Capítulo 64

240 20 4
                                    

- Graças a Deus! - Branca disse quando viu Sophia passar pela porta. - Nunca mais faz isso. - Correu pra abraçar a filha. - Não me interessa se é maior de idade, eu quase morri de preocupação.

- Não exagera mãe. - Se afastou. - Você e Rafael me trataram muito mal e eu ainda estou com raiva. - Se virou pro irmão. - Tá legal, raiva não, mas estou chateada. Vocês deviam ter ficado do meu lado, mas não foi o que aconteceu.

- Eu sei! - Ela resmungou. - Mas você estava fazendo um escândalo!

- Eu fiz um escândalo porque vocês não tiveram consideração de falar a verdade pra mim. - Rangeu os dentes. - Podiam ter dito que eles viriam aqui e que não era pra eu estar presente que eu ia dar um jeito, ou ficava no quarto, ou saia com o Lucas. Mas vocês preferiram mentir!

- Tá bom, a gente já sabe que errou. - Rafael falou de longe. - Eu ainda mais, já me desculpei.

- Eu não vim aqui pra falar com nenhum de vocês dois. - Se virou para o pai. - Eu quero falar com o Renato.

- Renato? - Ele, que ainda usava um terno e gravata provavelmente por ter saído do emprego e ido direto pra lá, se levantou do sofá e foi pra perto dos demais. - Pai!

- Que pai o quê. - Disse com raiva. - Você foi pai até meus dez anos e olhe lá.

- Não é bem assim que funciona. - Apontou um dedo pra ela. - Vou ser seu pai o resto da vida e você me deve respeito.

- Olha, Rafael, o velho tá gagá. - Bufou. - Se manca Renato, ninguém precisa de você aqui.

- Sua mãe me ligou desesperada porque você estava sumida e não atendia o celular. Uma grande irresponsável que não devia ter ganhado a guarda dos meus filhos.

- Eu já falei pra você não chamar a minha mãe de irresponsável. - Gritou. - Você foi embora e nem olhou pra trás. Precisamos de você muitas vezes de lá pra cá. Rafael se tornou homem sem você por perto e muitas vezes eu precisei de uma figura paterna e não tive. Você é o irresponsável.

- Eu briguei por vocês na justiça.

- Você queria atingir a minha mãe que a gente sabe. - Toda conversa era exaltada. - Você foi embora de casa com uma rapariga. Não faz questão de dar um telefonema e acha que pode aparecer aqui e me dar bronca.

- Posso te dar bronca quantas vezes quiser, eu sou sei pai, insolente. - Olhou pra Branca. - Você fez um péssimo trabalho com essa menina. Mal educada, respondona, a menina faz o que quer, some e não dá notícias e pelas roupas que está vestindo deve ser uma piranhazinha de quinta. - Sophia acertou um tapa no pai e todo mundo prendeu a respiração por alguns instantes. - Você ficou louca?

- Piranhazinha de quinta é a sua mulher e a sua filha com ela. - Disse com raiva. - Eu não sou mais uma criança e mereço respeito. Agora você pode ir embora e nunca mais voltar?

- Eu vou te dar a surra que nunca dei. - Avançou pra cima da filha, mas Branca se enfiou na frente. - Sai da frente, Branca. Eu vou dar um pingo de educação pra essa criatura.

- Você não vai encostar um dedo na minha filha. - Avisou. - Vai embora, Renato. Foi um erro ter ligado pra você. Não sei de onde eu tirei que você teria um pouco de preocupação com a sua filha.

- Mal agradecida, foi por isso que eu te larguei, você nunca deu valor as coisas que fiz por você. - Tinha um tom de nojo. - Mas tudo bem, eu vou embora e deixar você com esses dois inúteis, que provavelmente só servem pra dar despesa e preocupação. - Saiu sem ouvir resposta de mais ninguém. Bateu a porta.

- Nossa, como eu quero que o fim desse velho decrépito seja horrível. - Sophia praguejou. - Aquela esposa troféu tem que abandonar e ele morrer sozinho.

- Sophia, deixa de ser horrível. - Branca fungou e então se sentou. - Eu não devia ter ligado.

- Ele que não devia ser ridículo, para de se culpar atoa. - Rafael e Sophia se sentaram ao lado da mãe. - Você é incrível, mesmo vacilando as vezes. - Sophia fez uma careta. - Você é incrível, não se abala por causa daquele sem noção. E graças a Deus que ele largou a gente, imagina ter que conviver todo dia? Eu tenho é pena daquela família dele.

- Eu acho que preciso me deitar. - Se levantou. - Esse dia parece que não vai ter fim nunca. Não vai embora Sophia, espero te ver aqui amanhã.

- Tá bom. - Ela deu um beijo nos meninos e então sumiu de suas vistas. - Tadinha.

- Você é bem afrontosa né. - Rafael brincou. - Que tapão!

- Você que é frouxo. - Rebateu. - Ele me chamou de piranhazinha de quinta. É brincadeira né? Eu sou uma piranha de respeito e não de quinta. - Brincou.

- Fala sério! - Rafael deu risada. - Para de falar merda.

- Vou pro meu quarto. - Se levantou ainda rindo. - Botar um pijama.

- E ligar pro pai da Nath. - Ele rolou os olhos e ela que já estava há uns passos de distância se virou de volta. - O que eu falei de errado?

- Ele tem nome. - Disse levemente irritada. - Micael. Se você quer que eu te ajude com a sua namorada, pelo menos se esforça pra fingir que me apoia.

- É difícil te apoiar nisso. - Cruzou os braços. - Ele veio aqui hoje com a esposa dele e agora já está com você. E aí sou eu que não presto e não posso namorar com a filha dele.

- Lilian que pediu o divórcio. - Soph defendeu. - Não que seja da sua conta. - Eles eram oito ou oitenta ou estavam se amando abraçados ou brigando como gato e rato. - E ele não quer você com a filha dele porque você me bateu!

- Mas eu já pedi desculpas... - Rolou os olhos.

- Isso na muda o fato de que bateu. - Bufou. - Até amanhã, Rafael. - Ouviu um boa noite resmungado e então foi pra seu quarto. Quando estava pronta pra dormir, ligou pro amado. - Só liguei pra dar boa noite.

- E o barraco? - Perguntou curioso. Estava sem camisa, sentado na cama, comendo um sanduíche. - Me conta.

- Você é curioso né? - Disse rindo. - Esse apartamento pegou fogo, o senhor genitor me chamou de piranhazinha de quinta.

- É o quê? - Ele se engasgou com um pedaço do sanduíche. - Que merda é essa? Isso é coisa que se fale pra uma filha?

- Pois é, ele disse que pelas minhas roupas eu devia ser. - Bufou. - E aí eu bati nele.

- Você bateu no seu pai? - Deu risada. - Quando você disse que ia fazer pior do que a Nath faz comigo, eu não imaginava que ia ser tão pior. Eu quebro ela todinha antes de levantar a mão pra bater em mim.

- Você vai chamar ela de piranha?

- É claro que não! - Resmungou. - Eu nunca faria isso, nem se ela fosse!

- Então não tem comparação. - Deu de ombros. - Aquele homem é horrível. Se você ouvisse as coisas que disse pra minha mãe. Eu fiquei com pena, a coitada ficou abalada.

- Da força pra ela, situação difícil dessa, vai precisar dos filhos.

- Pois é, não sei nem se vou conseguir fugir amanhã.

- Fala sério, nosso primeiro final de semana juntos de verdade e eu vou passar sozinho. - Deu uma risadinha no final. - Eu tô brincando, amor. Só me dê notícias!

- Pode deixar, te amo. - Ouviu ele dizer que a amava e a ligação foi encerrada.

Súbito AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora