Capítulo 7

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- Para de palhaçada. - Ele segurou o braço da esposa que tentava sair do quarto. - Só fiz um comentário.

- Você disse que eu tentei estuprar você. - Falou alto, mas logo abaixou o tom por causa das meninas. - Isso é ridículo.

Ele não discutiu mais, puxou a esposa pra um beijo e ela enfim calou a boca, tinha conseguido o que queria, sexo.

Um sexo bem monótono, um sexo sem empolgação e vontade. Tinha sido horrível. Ele não ia conseguir salvar seu casamento como Sophia tinha incentivado, aquilo não tinha chance de dar certo.

Quando terminaram, ele se levantou em silêncio e foi tomar banho. Quando voltou, Lilian foi e a certa altura, os dois estavam deitados, ela em seu peito.

- Não sei porque brigamos tanto. - Ela brincava com os dedos em seu abdômen. - Podíamos maneirar.

- Já percebeu que quem briga comigo é você? - Debochou. - Toda vez que eu chego em casa!

- Não é assim. - Falou baixinho. - Você me dá motivos.

- Lilian, você inventa amantes diferentes pra mim todo santo dia. - Ele olhava pro teto. - Eu não posso me atrasar, eu não posso rir ao telefone, eu não posso estar feliz. E não, eu nunca fiquei com outra mulher.

- Me desculpa. - Ela se sentou e encarou o marido. - Não andamos bem e eu sei que você fica aqui por causa das meninas. Você não me procura, a gente não sai, não temos uma conversa decente. É lógico que eu tenho que pensar que você tem outra na rua.

- A gente só casou por causa das meninas e você sabe disso. - Rolou os olhos. - Mas a gente sempre foi amigo e eu sempre te respeitei, não vou deixar de fazer isso.

- Você nunca me amou né? - Ela suspirou. - Estamos juntos há dezoito anos e tudo que existiu entre nós foi amizade?

- Não complica as coisas. - Desconversou. - Vivemos bem, formamos uma família. Não é o que importa? Aliás, viviamos bem, já faz tempo que a situação nessa casa não é das melhores.

- Eu amo você, amo nossa familia. Me desculpa se eu te sufoco as vezes. - Colocou as mãos no rosto dele. - Vamos tentar fazer isso dar certo, pelas meninas.

- Lilian, as meninas já cresceram, você percebeu isso né? - Ela fez uma expressão confusa. - Acho que elas aguentam a verdade.

- Você está me pedindo o divórcio? - Tirou as mãos do marido, ele respirou fundo. - A gente fez amor agora há pouco e você está pedindo o divórcio?

- Não pedi, eu disse que elas aguentariam a verdade. Não tem nenhuma criancinha aqui.

- Eu não vou te dar divórcio nenhum, você sabe disso. - Ele rolou os olhos e se deitou, sem ter o trabalho de responder. - Eu já disse que vou parar de te sufocar, se você fizer a sua parte, vamos voltar a ser felizes juntos.

- Tá bom, Lilian. - Ele ainda encarava o teto. - Se é o que você quer, a gente tenta, afinal, sempre fazemos o que você quer, não é?

- Não fala assim...

- Que tal sairmos amanhã? - Ele interrompeu a esposa e ela sorriu, surpresa. - Jantar fora, o que acha?

- Ótimo! - Disse empolgada. - Vai ser ótimo, precisamos disso mesmo.

- Eu sei. - Forçou um sorriso. - Agora vem, deita aqui porque eu preciso descansar. - Lilian se aconchegou e ele fechou os olhos pra dormir. Naquela noite, sonhou com Sophia.

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- E aí, galerinha! - Sophia disse empolgada ao encontrar o grupo de amigas no tempo em que não tinham aula. - Como estão?

- Você parece bem animada! - Lua comentou e Soph deu um sorriso. - Como foi o jantar com o cara mais velho?

- Você realmente saiu com um homem casado? - Nath bufou. - Eu pensei que fosse cair em si.

- Eu não fiz nada com ele, só conversamos. - Ergueu as mãos em sua defesa. - Léo explicou os motivos pelos quais quer separar, eu falei um pouco do divórcio dos meus pais...

- E aí? - Mel tinha os cotovelos na mesa e a cabeça apoiada nas mãos. - Vão se encontrar de novo?

- Não sei, eu incentivei ele a tentar mais uma vez, dar outra chance pro casamento. - Nath se surpreendeu. - Se ele tem tanto receio do divórcio por causa das filhas, não há mal em tentar novamente.

- Muito bem, tomara que dê certo. - Nath sorriu, pela primeira vez. - Queria que meu pai encontrasse alguém que o fizesse ver que o melhor é manter o casamento, mas ele só deve achar vagabundas aproveitadoras por aí.

- Mas sabe, Léo é um gato, ficarei triste de nunca ter usado aquele corpinho... - Nath rolou os olhos. - Sonhar não é pecado, Nathaly. E você só tá assim com esses pensamentos porque seus pais estão separando agora. Daqui há anos, você nem vai lembrar mais, vai ser como eu.

- Sai fora Sophia, nunca vou separar outra família. - Sophia rolou os olhos. Sentiu o celular vibrar e puxou o celular, sem responder a amiga.

Eu juro que tentei, mas minha nossa, como é difícil! - Sophia sorriu ao ler e podia sentir o olhar das meninas em cima dela. - Ela criticou a rosa, brigou comigo porque se eu nunca lembrei dela, era suspeito lembrar agora. Foi uma péssima ideia.

Isso só prova que você devia levar mais flores pra sua esposa. Rsrs. - Sorriu e então olhou as amigas. - Que foi gente? É proibido sorrir?

- Foi ele que te mandou mensagem agora? - O tom de Nathaly era de acusação. - Foi, né? Você não consegue nem fechar esse sorriso besta do rosto.

- Ele disse que não deu muito certo a tentativa de ficar bem...

- Não vai dar certo nunca, ele quer comer você. - Falou alto e algumas pessoas olharam. - Mesmo se der certo, ele não vai te contar!

- Você está insuportável. - Foi só o que disse e saiu de perto das amigas, indo pra aula de ética que tinha puxado nesse semestre.

Sentiu o celular vibrar novamente e o pegou, aproveitando que estava cedo e o professor não estava ali ainda.

Ou talvez eu deva parar de te dar ouvidos. 🙄 Esse casamento está fadado ao fracasso, não interessa o que eu faça. - A loira sorriu e logo tratou de responder a mensagem.

A briga foi feia? - Não queria admitir, mas estava mais empolgada do que deveria, pelo menos até vir a resposta seguinte, que a fez murchar completamente.

Ela bem que tentou, mas eu calei a boca dela com um beijo e acabamos na cama. Resumindo, agora eu tenho um encontro pro jantar. Olha aí o que você me arrumou?! - A pontada de decepção a atingiu em cheio, e foi aí que percebeu que não queria que aquele estranho se entendesse com a esposa. Egoísmo de sua parte, afinal, nem o conhecia...

Súbito AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora