Capítulo 79

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- Tem um negócio que eu estou querendo te perguntar faz uma semana. - Sophia falou depois do banho, ambos deitados no sofá. - Nathaly comentou comigo e eu não quis importunar pelo celular.

- Já sei até o que é. - Ele riu. - Eu estou adiando essa conversa com a Nathaly faz tempo. O Arthur mentiu.

- É sério? - Segurou uma risada. - Eu achei que tinha mentido mesmo, até falei pra ela, mas ela acreditou.

- Eu trabalho igual um filho da puta, eu não sei da onde o Arthur teve a ideia de falar que o escritório tá falido. - Rolou os olhos. - Pior é ela acreditar numa coisa dessa.

- Calhou do movimento ter sido fraco naquela semana, não?

- Foi fraco porque eu estou num caso difícil, eu nem vou te falar a espécie de ser humano que eu estou tentando pensar numa defesa. Eu cancelei os clientes da semana  justamente pra me dedicar, se bobear é por isso que ela acreditou.

- Mas você não vai contar a verdade a ela? - Soph ergueu uma sobrancelha. - Ela realmente acha que você é sustentado pelo Arthur.

- Um homem velho desse, sustentado por outra pessoa. - Deu risada. - Eu não vou falar a verdade, ela acreditou e ficou um amor de menina, pediu desculpas, se sente culpada por ter gastado aquele dinheiro todo...

- Tá certo, deixa ela acreditando mesmo, estamos vivendo bem. - Sorriu. - Embora quando a rotina no escritório normalizar, ela vai descobrir.

- Ah, aí eu vou dizer a ela que a situação melhorou. - Deu risada. - Eu briguei com Arthur na hora, mas foi bom, ela fez fofoca pra mãe e agora Lilian está gastando bem menos.

- Você vai sustentar a Lilian até quando? - Perguntou séria. - Digo, ela não tem que se virar? Está curada.

- Até ela arrumar alguém que faça isso ou ela tomar vergonha e procurar um emprego. - Disse com um dar de ombros.

- E ela sabe fazer alguma? - Ele negou com a cabeça. - Vai demorar...

- A não ser que ela resolva ser faxineira, empregada doméstica, diarista... Ah, ela pode ser cozinheira também. - Bufou. - Tudo que ela já fez na vida foi ser dona de casa.

- Vish, que merda. - Balançou a cabeça. - Ainda bem que você não é um cuzão, senão ela tava fodida.

- Quanto palavrão. - Chamou atenção e ela o olhou com ironia. - Começa a se livrar disso hein, não vai querer xingar um juiz sem querer.

- Nem vem, eu já ouvi você xingando. - Ele negou com a cabeça. - Eu não sou maluca.

- Eu não disse que não xingo, só que não é tão frequente quanto você.

- Tudo bem, agora me diz, você vai cozinhar ou pedir a nossa janta? - Ele a encarou antes de dar risada. - Ué, eu fiz alguma piada, meu amor?

- A sua cara de pau, você que devia ir lá e fazer a janta! - Ela se levantou e colocou as mãos na cintura. - Não faz um discurso, eu só estou brincando.

- Você atiça meu lado feminista. - Continuou encarando séria. - Eu não sou sua cozinheira e nunca serei, acredito que você esteja muito mal acostumado.

- Estou sim. - Concordou achando graça. - Me surpreende você gostar da minha comida. Nathaly chama de gororoba.

- Eu finjo, prefiro que peça mesmo. - Foi procurar o celular. - É horrível.

- Vocês são ingratas. - Bufou. - Todas vocês. - Pegou o aparelho e começou a procurar dentre os restaurantes disponíveis.

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Sophia e Micael passaram um final de semana animado, mesmo com Nathaly ali perturbando os dois. Na segunda de manhã, eles foram para o escritório e Sophia ficou dormindo.

Ao chegar, Nathaly já ambientada com o novo trabalho, assumiu seu posto e Micael foi caminhando pra sua sala, mas antes que entrasse, uma voz feminina gritou seu nome. Se virou sem reconhecer de quem era e cerrou os olhos ao ver a mulher, que deveria ter a sua idade, tinha um sorriso bem convidativo.

- Ora, não se lembra de mim? - A mulher se aproximou e ele ainda balançava a cabeça. - Fátima!

- Fátima? Lá do Tamandaré? - Ele perguntou sem acreditar. - Como é que você surgiu aqui do nada?

- Ah, é que preciso de um advogado e uma amiga minha, que já foi cliente daqui, me indicou vocês. - O sorriso se mantinha aberto. - Mas eu só liguei o nome a pessoa quando te vi.

- Muito bom te rever. - Sorriu. - Essa aqui é minha filha. - Apontou pra menina que estava atenta a cada palavra dita.

- Um mulherão desse! - Pareceu surpresa. Nath forçou um sorriso, aquele papo de tia era terrível. - Está linda!

- Obrigada! - Foi só o que disse e a mulher logo se esqueceu dela.

- E o seu caso? - Ele cruzou os braços. - É sobre o quê? A não ser que tenha problemas com a justiça, eu não poderei te ajudar.

- Ah, não. - Balançou a cabeça em negativa. - É sobre a minha empresa e do meu ex marido. Estamos em batalha judicial e eu preciso de um bom advogado, algum pra indicar?

- Meu sócio. - Caminhou com a mulher até a porta da sala de Arthur. - Ele vai te dar toda assistência necessária. Quando terminar, bate ali na minha sala, vamos tomar um café. - A mulher assentiu e foi apresentada a Arthur, que a atendeu mesmo sem hora marcada, a pedido do amigo.

Quase duas horas depois, a mulher saiu do escritório de Arthur e como Micael havia dito, bateu na sala e os dois saíram pra um café. Antes, Micael pediu a filha que remarcasse seus compromissos da manhã pra parte da tarde e saiu dali sem dar qualquer outra explicação.

- E então, como anda a vida? - Ele perguntou a mulher assim que sentaram numa mesa. - Separação conturbada?

- Nem fala. - Suspirou. - Quando tem muitos bens envolvidos, da sempre dor de cabeça. - Ela deu uma olhada nas mãos do Micael enquanto ele olhava o cardápio. - Desculpe ser indiscreta, mas vejo que não está usando aliança também. Como está Lilian?

- Agora está bem. - Sorriu. - Diferente do seu, agora enfrentamos um divórcio amigável.

- Depois de tantos anos? - Ergueu uma sobrancelha. - O meu casamento durou cinco anos e eu sofri, imagino vocês com quase vinte anos juntos e uma filha.

- Na verdade temos duas. - Comunicou. - Bruna fez doze anos recentemente, Nath vai fazer dezoito essa semana, inclusive a festa é no sábado, você está mais do que convidada.

- Ah, sério? - Ela tinha um sorriso convidativo. - É claro que vou, anota aí o meu telefone pra você me passar o endereço e o horário. - Ele pegou o celular e anotou o número da mulher. - Vou aguardar a sua mensagem.

- Pode deixar, pra te falar a verdade eu estou tão de saco cheio dessa festa que eu não perguntei nem onde vai ser. Quando eu souber, te mando.

- Tudo bem. - Assentiu.

- Mas me conta mais da sua vida, são muitos anos sem se ver. - Pediu simpático e os dois ficaram conversando por tanto tempo que o café acabou virando almoço.

Súbito AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora