Hate to love

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Ficamos abraçados até a emoção acabar, só no instante em que nos separamos me dei conta do que realmente tinha acontecido. Louis me salvou. Lembrar dele me gerou forças para lutar. Não entendo o que estou sentindo, minha mente está atolada de questionamentos confusos.

Louis disse que não queria me perder, logo ele, a pessoa que mais mostra me odiar na face da Terra. Era como se eu tivesse extrema importância em sua vida, não sendo apenas a garota que ele teve que ser obrigado a aceitar como irmã.

— Por que você colocou a música?— Perguntei retirando o fone dos meus ouvidos ao recuperar minha sanidade. O clima entre nós estava inquietante, afinal havíamos acabado de demonstrar afeto um pelo outro, coisa que nunca fizemos antes.

— Foi o que disseram pra eu fazer.— Contou mostrando o walkie talkie em sua mão.— Você flutuou, S/n.— Afirmou digerindo o ocorrido.— Flutuou!— Repetiu exclamando abismado.— Culpa daquela seita de merda.— Acusou se levantando do chão.— Sempre soube que eles eram satânicos, Jason tinha razão.— Concluiu expondo repulsa.

— Não tem nada haver com eles, Louis!— Discordei me estressando com sua suposição impulsiva.— Quer dizer, tem um pouco...— Corrigi me levantando pensativa ao martelar uma forma de explicar o inexplicável.

— Claro que tem.— Constatou convicto.— Acha que não reconheci a voz do nerdola sem dentes?— Perguntou retoricamente.— Qual o nome dele mesmo... Dustin, não é?— Citou se lembrando com facilidade.

— Sim, e graças a esse "nerdola" eu estou viva.— Relembrei fazendo aspas ao mencionar o apelido desnecessário.— Por que ele me ajudaria se seu próprio grupo fosse culpado por eu estar assim?— Questionei achando a resposta óbvia.— Às vezes você não pensa.— Reclamei revirando os olhos.— Quer dizer, se é que você pensa.— Corrigi fingindo indecisão.

— Pelo visto quem não pensa aqui é você.— Retrucou parecendo ofendido.— O principal responsável por você estar viva agora sou eu.— Disse com propriedade. Nesse sentido o mesmo estava indiscutivelmente certo, isso porque ele nem sabe o quão responsável foi.

— Obrigada, Louis.— Agradeci imediata o surpreendendo.— Por fazer o mínimo.— Completei usando uma intonação de ironia. No fundo eu queria agradecer séria, mas simplesmente não consigo ser educada com Louis, é como se eu sempre ativasse meu modo de autodefesa quando estou com ele.

— Esse mínimo te salvou, sua ingrata.— Declarou se estressando com a minha colocação.

— E eu acabei de agradecer por isso.— Expliquei convencida.— Quer que eu faça mais o que?
Me ajoelhe diante de você?— Perguntei sugerindo sarcástica.

— Não seria uma má ideia.— Aceitou irônico. Tomei o walkie talkie de sua mão de forma impaciente, ignorando sua fala provocativa.

— Dustin.— O chamei apertando o botão do aparelho.— Na escuta?— Questionei em sequência para agilizar o recebimento da resposta.

— S/n!— Ouvi ele exclamar aliviado do outro lado da linha.— Você está bem?— Indagou apreensivo com o ocorrido.

— Agora sim.— Confirmei direta.— Preciso encontrar vocês, não sei quando o Vecna vai tentar de novo.— Avisei me precavendo de um próximo ataque.

— Quem é Vecna?— Louis se intrometeu no diálogo, perguntando justamente o que eu temia que ele perguntasse.

— Ninguém, Louis.— Menti tentando fazê-lo se calar.— Enfim, conseguiram resgatar a garota?— Indaguei interessada em saber se o plano deles tinha dado certo.

— Sim, conseguimos.— Concordou satisfeito.— Onde vocês estão pra gente ir aí?— Solicitou aparentando já estar pronto para nos encontrar.

— Num cemitério.— Informei tendo noção de que estranhariam o local.— Mas vocês podem ir pra nossa casa.— Sugeri querendo facilitar o encontro.— Estamos de carro.— Contei dando a entender que poderíamos ir até lá também.

— Ok.— Aceitou prático.— Nos vemos lá.— Se despediu saindo da linha, então guardei o walkie talkie no meu bolso. Louis estava me encarando com a feição nitidamente insatisfeita.

— Realmente não vai me explicar nada?— Questionou esperando que eu o situasse no que estava acontecendo. A essa altura do campeonato eu até contaria, afinal ele acabou de presenciar uma ação sobrenatural e não teria como negar que é real, mas nem eu sei como explicar toda a história mirabolante sobre mundo invertido e outras coisas estranhas.

— É melhor eles te explicarem.— Presumi iniciando a caminhada rumo ao carro.

— Eles me explicarem?— Repetiu rindo forçado.— É capaz de eu explicar pra eles como se leva um murro na fuça.— Disse em tom de ameaça enquanto me seguia. Bem, pelo menos pro Mike eu já expliquei isso.

— Qual a necessidade disso?— Perguntei sem dar muita importância, preguiça de dizer mais uma vez que eles não têm culpa.

— Não percebe que esse clubinho de otários só te coloca em perigo?— Indagou transmitindo tensão.— Porra, você quase morreu!— Exclamou o óbvio se irritando.— Tem ideia de como eu fiquei?— Questionou acelerando os passos para ficarmos lado a lado.

— Desde quando você se preocupa comigo?— Perguntei o maior dilema que estava me intrigando. Não paramos de andar, porém Louis permaneceu mudo por um tempo, parecendo não saber exatamente o que falar.

— Me preocupo com meu pai, ele te considera como uma filha.— Revelou me deixando mais intrigada. Eu e Elliot nunca tivemos uma relação de pai e filha, nos conhecemos há cinco anos e nunca fomos próximos de verdade, tanto que nunca consegui chamá-lo de pai.

— Você se preocupa com Elliot?— Questionei franzindo o cenho.— Pensei que o odiasse.— Falei ainda confusa com a informação. Minha mente repetia de modo incontrolável a frase, "Não quero te perder."

— Nem sempre demonstrar ódio significa que você odeia a pessoa.— Assumiu desacelerando os passos por estarmos praticamente na frente do veículo.— As vezes odiamos amar quem amamos.— Disse se virando pra mim ao chegarmos. Aquilo havia me atingido de alguma forma. Seu olhar sobre mim me gerou nervosismo, parecia que eu ia ter um ataque cardíaco.

— Sei como é.— Afirmei contornando o carro para entrar nele, ou talvez para fugir da conversa. Percebi que Louis ficou meio paralisado com a minha resposta, porém logo teve a mesma atitude de entrar no carro.

𝐒𝐭𝐫𝐚𝐧𝐠𝐞𝐫 𝐛𝐫𝐨𝐭𝐡𝐞𝐫- 𝘓𝘰𝘶𝘪𝘴 𝘗𝘢𝘳𝘵𝘳𝘪𝘥𝘨𝘦Onde histórias criam vida. Descubra agora