Capítulo 36

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Sophia estava arrasada quando saiu do apartamento. Pior do que da primeira vez, parecia que tinha criado mil expectativas e tudo tinha desandado novamente. Mas uma coisa era certa, quando Nath descobrisse, ia odia-la pra sempre.

Quando chegou em casa, sua mãe não estava e muito menos o irmão, agradeceu mentalmente e correu pro quarto, onde se trancou e permaneceu até o dia seguinte, depois de ter gritado pra mãe que não queria jantar, quando a mesma insistiu, mais a noite.

Chegou pra fazer a prova no dia seguinte de cara emburrada. Disse "oi" pras meninas quando passou por elas, mas não parou pra conversar, apenas seguiu pra sua sala, onde faria prova junto com Lua.

No final, quando saiu, pensou em ir direto pra próxima sala de aula, onde faria a segunda prova, mas foi impedida por Lua que a puxou pelo braço.

- Que cara é essa? - As duas estavam no canto do corredor, atrapalhavam um pouco a passagem. - Brigou com o pai da Nath? - Falou um pouco alto e Sophia olhou pra trás e para os lados pra ver se alguém tinha prestado atenção.

- Será que dá pra falar baixo? - Rangeu os dentes. - Se fosse pra todo mundo saber eu não estava vivendo nesse dilema.

- Tá legal, me desculpa. - Suspirou. - Quer conversar?

- Não, Lua. - Disse ainda irritada. - No momento eu só quero ir pra sala de aula fazer a prova, assim eu vou poder ir pra casa e me trancar no meu quarto.

- Mas que drama é esse, estava toda felizinha ontem. - Sophia bufou e saiu de perto, deixou Lua falando sozinha, não estava com saco pra aquilo.

A segunda prova foi feita e Sophia tinha certeza de que tinha ido mal, era impossível que tenha acertado mais que três questões, não tinha cabeça pra prestar atenção naquela prova idiota.

Lua se encontrou com as amigas depois da prova e ainda estava encucada com o motivo da cara fechada de Sophia.

- Vamos nos reunir lá em casa de novo? - Nath chamou as amigas. - Eu vou chamar vocês todos os dias até que topem.

- E a Sophia? - Mel perguntou após um dar de ombros. - Vamos excluir ela?

- Sophia não vai nem se a gente implorar, eu duvido. - Bufou. - Esqueceram que ela está com raiva da gente por ter deixado ela pra trás ontem?

- Ela mereceu, depois de toda luta pra esquecer aquele cara, ela foi lá e voltou com ele. - Nath disse indignada. - Qual é, ele estava com outra, não a merece!

- Eu concordo, mas não sei se devíamos ter deixado ela pra trás, é ruim se sentir excluída. - Lua defendeu. - E ela estava bem mal hoje, me parece que os dois brigaram de novo.

- Bem feito! - Nath bufou. - Eu sabia que ia quebrar a cara de novo, esse cara não é confiável. - Lua e Mel se olharam.

- Calma, Nath. - Lua pediu. - É nossa amiga, sua cunhada. Está passando por uma fase difícil, a gente devia tentar dar conselhos sem brigar, não acham?

- Não, você é a primeira a brigar. - Deram risadas. - Agora está aí com peninha.

- É que eu acho que ela realmente gosta desse cara...

- Gente, vamos lá pra casa ou ficaremos aqui conversando sobre a vida amorosa de Sophia? - Nath tinha as mãos na cintura. - Ela vai superar.

- Engraçado, você não pensa assim da sua mãe né? - Lua disparou e Nath franziu a testa sem entender a comparação. - Sempre fez um drama, não disse que ela ia superar a saída do seu pai de casa.

- Você está comparando o casamento dos meus pais, que tem dezoito anos, com um caso que a Sophia teve por quatro meses? - Colocou as mãos na cintura. - Isso é uma comparação ridícula.

- Não ué, sua mãe vai superar também. - Lua respondeu. - Questão de tempo.

- Eles vão voltar. - Ela deu de ombros. - Isso sim é questão de tempo. O que impedia era a namoradinha que ele tinha, até que parecia gostar dela, mas tem um tempinho que não fala dessa mulher, então, as coisas vão se resolver, tenho certeza.

- Tá legal, eu vou pra casa! - Lua deu de ombros.

- Isso aqui foi uma briga? - Mel disse olhado pras duas. - Já não basta a Sophia afastada da gente, vocês também vão brigar?

- Estamos bem. - Nath respondeu. - Não estamos?

- Claro que sim. - Lua balançou a cabeça.

- Então vamos lá pra casa, a gente estuda pra prova de amanhã, come algo e depois vocês vão embora. - Pediu mais uma vez e Lua contrariada topou. - Depois a gente manda mensagem pra Sophia e pergunta se está tudo bem.

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- Que cara é essa hein? - Arthur invadiu a sala de Micael e lhe deu um susto. - Muitos problemas com a Lilian? Você saiu daqui bem animadinho ontem.

- Sai. - Disse de cara fechada. - Sophia estava caindo em si, a gente ia ficar junto. Não sei o que desandou, ela terminou comigo de vez.

- Do nada? - Franziu a testa. - Sem motivo?

- As amigas dela. - Rangeu os dentes. - Me parece que as três brigaram com ela e a fizeram mudar de ideia.

- Sua filha tá empatando legal hein. - Arthur deu risada. - E nem sabe, imagina quando souber?!

- Minha vontade era de contar logo e acabar com essa tortura. - Claramente não estava feliz ao dizer aquilo. - Mas eu tenho a impressão que aí é que Sophia não olharia na minha cara!

- Eu já cansei de te dizer que namorar essas meninas novas demais dá muito trabalho. - Bufou. - Quero dizer, elas são explosivas e manipuláveis. Não esquece que ela ficou com raiva de você e agarrou o primeiro maluco que viu na rua.

- Você não deixa eu esquecer. - Se recostou e cruzou os braços. - Tenho pra mim que você adorou tanto que fica me lembrando.

- Ruim não foi. - Implicou e deu risada da careta instantânea de Micael. - Para de graça, você sabe que estou te zoando.

- Eu sei. - Disse ainda se desfazer a careta. - Não significa que eu goste. Se a gente não fosse sócio, eu já tinha te demitido há tanto tempo, Arthur.

- Pois não pode, aprenda a lidar com isso. - Gargalhou. - A propósito, você precisa contratar uma secretária. A Monique não está dando conta das minhas tarefas e das suas. Está completamente sobrecarregada.

- Eu sei, já tem meses que a Luiza saiu e eu não tomei vergonha na cara, mas agora não é um bom momento, eu não tenho saco e nem tempo pra poder entrevistar as candidatas.

- Quer que eu veja isso pra você? - Ergueu uma sobrancelha. - Ando com um tempinho livre.

- Até quero, mas você não vai colocar aqui uma garota de dezoito anos que mal sabe pensar só porque é gostosa não né? - Arthur deu risada. - Se for isso, pode até deixar pra lá.

- Vou escolher uns perfis pelo currículo sem foto. - Deu uma piscadinha. - Se as candidatas forem gostosas, a culpa não vai ser minha.

- Vai procurar o que fazer, Arthur. - Apontou pra porta. - Não sei porque converso com você. Vinte e seis anos achando que tem quinze.

- Olha só, conheci uma gata pelo aplicativo de namoro e marquei uma baladinha no final de semana. Você vai.

- Não vou pra lugar nenhum. - Balançou a cabeça negativamente. - Me erra.

- Você vai. - Disse por fim e saiu da sala de Micael, não iria debater, sabia que o amigo iria.

Súbito AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora