𝐒𝐭𝐫𝐚𝐧𝐠𝐞𝐫 𝐛𝐫𝐨𝐭𝐡𝐞𝐫- 𝘓𝘰𝘶𝘪𝘴 𝘗𝘢𝘳𝘵𝘳𝘪𝘥𝘨𝘦

Hidden

Sabe a sensação de que tudo está dando errado? Pois é, essa foi a melhor forma que encontrei para descrever meu estado atual. Pensei que um monstro aterrorizante tentando me matar fosse a única coisa que deixaria minha vida caótica, mas isso foi antes de eu ter cometido um incesto.

Ainda não creio que fiquei com meu irmão postiço, justamente o maior galinha que já conheci. Chega a ser inacreditável, apesar dos meus sentimentos conflituosos. Minha cabeça ficou uma bagunça desde o incidente ontem no cemitério, desde que aquelas lembranças vieram à tona e me salvaram do Vecna.

Me dá um pânico só de imaginar minha mãe e Elliot descobrindo o que fizemos, geraria um tremendo escândalo, logo agora que eles estão em crise. Acho que seria o fim da nossa família, se é que eu posso chamar assim.

Pelo menos me conforta saber que não vai acontecer de novo. Eu e Louis agimos de maneira inconsequente, tanto que o arrependimento veio de imediato para ambas partes. Nós dois não queremos que esse erro se repita, foi apenas um surto.

As últimas aulas passaram como um piscar de olhos, eu estava tão aérea que acabei perdendo a noção do tempo. Acordei dos meus pensamentos quando escutei o sinal tocar. Um nervosismo instantâneo me atingiu, aquilo significava que eu teria que reencontrar Louis para irmos embora.

Emborquei meu corpo pegando a mochila no chão. Fiz o movimento com calma, eu não tinha pressa por motivos óbvios. Levantei da cadeira pondo a mochila nas costas e prossegui dando passos leves, no momento que atravessei a porta fui abordada pelos patetas.

— Você tem que ir com a gente.— Mike anunciou após eles me influenciarem a retornar para dentro da sala, pois o local estava vazio e a conversa provavelmente seria sigilosa.

— Você querendo minha companhia?— Duvidei estranhando o pedido ter vindo dele.— Essa é nova.—Debochei fingindo prender o riso.

— Estamos armando uma emboscada pro Vecna.— Informou impaciente por conta do comentário provocativo.— Temos que atraí-lo de alguma forma.— Esclareceu dando a entender onde eu entrava na história.

— Então vocês querem que eu seja a isca?— Perguntei desacreditada.— Se eu morrer acontece, né?— Ironizei me irritando com a indiferença deles pela minha sobrevivência.

— Qualquer coisa colocamos a música.— Dustin se meteu mostrando uma solução.— Fora que a Eleven vai estar lá, ela vai entrar na sua mente e lutar contra o Vecna.— Explicou me deixando meio abismada.— Aí acabamos com ele.— Finalizou como se fosse simples.

— Entrar na minha mente?— Repeti franzindo o cenho intrigada.— Quem disse que eu permito que ela entre na minha mente?— Indaguei quase excluindo a possibilidade. Vai saber o que ela acharia lá, as vezes mal tenho controle do que eu penso.

— É a única forma de derrotá-lo.— Dustin afirmou convicto.— Se não ele vai ficar te assombrando até conseguir o que quer.— Contou me gerando reflexão. Rever o Vecna está longe de ser o que eu quero, ainda mais com alguém dentro da minha cabeça, mas assim... Eu definitivamente também não quero ver Louis agora, e se essa é a única forma de eu me ver livre daquela versão 2.0 do capeta... Que seja.

— Onde vocês pretendem ir?— Perguntei demonstrando estar cogitando a ideia.

— Na casa do Victor Creel.— Dustin constatou citando a tal casa amaldiçoada.— Mas antes vamos passar numa loja de armas.— Acrescentou especificando o percurso.— Sabe como é, precisamos de uma mãozinha pra destruir o Vecna.— Disse humorístico ao se referir as armas.

— Então... Você vem?— Lucas questionou se incluindo no diálogo, enquanto Will persistia em permanecer calado.

— Aham.— Emiti sem emoção. Voltei a sair da sala e os quatro me seguiram satisfeitos com a resposta. Andei pelos corredores precavida em disfarçar para Louis não me notar caso ele estivesse passando por ali.— Fiquem na minha frente.— Sussurrei encurtando meus passos, tendo como objetivo ficar atrás escondida.

— Está se escondendo de quem?— Mike indagou confuso.— Espera... Você não vai avisar ao seu irmão?— Deduziu depois de ter raciocinado a situação.

— Não, é melhor evitarmos problemas.— Neguei prevendo uma provável discussão. Ok que esse não é o único motivo para eu querer evitá-lo, mas eles não precisam saber disso.

— Verdade, ia acabar sendo que nem da última vez.— Dustin concordou efetuando meu pedido anterior. A lotação do lugar favoreceu meu esconderijo, em alguns segundos chegamos no final do corredor, ou seja, na saída pro estacionamento.

— Cadê o carro da Nancy?— Will perguntou finalmente dizendo algo. Naquele minuto eu redobrei minha atenção, afinal haviam grandes chances de Louis estar me esperando no carro.

— Você tá cego?— Mike retrucou delicado como sempre.— Olha ali na lateral.— Indicou apontando na direção esquerda. Repetimos o processo de me esconder até pararmos em frente ao veículo.

— Me deixem entrar logo.— Solicitei os afastando da minha frente. Abri a porta do banco de trás e entrei a fechando sem mais nem menos, posteriormente avistando Eleven sentada no lado oposto do assento.— Não vai caber todo mundo aqui.— Previ assistindo Nancy e Robin conversando com os meninos através do vidro.

— Eles vão com o Steve.— Afirmou mostrando que o carro do mesmo estava estacionado bem ao lado.

— Então eu vou justo no carro da Nancy, maravilha.— Comemorei claramente irônica. Não que eu tivesse preferência em ir com o Steve, porém entre ele e Nancy...

— É só você ir lá.— Sugeriu que eu mudasse de veículo de modo prático.

— Eu não posso sair agora.— Avisei me virando para averiguar os arredores pela traseira do carro.

— Por quê?— Questionou não compreendendo o fato de eu estar agindo feito uma foragida.

— Louis.— Citei o nome unicamente, ele por si só dispensa explicações.

— Ele não sabe que você está aqui?— Perguntou adivinhando com facilidade.

— Acha que eu estaria aqui se ele soubesse?— Devolvi a pergunta debochando por ser uma resposta muito óbvia. Eleven lançou um olhar de quem havia entendido o recado e preferiu não prolongar a conversa. A partir dali ficamos esperando os demais entrarem nos determinados carros e darem partida.