Stay

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Lembra quando eu disse que os minutos passaram muito devagar até chegarmos na casa do Jason? Pois é, aquilo foi fichinha comparado agora. Estava sendo inquietante fingir estar dormindo, ainda mais apoiada em Louis. Minha vontade era de desfazer o contato, apesar daquela posição ser extremamente confortável. Quer dizer... Não que eu esteja achando confortável.

— Chegamos.— Escutei a voz da Nancy avisar estacionando o carro. Ferrou... É agora que eu "acordo"? Não, vai ser muito esquisito eu acordar justo na hora de sair. Acho melhor esperar Louis chamar, e mesmo assim talvez fique suspeito, afinal eu não acordei da última vez que ele me chamou.

— É a próxima casa.— Louis afirmou como se quisesse que o carro se aproximasse mais para encurtar o caminho andando. Mas como é folgado. O carro voltou a se movimentar, logo parando novamente.— Valeu.— Disse finalmente se desencostando de mim. Caramba, ele sabe agradecer? Tô passada.

— Não há de quê.— Nancy respondeu educada. Ouvi a porta do lado esquerdo ser aberta enquanto o corpo de Louis se distanciava, em seguida o barulho foi dela sendo fechada. Ué, ele não vai me chamar? Aproveitei o momento de distração para colocar o walkie talkie no meu bolso largo e voltar a encenar.

— O que ele tá fazendo?— Robin sussurrou pra Nancy a mesma pergunta que eu me fiz. Subitamente a porta do meu lado se abriu. Segurei minha respiração para não transparecer o susto que eu havia tomado. Ainda bem que me precavi, porque segundos seguintes tomei um susto muito pior. Senti os braços de Louis contornando meu corpo e me puxando para cima.

— Tem certeza que você...— Robin começou a opinar antes de ser interrompida.

— Eu sei o que estou fazendo.— Louis garantiu seco fechando a porta, provavelmente com auxílio de um dos pés, já que estou suspensa em seus braços. Continuei fingindo enquanto ele me levava, mas por dentro eu estava surtando. Espiei abrindo uma fresta do olho e vi que havíamos chegado na porta da frente de casa. Louis a abriu com o cotovelo, repetindo o processo para fechar. Sorte dele de eu ter esquecido de trancar a porta quando fui pra casa da Senhora Kelly.

— Merda.— Murmurou subindo o início da escada. Fechei os olhos por completo no restante do caminho, então apenas tive noção de onde estávamos ao sentir minhas costas tocando num colchão. Não demorou para um lençol me cobrir.

S/n, S/n, S/n...
Venha se juntar a mim.

Ah!— Gritei me levantando desesperada. Abri os olhos e nada de Vecna, havia somente Louis deitado do meu lado na minha cama.

— Mas que porra.— Louis reclamou se virando pra mim.— Você só acorda gritando?— Perguntou em forma de julgamento, provavelmente se baseando no dia que faltamos aula.

— E você só fala merda?— Retruquei estabilizando minha respiração acelerada. Aguardei um xingamento daqueles, mas ao invés disso Louis colocou sua mão em meu pescoço da mesma forma que fez no carro.

— Piorou.— Constatou para si após retirar a mão dali, posteriormente ele se levantou da cama e começou a sair do quarto.

— Ei.— O chamei por impulso.— Fica.— Pedi envergonhada. Eu não queria ficar sozinha logo depois do Vecna me assombrar, por mais que a companhia fosse Louis. Percebi que ele ficou um pouco surpreendido com o meu pedido, no entanto saiu do mesmo jeito. Em compensação em menos de um minuto voltou com uma cartela de remédio.

— Abre a boca.— Mandou erguendo uma cápsula em sua mão. Arranquei o medicamento dele e pus na minha boca sem auxílio.

— Eu ainda tenho capacidades motoras.— Ironizei após engolir.

— Não foi o que pareceu quando eu tive que te trazer até aqui.— Falou imitando meu tom de ironia. Engoli seco e evitei olhar diretamente em seus olhos.— Você sendo amiga de Nancy Wheeler... Por essa eu não esperava.— Comentou rindo de leve.

— Por que a surpresa?— Perguntei como se fosse algo normal.

— Porque ela é toda certinha e você é toda errada.— Disse sentando na quina da cama. "Minha menininha perfeita, diferente de você que sempre foi virada do avesso." A voz do meu pai corroeu minha mente. Deitei de novo me segurando para não chorar.— O que foi?— Louis questionou vendo eu pressionar as mãos nos olhos.

— Nada, me deixa em paz.— Falei cobrindo metade do meu rosto com o lençol.

— Você que pediu pra eu ficar.— Relembrou convencido. Senti seu corpo se deitar próximo a mim.

— Então fica.— Afirmei prática.— Fica quieto.— Completei dando outra finalidade.

— É melhor você parar de bocão, se não eu vou embora e te deixo aqui se fudendo sozinha.— Ameaçou com sua grosseria típica.

— Duvido.— Retruquei direta.— Da última vez você ficou sem nem eu pedir.— Relatei me recordando.— Seu medo de levar reclamação do seu pai é maior.— Presumi acreditando ser o motivo dele estar cuidando de mim.

— Se eu tivesse medo disso não estaria aqui!— Contou explodindo, parecendo logo ter se arrependido do que havia dito.

— Como assim?— Perguntei confusa. Por que Elliot reclamaria dele estar aqui comigo? Não faz sentido.

— Esquece.— Disse se virando pro outro lado da cama.— Vai dormir.— Ordenou ranzinza.

— Vou mesmo, falar com você só me dá mais dor de cabeça.— Constatei fechando os olhos e me concentrando em adormecer. Nesse instante lembrei do walkie talkie ao sentir o volume no meu bolso da frente. Espera...— As pastas!— Pensei alto percebendo que tinha as esquecido no carro.

— O que?— Louis perguntou se assustando por conta da exclamação repentina.

— Ah... Esquece. Vai dormir.— Mandei copiando sua fala de instantes atrás. Escutei ele bufar, porém voltei a tentar dormir como se nada tivesse acontecido.

𝐒𝐭𝐫𝐚𝐧𝐠𝐞𝐫 𝐛𝐫𝐨𝐭𝐡𝐞𝐫- 𝘓𝘰𝘶𝘪𝘴 𝘗𝘢𝘳𝘵𝘳𝘪𝘥𝘨𝘦Onde histórias criam vida. Descubra agora