𝐒𝐭𝐫𝐚𝐧𝐠𝐞𝐫 𝐛𝐫𝐨𝐭𝐡𝐞𝐫- 𝘓𝘰𝘶𝘪𝘴 𝘗𝘢𝘳𝘵𝘳𝘪𝘥𝘨𝘦

Infirmary

O jogo estava acirrado, ambos times tinham placares iguais e em poucos minutos o jogo se encerraria. Steve parecia estressado, provavelmente pelo fato dos outros jogadores não estarem lhe passando a bola. Óbvio que Louis faz parte dos jogadores que estão ignorando, inclusive não me surpreenderia se fosse ideia dele.

Steve confrontou um dos jogadores do próprio time e tomou a bola para si. Os demais da torcida encaravam o lance com confusão, mas logo mudaram de expressão ao ver o garoto acertar a cesta em cheio, dando o ponto da vitória.

Todos gritaram histericamente, inclusive os hipócritas que estavam excluindo Steve. Exceto Louis, esse daí permaneceu com a feição amarga de sempre. Quem vê pensa que ele faz parte do time perdedor.

— Consegui, porra!— Vi Steve gritar ao se aproximar de nós, porém tomei um susto quando senti os braços do mesmo contornarem minhas costas me abraçando. Retribuí envergonhada e olhei acima de seu ombro as pessoas que nos encaravam. Meus olhos focaram numa face desequilibrada e consideravelmente conhecida. Mal demorou meio segundo para este avançar em Steve.

— Louis!— Adverti o vendo desfazer nosso contato de maneira brutal, contudo Steve foi mais rápido e se defendeu dando um murro adiantado. Louis iria revidar, mas dois garotos o seguraram. Tenho certeza que a reação do soco também tinha sido motivada pelo que fizeram com ele na partida.

— Pirou?— Steve questionou irritado ao ver Louis com o olho machucado. Estou na escola ou num zoológico?

— Desgraçado!— Exclamou tentando se soltar das mãos que o prendiam. Acho que Steve ter se aproximando de mim havia sido apenas a gota d'água, ele ficou assim por causa do golpe final do jogo.

— Tudo isso pela sua irmã?!— Indagou alto franzindo o cenho insatisfeito.— Isso é problemático, viu?— Disse demonstrando estranheza. Merda. Senti o olhar do "meu irmão" me fuzilar, provavelmente supondo o porquê de Steve saber dessa informação.

— Seu merdinha...— Xingou enquanto quase conseguia se soltar, entretanto coloquei meu corpo como obstáculo para bloqueá-lo.

— Já chega.— Afirmei impaciente.— Você vem comigo.— Falei decidida ao agarrar o braço de Louis estupidamente. Tive que me esforçar para o distrair de agredir Steve. O mesmo foi bufando ao sairmos da quadra. Fomos atraindo olhares dos demais presentes no decorrer do percurso.

— Satisfeito? Agora todo mundo sabe.— Constatei após atravessarmos o portão de entrada que dava nos corredores.— Graças a você!— Exclamei revirando os olhos na força do ódio.

— Graças a mim? Não fui eu que contei pro Harrington.— Falou pressionado o olho que sangrava. Avaliei o hematoma rapidamente.
É... O negócio tá feio.

— A gente precisa ir na enfermaria.— Mudei de assunto me virando para caminhar na direção do local.

— Nem pense que vai fugir dessa conversa.— Alertou retomando a polêmica.

— Você mesmo disse que uma hora ou outra iam descobrir.— Justifiquei me auto contradizendo por ter reclamado de descobrirem, infelizmente era o argumento que eu tinha. Não é como se eu tivesse dito para Steve só por dizer, teve um contexto constrangedor, no entanto explicar esse contexto deixaria tudo ainda mais esquisito.

— Mas não precisava ser tão rápido.— Ironizou apressando os passos para me acompanhar.

— Então era só não ter enlouquecido.— Falei sorrindo sarcástica.— Que papelão você fez.— Complementei com cara de nojo.— Steve nem é nerd. Eu estar com ele não mancharia sua "imagem".— Expliquei fazendo aspas com as mãos.— Por que se importa?— Perguntei inclinando o rosto para encará-lo. Louis não me encarou de volta, porém sua face estava séria.

— Ele é um babaca.— Afirmou seco depois de ignorar a pergunta por um instante.

— E você não, né?— Perguntei utilizando sarcasmo. É incrível o nível de hipocrisia desse menino. Steve até pode ser meio metido e playboy, mas Louis é mil vezes pior.

— Eu sou bem melhor do que aquele cabelo de gel barato.— Falou de maneira óbvia e confiante.

— Ah, claro.— Concordei ironicamente ao pararmos na frente de uma sala, onde acredito ser a enfermaria. Abri a porta me deparando a área ambientada de utensílios hospitalares. Louis em sequência sentou na maca que tinha encostada na parede.

— Se você fizer algo desse tipo outra vez...— Comecei a ameaça expressando determinação.— Juro que conto pro Elliot.— Garanti me aproveitando de algo que eu sabia ser de grande influência sobre ele. O garoto aparentava estar atingido, entretanto seu sentimento se transformou em ódio.

— Conta.— Instigou de modo amedrontador.— Eu também te faço um juramento.— Falou levantando da maca.— Se você contar eu juro fazer da sua vida um inferno.— Disse cada palavra com intensidade.

— Você já faz desde que entrou nela.— Afirmei encarando no fundo dos seus olhos. Aquele par de olhos castanhos estava em chamas, chamas das quais acredito serem de ódio, mas algum coisa dentro de mim me dizia existir outro significado.

— Aí estão vocês.— Uma senhora entrou sala aparentando desagrado. Quebramos nosso contanto visual, logo levando toda nossa atenção até a nova pessoa dentro do ambiente.

— Nos conhece?— Questionei não compreendendo a fala dita. Nunca vi essa mulher na vida.

— Depois daquele chilique? Sim.— Confirmou se aproximando de Louis para tratar o machucado. De certo é a enfermeira da escola, percebi agora pela bata que ela está vestindo.

— Vá lavar na pia.— Orientou apontando para um local mais afastado do grande cômodo. Louis assentiu desleixado e foi realizar o solicitado. Aquilo deve estar doendo pra caramba, vai ficar roxo de certeza.

— Seu namorado deveria aprender a se controlar.— Murmurou pegando um kit de gaze na gaveta. Tossi seco ao escutar sua recomendação. Pelo visto ela não estava perto o suficiente para escutar Steve falando sobre sermos irmãos.

— E-ele não é meu namorado.— Gaguejei negando ainda atordoada com o que ouvi.

— Eu acho que você deveria falar isso pra ele.— Iniciou retirando remédios de caixas pequenas.— Só o amor te deixa tão louco assim, querida.— Contou com propriedade.— E tão burro desse jeito.—Complementou seguindo na direção do garoto após revirar os olhos.

Espera... O que?!