Don't be alone

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Ficar trancada dentro de um quarto estilo princesinha com uma desconhecida está sendo definitivamente uma tortura. Aposto que ele pertence à irmã do Mike, isso confirmaria minha hipótese sobre ela ser metida.

Fitei o mural de fotos que havia pregado em uma das paredes, eram fotos antigas da infância de alguém, que logo reconheci ao ver uma foto mais recente de Nancy e Steve juntos.

— Que fofa, nem parecia que ia virar uma esnobe.— Julguei focada na foto que ela estava vestida de bailarina quando tinha uns cinco anos.

— Olha, por muito tempo eu achei que Nancy Wheeler fosse a miss perfeitinha esnobe.— Robin assumiu iniciando um depoimento.— Mas depois que a conheci de verdade... Percebi que isso não passava de um estereótipo ridículo.— Disse em defesa da garota.

— Nancy é um amor mesmo.— Ironizei rindo de maneira cínica.— Viu como ela me tratou bem?— Perguntei sarcástica enquanto sentava sob a cama.

— Ela só estava com ciúmes.— Revelou me deixando confusa. Robin viu que eu não tinha compreendido, então decidiu ser mais direta.— Do Steve.— Disse como se isso estivesse claramente perceptível.

— Ãn?— Emiti franzindo o cenho exageradamente. Essa garota tá viajando na maionese. O que eu teria haver com a Nancy sentir ciúmes do Steve? Credo.

— Eles namoraram por um tempo e depois terminaram, mas acho que a Nancy ainda não superou.— Explicou dando um riso disfarçado.— Steve ter chegado com você de certo a incomodou.— Supôs presumindo estar certa.

— Chegado comigo?— Repeti sem acreditar no que ouvi.— Chegamos em grupo, eu e Steve não estávamos sozinhos.— Constatei o óbvio.— Fora que não fizemos nada pra ela deduzir que temos algo, o que eu garanto que nunca vamos ter.— Esclareci fazendo cara de nojo.

— Ah, sabe como é.— Disse sem jeito.— Você é gata e o Steve estava olhando pra você.— Contou simples. Agora quem está sem jeito sou eu. Não sei reagir a elogios, até porque quase nunca recebo um. Sou costumada a receber ofensas, todos os dias alguém me xinga, e esse alguém obviamente é Louis.

— Ele não estava olhando pra mim.— Afirmei desviando do elogio.— E se estivesse seria por pena. Não sei se você tá ligada, mas talvez eu vá bater as botas amanhã.— Relembrei bufando em pura exaustão.

— Sinto muito.— Murmurou parecendo não saber exatamente o que falar.

— Que bom que você sente, porque ninguém parece sentir.— Falei me esparramando na cama ao fingir estar despreocupada. Empatia é algo desconhecido por aqui, principalmente quando se trata do idiota Mike. De repente a porta do quarto foi aberta, revelando a figura de Steve.

— Entramos num consenso.— Steve comunicou pronto para repassar o plano.— Você e a Nancy vão atrás do Victor Creel no manicômio, conseguimos dois currículos falsos de psicologia.— Afirmou se dirigindo a Robin. Manicômio? Era bom eles irem junto, aí já se internavam de vez.— Isso enquanto eu e os meninos vamos tentar tirar a Eleven daquele laboratório.— Contou cruzando os braços.

— Onde eu fico nessa história?— Perguntei levantando meu corpo deitado na cama e me sentando de frente para a porta.

— Então...— Murmurou pensando em como explicar.— Achamos melhor você não ir com a gente.— Revelou direto.— Invadir o laboratório vai ser arriscado, você já está correndo riscos demais.— Alertou dando uma de responsável.

— E me deixar sozinha não vai ser um risco?— Argumentei lhe lançando outra pergunta.

— Sim.— Respondeu de imediato.— Por isso mesmo te levaremos pra sua casa.— Justificou mostrando a ideia deles.— Você fica lá na companhia da sua família, sem contar sobre o Vecna é claro, e depois voltamos pra te buscar.— Detalhou orientando minhas atitudes.

— Quem disse que meus pais estão em casa?— Indaguei os julgando por terem feito uma suposição tão incerta.— Eles saíram no meio da tarde e não disseram que horas voltariam, e se voltam ainda hoje.— Constatei me recordando de que os mesmos viajaram no meio da semana sem avisar, quem dirá no final de semana.

— E seu irmão?— Perguntou sugerindo outra alternativa, e que alternativa falida. Era capaz de Louis ajudar o Vecna a me matar.

— Também saiu.— Falei seca.— Foi pra tal de uma reunião com Jason e outros babacas do time de basquete.— Contextualizei revirando os olhos. Steve franziu o cenho pensativo, ou talvez ofendido por fazer parte do time. Se bem que o excluíram naquele maldito jogo, então eles não devem ser amigos.— Mesmo que Louis ou meus pais estivessem em casa, o que eles poderiam fazer pra impedir o Vecna?— Questionei achando inútil.— É melhor eu ir com vocês.— Propus a alternativa mais correta na minha visão.

— E o que nós poderíamos fazer?— Perguntou retoricamente.— Ir pro laboratório só vai te colocar em mais perigo.— Argumentou persistindo no plano inicial.— Acho que sei onde Louis está, podemos buscá-lo e levar vocês dois pra casa em seguida.— Sugeriu praticamente se decidindo.

— Não!— Neguei determinada.— Ele vai fazer um escândalo se me ver com você.— Falei sem pensar, logo percebendo a merda que eu havia dito.— Quer dizer... Com vocês.— Corrigi me embolando, apesar de não ser mentira.— Fora que ele não iria embora pra ficar comigo.— Afirmei convicta.

— Nem se ele soubesse que você está correndo risco de vida?— Questionou como se tivesse conhecimento de qual seria a resposta. Então... Como explicar pra ele que Louis tá pouco se fudendo pra mim?

— Você disse que não era pra contar sobre o Vecna.— Ressaltei sua fala de instantes atrás. Contar essa história pra Louis seria uma total perda de tempo, se for assim é melhor eu ir logo pro manicômio com Robin e Nancy, aí adianto o processo dele me mandar pra lá.

— Não precisamos contar a verdade. É só inventar uma história de que você estava passando muito mal. Sei lá... Teve um desmaio, e agora precisa de assistência.— Esquematizou no improviso.

— Louis? Me dar assistência?— Falei me segurando pra não rir, contudo uma lembrança dessa semana subitamente invadiu meus pensamentos. "Cuidado, pirralha.— Falou se levantando da cama primeiro com pressa, logo fazendo eu me apoiar nele ao levantar."

— Vai me dizer que ele não se importa com você?— Perguntou utilizando sarcasmo, certamente recordando de algo, que aposto ser a briga no jogo de basquete.

— Eu tô dizendo, não vai dar certo Louis me ver com vocês.— Retomei outro ponto para fugir da resposta.— Brigamos feio hoje por eu ter estado perto do suposto assassino da Chrissy e seu grupinho.— Revelei não ligando mais em me expor, quero apenas tirar essa ideia da cabeça de Steve.

— Que tal...— Refletiu procurando uma solução.— Robin!— Disse tendo uma nova ideia.— O Partridge não tem nada contra você, até onde eu sei.— Constatou quase com certeza.— Você pode levar a S/n, eu te empresto meu carro, o laboratório é aqui perto de qualquer jeito.— Propôs acreditando que daria certo.

— Eu não tenho carteira de motorista.— Afirmou fazendo uma cara de estranheza forçada.— Além de que eu vou pro manicômio com a Nancy.— Relembrou sua tarefa no plano.

— Você não tem carteira de motorista?— Perguntou querendo se certificar, parecendo achar aquilo um absurdo.

— Eu sou pobre!— Exclamou como se fosse óbvio. Steve reagiu bufando.

— Mas pera, a Nancy dirige, vocês podem pegar o Partridge, levar ele e a S/n pra casa e seguir caminho pro manicômio.— Explicou adaptando o contexto.— É bom que a Nancy tem carro e eu não preciso emprestar o meu.— Finalizou otimista.

— Por que precisa tanto ser de carro?— Indaguei sem entender.— Essa cidade é um ovo.— Afirmei ofendendo nas entrelinhas.

— Louis deve estar na casa de Jason, que fica numa área mais afastada da cidade.— Contou com propriedade, aparentando já ter ido lá.

— Enfim...— Murmurei infelizmente cogitando a possibilidade. Não quero ficar sozinha em hipótese alguma, e se ir para esse laboratório é de fato tão perigoso quanto o Vecna... Que seja.

𝐒𝐭𝐫𝐚𝐧𝐠𝐞𝐫 𝐛𝐫𝐨𝐭𝐡𝐞𝐫- 𝘓𝘰𝘶𝘪𝘴 𝘗𝘢𝘳𝘵𝘳𝘪𝘥𝘨𝘦Onde histórias criam vida. Descubra agora