria. A dúvida me consome, e sinto que ela irá perdurar durante a manhã inteira.

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𝐒𝐭𝐫𝐚𝐧𝐠𝐞𝐫 𝐛𝐫𝐨𝐭𝐡𝐞𝐫- 𝘓𝘰𝘶𝘪𝘴 𝘗𝘢𝘳𝘵𝘳𝘪𝘥𝘨𝘦
FanficS/n Lennox havia acabado de se mudar para Hawkins com sua família, tal qual era composta por sua mãe, seu padrasto e seu irmão postiço insuportável. Louis Partridge era um rapaz frustrado pela separação dos pais, então costumava descontar sua raiva...