Capítulo 47

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- Vai sair? - As mulheres da casa estavam na sala observando quando Micael saiu do quarto, perfumado e arrumado pra sair. - A essa hora? - Lilian olhou no relógio que tinha na parede.

- Vou. - Não estava pretendendo dar muitas explicações. - Mas o celular vai ficar no bolso. Qualquer coisa liguem, se eu não atender, insistam.

- Você não vai sair com a ninfeta né? - Nathaly perguntou já irritada. - Não acredito que está fazendo isso com a gente!

- Quando você começar a falar dela direito, talvez eu comece a responder as suas perguntas. - Cruzou os braços esperando que a filha reformulasse a pergunta.

- Você vai sair com a Sophia? - Disse o nome contrariada.

- Não, Nathaly. - Respondeu pacientemente. - Você sabe muito bem que ela nem fala comigo mais. - Evitou olhar pra Lilian nesse momento. - Vou sair com Arthur. Será que acabou o interrogatório ou faltou mais alguma coisa?

- Não... - Ela respondeu baixo. Micael deu um beijinho em Bruna e então se despediu das demais com um simples "tchau" e saiu porta afora. - Eu não mereço um beijo de despedida? - Reclamou com a mãe.

- Ele está chateado com você. - Lilian deu de ombros. - Você exagera.

- Eu exagero? Ele namora uma amiga minha e você diz que eu exagero? - Se levantou indignada. - Você vai me dizer que eu estou errada?

- Filha, seu pai é adulto e toma as decisões dele. - Nath viu a mãe suspirar. - Ele está aqui nessa casa por causa da minha doença e não porque sente algo por mim, vocês duas sabem disso.

- E você aceita isso assim? - Nath ficou de pé, tinha as mãos na cintura. - Você devia tentar fazer alguma coisa! Eu sei que ainda o ama.

- E eu vou fazer o quê? - Ela olhou para si. - Você já me viu? Eu sou uma dona de casa de meia idade, careca, com câncer de mama e prestes a perder os seios. Como você quer que eu entre numa competição com uma jovem e linda estudante de direito?

- Não existe essa competição, ele não vai ficar com ela. - Cruzou os braços com uma expressão que assustou a mãe. - Não enquanto eu estiver aqui.

- Nathaly, seu pai merece viver! - Defendeu. - Eu também não concordo, mas não é como se ele tivesse saído de casa ontem. Já se passaram meses e quando aconteceu eu ainda era linda e saudável. Você precisa aceitar.

- Fala sério, mãe! - Gritou e assustou a mãe que não esperava por aquilo. - É o meu pai, é nossa família, tá desmoronando e parece que você não liga!

- Eu ligo, eu amo seu pai. - Suspirou. - Mas não tem o que fazer. Ele sempre foi bem decidido e determinado. Você acha que eu gosto de ver ele saindo do jeito que saiu agora? - Apontou pra porta. - Ele pode até encontrar o Arthur, mas eu duvido que não vai ter mulher no meio.

- Então fala com ele! - Se sentou de novo perto da mãe e segurou suas mãos. - Quem sabe se você falar com jeitinho...

- Você é bem jovem ainda, filha. - Lilian lhe deu um beijo na testa. - Quando amadurecer mais um pouco, vai entender. Hoje é sexta, vai namorar!

- Nem sei se tenho um namorado mais. - Resmungou. - Desde que tudo estourou eu não mandei mensagem pra ele...

- Você está deixando essa história te afetar demais. - Recebeu um carinho da mãe. - Se você gosta desse rapaz, o que ele tem a ver com as coisas que a irmã faz?

- Você tem razão, eu vou ligar. - Sorriu. - Eu te amo tanto, mãe.

- Eu sei que ama. - Sorriu também. - Liga e vai sair com ele pra se divertir. Só precisa me avisar se for chegar muito tarde, não quero ficar preocupada.

- Tudo bem! - Se levantou novamente e foi procurar o celular.

- E você minha princesa. - Abriu os braços pra Bruna e ela foi se sentar perto da mãe. - Minha companheira de sempre, o que vamos assistir?

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Micael chegou no restaurante indicado por Arthur um pouco antes e não encontrou o amigo lá. O metre o levou para uma mesa onde pode pedir um vinho e olhar bem o cardápio enquanto o amigo não chegava.

E quando chegou, acompanhado da mulher com quem teria um encontro, Micael olhou com surpresa, parecia brincadeira.

- O que significa isso, Arthur? - Ele disse sério, antes até de dar boa noite.

- Boa noite, né Micael?! - Respondeu forçando educação. - Essa aqui é a Lua.

- Ah, jura? - Ficou de pé ao lado do amigo. - Isso aqui é alguma brincadeira de mau gosto?

- O quê? - Franziu a testa e olhou pra Lua sem entender. A menina sorria. - Vocês se conhecem de onde?

- Ela é amiga da Sophia, Arthur. - Rolou os olhos e se sentou novamente.

- E da Nathaly. - Lua completou. - Essa saída acabou de ficar muito mais interessante.

- Por essa eu não esperava. - Arthur gargalhou. - Eu tentando levar você pra esquecer essa bagunça toda e aí... - Eles se sentaram.

- Pois é, muito obrigado! - Debochou. - Desculpa o mau jeito, Lua. Tudo bem com você?

- Tudo sim, com você pelo visto não. - Se referiu a taça de vinho que ele tinha acabado de virar. - Não acha melhor ir com calma.

- Eu preciso beber, só o álcool pode me ajudar nesse momento. - Ergueu a mão pra chamar o garçom e pedir outra taça. - Esse encontro vai ser horroroso.

- Desculpa, eu não sabia. - Arthur se defendeu mais uma vez. - Agora quando eu conhecer alguma garota vou perguntar se ela conhece a sua filha ou sua ex namorada antes. - Micael fez uma careta.

- Muito romântico você num encontro comigo dizendo que vai conhecer mais garotas. - Lua brincou, mas sua expressão séria fez com que Arthur se sentisse culpado. - Muito bem.

- Desculpa! - Pediu baixo. - As vezes eu falo demais, era só pra ser uma piada, eu gosto de implicar com ele. - Apontou pra Micael. - Essa história da filha ser amiga da namorada é boa demais.

- Cala sua boca, Arthur. - Repreendeu. - Meu Deus, como fala asneiras. Você me arrastou até aqui pra esquecer isso, se for pra ficar falando, eu vou embora!

- Pode ficar sentado, você não vai a lugar nenhum. - Falou sério e Micael ergueu uma sobrancelha. - Hoje você só vai embora depois de beijar na boca de alguém, antes disso, não tem chance.

Súbito AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora