Capítulo 63

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- Eu não. - Disse com bico. - Não quero ouvir tudo o que ela vai falar.

- É sua mãe. - Resmungou. - Você está parecendo sua amiga Nathaly.

- Auto lá, não me compara com essa garota não. - Reclamou. - Limites.

- Ela que saiu de casa sem dizer nada e passou a noite fora, se lembra? Quando descobriu sobre a gente... - Sophia rangeu os dentes. - Você me mandou mensagem tranquilizando e agora está fazendo igual com seus pais.

- Eu já completei vinte anos. - Ele rolou os olhos.

- Vocês tem mania de achar que a gente liga pra idade. - Bufou. - Filho é filho, Sophia. A gente se preocupa pra sempre.

- E lá vai você falar como pai de novo.

- Não dá pra desligar, eu sou pai há quase dezoito anos. - Bufou. - Mesmo que não fale que está comigo, liga pra ela e diz que tá bem. Por mim.

- Chato. - Resmungou e pegou o celular, quando ia ligar, uma ligação recebida encheu a tela e ela se surpreendeu. - Renato? - Atendeu com a testa franzida. - É você mesmo?

- E quem mais seria, Sophia? - Respondeu sem paciência. - Onde é que você se meteu?

- Como é que você sabe que eu sumi? - Se levantou da cama e começou a andar de um lado pro outro. - Quem te ligou?

- A irresponsável da sua mãe. - Reclamou. - Nunca vi perder uma filha de vinte anos. Tá desesperada aqui do meu lado.

- Ei, não chama a minha mãe de irresponsável. - Defendeu. - Irresponsável é você que sumiu.

- Vem pra casa, temos muito o que conversar. - Bateu o telefone na cara de Sophia que olhou o namorado perplexa.

- Se veste. - Começou a catar as roupas e a se trocar. - Você precisa me levar em casa.

- O que foi que rolou hein? - Ele perguntou interessado, mas sem se mexer. - Parece transtornada.

- Esse velho filho da puta aparece do nada pra falar mal da minha mãe e de mim. - Xingou e viu Micael arregalar os olhos. - Pelo visto ele está lá em casa. Eu vou fazer esse velho infartar é hoje.

- Se acalma. - Se levantou da cama. - É seu pai.

- Pai é o cacete. - Rosnou pra Micael. - Ele me abandonou, tem a família dele, não vai aparecer do nada e me dar bronca não. O que a Nathaly faz com você vai ser fichinha perto do que eu vou fazer com ele.

- E eu achando que seria uma linda noite pra dormir de conchinha e fazer amor de madrugada. - Rolou os olhos e foi procurar uma roupa pra vestir. O apartamento não era muito longe da casa de Sophia. - Eu não vou subir. - Disse estacionado na frente do prédio. - Sabe disso né?

- Tá com medo do Renato? - Ela então deu risada, a primeira desde o telefonema do pai. - Fala sério!

- Não sei se lembra, mas eu estava aí na hora do almoço com a Lilian. Vamos dar um tempo pras pessoas assimilarem.

- Está é fugindo, mas não te julgo, nem eu quero entrar aí.

- Não é bem fuga, mas sinceramente, se a minha filha viesse me apresentar um homem da minha idade e casado ainda por cima, eu botava pra correr.

- Meu pai não tem a sua idade. - Ele ergueu as sobrancelhas. - Ele já passou dos cinquenta, meus pais conheciam camisinha.

- Haha, muito engraçada. - Debochou. - Vai lá e me liga pra contar o que aconteceu. - Ela soltou um longo suspiro.

- Ih, olha lá meu irmão fugindo. - Apontou pra frente e viu Micael rolar os olhos. - Para com isso, ele não é tão escroto quanto parece. - Sem deixar o namorado responder, ela abriu a porta e o irmão a viu, caminhou até o carro.

- Onde é que você se enfiou? - Não parecia bravo e sim aliviado. - A gente ligou pra todo mundo atrás de você. Nossa mãe chegou até a ligar pra delegacia e hospitais.

- Meu Deus, como é exagerada. - Rolou os olhos. - Eu estava por aí, não precisava disso tudo.

- Me desculpa vai. - Puxou a irmã para um abraço e surpreendeu Micael que observava ainda sem pretensão de sair do carro. - Eu não devia ter feito metade das coisas que fiz. Sabe que eu te amo.

- Eu sei, mas você fica indo pela cabeça da Nathaly. - Resmungou. - E com essa de agradar os outros acaba fazendo merda. Nunca mais você encosta um dedo em mim. - Se afastou e colocou o dedo na cara dele. - Nunca mais!

- Nunca mais, não importa o que você faça. - Prometeu. - Mas isso não me impede de te dar bronca. - Puxou a irmã de novo. - A Nath me ligou e falou...

- Shhhh! - Interrompeu e o irmão ficou sem entender. - Como que tá o clima lá em cima? - Micael entendeu que ela havia interrompido para que o irmão não se comprometesse e achou engraçado. Sophia tentou avisar ao irmão com a cabeça e gesticulou com o queixo pro carro.

- Que foi? - Perguntou sem entender. - De quem é esse carro? - Finalmente se deu conta de que a irmã estava saindo de um carro, o alívio de vê-la bem tinha ofuscado as condições que tinha aparecido. Micael então tirou o cinto e abriu a porta, saindo do carro em seguida. - Sophia...

- Então a Nathaly te ligou? - Perguntou com a expressão séria. - Muito bom.

- Ligou. - Engoliu em seco, não tinha mais como desmentir. - Ela queria, hã, queria... - Tentou pensar numa desculpa, mas não era tão rápido.

- É sério que você não tem capacidade nem pra inventar uma desculpa? - Bufou. - Meu Deus do céu.

- Micael... - Sophia chamou sua atenção. - Por favor, né...

- Eu vou indo, qualquer coisa me liga.

- Te amo. - Disse a Micael que sorriu.

- Te amo também. - Entrou no carro e saiu. Rafael tinha os olhos arregalados. - Que foi?

- Que ceninha foi essa? - Perguntou a irmã, enquanto os dois caminhavam de volta ao apartamento. - A Nath ligou pra avisar que o pai tinha saído de casa de novo, era o que eu ia dizer. Surpreso fiquei de saber que vocês já estão juntos.

- Vai me dar outro tapa? Me chamar de vagabunda? - Se afastou pra olhar pro irmão.

- Não, eu estou quase perdendo a minha namorada, não vou me meter mais na sua vida. - Deu de ombros. - E vai que você me ajuda a convencer seu namorado de que eu não sou tão ruim.

- Engraçado, meio dia você estava me xingando, me bateu e me excluiu, agora você quer a minha ajuda? - Deu risada. - Vou ajudar não, eu vou botar pilha pra proibir mesmo.

- Você não seria capaz! - Sophia riu, bem capaz. - Eu amo a Nath e você sabe.

- Sabe, eu acho engraçado que quando eu disse que amava o Micael ninguém ligou, aí agora eu tenho que ligar pro amor de vocês? Sua namorada já me disse cada coisa terrível, já avançou em mim mais de duas vezes, é falsa pra caramba. Não vejo motivos pra ajudar.

- Você vai ajudar pelo seu irmão. - Sorriu. - Ele vai fazer o que for pra te agradar, diz que eu não sou tão ruim quanto pensa e pra desistir disso de proibir a gente de namorar.

- Quando a Nathaly vier pedir a minha ajuda, eu considero.

- Meu Deus, como você é cruel! - Balançou a cabeça, sem nem imaginar que a irmã já tinha intercedido pelo casal e então os dois entraram no apartamento.

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