Capítulo 8

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Uau, estou surpresa com esse desfecho. - Foi só o que respondeu. Tratou de desligar a internet e se pôs a pensar em como é que lidaria com aquilo. Antes de tudo precisava pensar bem e tentar entender o que estava sentindo por aquele homem que tinha visto duas vezes.

Ficou avoada o resto das aulas, quando finalizou, saiu apressada e não esperou nenhuma das meninas para que fossem juntas, coisa que sempre fazia.

Nathaly vinha caminhando com Lua e Mel quando viu o carro do pai estacionado ali perto. Franziu a testa e cruzou os braços quando o viu se aproximando devagar.

- Boa tarde, meninas. - Disse educado. - Vim buscar você, filha.

- Aconteceu alguma coisa? - Pareceu preocupada. - Está todo mundo bem?

- Eu vim te chamar pra almoçar, é tão surreal assim um pai vir buscar a filha? - Se fez de ofendido. - Ou você tem plano com as suas amigas.

- Não tenho, claro que podemos almoçar. - Rolou os olhos. - A propósito, essas são Lua e Mel. - Apontou pras duas. - Meu pai, Micael!

- É um prazer meninas! - Sorriu e encantou as duas. - Mas eu tenho só meia hora, estou um pouco de pressa, lamento muito. - Elas balançaram a cabeça, Nath se despediu e então, caminharam até o carro. - Está tudo bem filha?

- Pai, você tentando puxar assunto aleatório é péssimo. - Deu risada. - Por que não conta o que quer contar? Você não viria aqui atoa, seu tempo é tão precioso. - Ele rolou os olhos e entrou no estacionamento do primeiro restaurante que viu.

- Eu preciso da sua ajuda. - Ele temeu o que viria depois daquilo. - Com a sua mãe...

- Você não vai me dizer que... - Não teve coragem de completar. - Que...

- Que eu quero sair de casa. - Completou pela filha. - Mas eu quero fazer isso de forma amigável, quero que todos nós continuemos a nos dar bem e eu sinto que sua mãe vai complicar muito isso.

- Não! - Ela tinha os olhos cheios de lágrimas. - Eu não vou apoiar isso, eu não quero que se separem.

- Você quer que vivamos do jeito que está? - Ergueu uma sobrancelha. - Brigas todos os dias, desconfianças pra todo lado...

- Se você não tivesse outras mulheres por aí... - Ele bufou. - Não adianta fazer essa careta aí, eu sei muito bem que deve ter várias amantes.

- Sua mãe é louca! - Nath fez cara feia. - Eu nunca sequer dei um beijo em outra mulher na minha vida!

- Pai, não faz isso... - As lágrimas que antes só enchiam os olhos, agora rolavam livres. - Estão juntos há quase dezoito anos, uma vida inteira. Não vale a pena separar agora, e a Bruna?

- Nathaly, eu vim falar com você porque achei que era madura o suficiente pra entender que nem eu e nem sua mãe estamos felizes nesse casamento. - Se recostou na cadeira e cruzou os braços. - A sua mãe espera de mim atitudes que eu não sou capaz de ter e eu... Bem, eu acho que mereço me apaixonar de verdade por alguém na vida.

- Fala sério, pai! - Quase gritou. - Você está dizendo pra sua filha que nunca se apaixonou pela mãe dela?

- Nath, pra que esse drama todo? - Suspirou. - Sempre fomos melhores amigos. - Tentou colocar a mão em cima da dela. - Sempre conversamos sobre tudo, eu tô tentando falar com você, mas parece que não quer ouvir!

- Não vou reagir bem a esse divórcio. - Ficou de pé. - Nem eu, nem a Bruna e muito menos a mamãe. - Saiu dali pisando forte. Micael bufou e então saiu também, sem nem ao menos comer. Não viu a filha na saída, ela devia ter pegado um táxi. Entrou no carro e foi de volta pro escritório.

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Quando você some, eu fico imaginando se está ocupada ou me ignorando. - Mandou mensagem pra Sophia, no final da tarde, estava agoniado com a falta de resposta. - Não quer mais falar comigo? Achei que ao menos fôssemos virar amigos.

Você está bem com a sua esposa, não devia me mandar mais mensagens. - Ele leu aquela mensagem, ela estava com raiva? Era ciúme ou estava louco?

Chamou Arthur em sua sala e lhe contou a história da noite anterior, logo depois mostrou as mensagens recém trocadas com Sophia e lhe pediu uma opinião.

- Ciúmes. - Respondeu sem pestanejar. - Essa mocinha está claramente enciumada. - O sorriso de Micael se abriu. - Isso é estranho, vocês não se conhecem há dias?

- Eu não sei explicar a química bizarra que tivemos. - Balançou a cabeça. - Mas ela não quis ficar comigo, ela nem cogitou isso. Ela que me incentivou a ficar bem com a Lilian e agora isso...

- Micael, me parece que você está esquecendo que ela é uma criança. - Arthur se recostou na confortável cadeira. - Se entender mulheres maduras já é difícil, imagina recém saídas da adolescência?

- Parece até que você tem cinquenta anos, se liga Arthur, você tem vinte e cinco e nunca nem casou na vida. - Ergueu uma sobrancelha. - Fica atrás das nossas estagiárias aqui o tempo todo.

- Mas é claro, como eu disse, recém saídas da adolescência são confusas, não sabem bem o que querem e são fáceis de enrolar. - Micael fez uma careta.

- Toma vergonha nessa cara, rapaz.

- Pelo menos eu não quis trair a minha esposa com alguém da idade da minha filha. - Debochou e Micael riu. - Quem é que precisa de vergonha na cara? - Micael olhou a aliança por alguns instantes...

- Acho que nós dois! - Respondeu por fim, sem nenhum traço de humor. - Vai trabalhar, Arthur. Eu preciso pensar. - Ele saiu da sala em silêncio, mas com um sorriso no rosto. Micael tratou de pegar o celular e enviar outra mensagem a Sophia.

Será que podemos jantar outro dia?  - A resposta demorou tanto, que ele chegou a pensar que não viria, então ignorando todo o bom senso, ele ligou.

- Não vai mais falar comigo mesmo? - Disse assim que ouviu um alô. - Sua mãe nunca te ensinou que ignorar os outros é falta de educação?

- Eu te mandei uma mensagem dizendo que era melhor não conversarmos mais, isso não é ignorar! - Ela não tinha um tom de voz cordial. - Eu só acho que se está tudo bem com a sua esposa, não tem necessidade de você arranjar mais problemas conversando comigo.

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