Capítulo 126

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Os outros dois dias de internação, Micael não conseguiu falar com Sophia. Ela estava sem celular, tinha ficado na casa dele e Branca havia deixado ordens expressas para que ele não pudesse entrar. Por mais que fosse ele o responsável por pagar a conta do hospital, Branca julgou que era obrigação, afinal a menina só estava ali porque ele a tinha engravidado.

- Oi, pai. - Nataly apareceu cedo na casa do pai, antes mesmo de ir pra faculdade, estava com Rafael. - Bom dia!

- Não sabia que vinha aqui. - Estranhou e deu passagem aos dois. - Aconteceu alguma coisa?

- Nada, só viemos buscar a bolsa da Sophia. - Ela disse bem humorada e viu o pai rolar os olhos. - Vou levar pra ela depois da aula hoje.

- Um momento. - Foi até o quarto buscar e logo voltou com ela em mãos. - Aqui, vê se fala pra ela me ligar.

- Ih, não sei não, ela tá proibida de namorar você. - Nathaly gargalhou. - É uma delícia não é?

- Fica me zoando que eu volto a proibir esse namorinho de vocês em dois tempos. - Implicou. - Ai vamos ficar todo mundo na mesma situação.

- Proíbe nada, você não tem motivos. - Deu uma piscadinha. - Me dá aí aquelas camisinhas que compramos outro dia, pelo visto você não vai usar mesmo! - Implicou mais um pouco e viu Rafael ficar sem graça.

- Nathaly, pelo amor de Deus. - Ele estava vermelho. - Limites!

- Meu pai sabe que é brincadeira, gatinho. - Ela disse rindo e caminhou até o pai. - Te amo, viu. Até mais tarde.

- Eu não vou pro escritório hoje. - Comunicou e a menina franziu a testa. - O médico acha que o meu trabalho estressa, não autorizou. Tenho que ficar de molho umas semanas, ir lá fazer exame e só então posso voltar a trabalhar. - Suspirou e encarou a filha. - Isso se você não me matar antes, não é?

- Jamais faria isso! - Sorriu. - Mas sendo assim, eu estou de folga também, né?

- Até parece! - Foi a vez dele dar risada. - Alguém tem que estar lá pra atender os telefonemas e dizer que estou afastado. Fora que eu acho que Arthur e eu vamos contratar alguém temporário. Então, meu amor, seu trabalho segue igual.

- Saco! - Reclamou. - Sério, eu não já te paguei esses quinze mil, não?

- Quanto tempo faz desde que gastou o dinheiro? Três meses? - Ele a olhou com deboche. - Você acha que uma secretária de meio período recebe mais de cinco mil reais por mês? Se eu deixasse você de castigo por quinze meses, já estaria sendo generoso.

- Você nunca foi tão cruel. - Fez beicinho. - Eu ando uma ótima filha, você devia levar isso em consideração.

- Estou levando tudo em consideração, agora vai pra aula. - Apontou pra porta. - Preciso pensar no que eu vou fazer pra ocupar a minha mente.

- Tudo bem, não está mais aqui quem falou, mas você podia mesmo pensar em ocupar a mente pensando no meu castigo e em quanto eu já sofri nele. - Deu outro beijinho no pai. - Depois eu venho te ver. - Saiu porta afora puxando o namorado mudo.

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Sophia caminhava lentamente até a porta depois de ouvir no interfone a voz da amiga. Quando abriu, recebeu um abraço caloroso, mas sentia desconforto e então logo se afastou, voltando a passinhos curtos pro sofá.

- Você não devia estar sozinha em casa. - Constatou quando viu a amiga se sentar com dificuldade. - Parece terrível.

- E é terrível. - Suspirou. - Dói feito o inferno, tenho medo até de abaixar pra colocar a calcinha. Minha mãe tem sido um anjo nessa parte. Ela foi ao mercado rapidinho.

Súbito AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora