Capítulo 4

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No outro dia pela manhã, somente Nath estava acordada na hora que eu estava pra sair. Dei um beijo na minha filha e ela sorriu pra mim. Por mais que tivesse tudo ruindo, minhas filhas eram o motivo de eu insistir nessa relação fadada ao fracasso.

- Quer carona pra escola? - Perguntei a ela na cozinha.

- Faculdade, pai. - Me corrigiu e eu dei risada. - Eu já tenho quase dezoito anos.

- Ok, as vezes eu esqueço que você cresceu. - A menina riu junto com o pai. - Eu estou indo agora para o escritório.

- Não preciso de carona não, ainda está cedo pra mim. - Lhe dei outro beijo e me despedi.

- Amo você.

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- Meninas, eu preciso de ajuda! - Sophia disse assim que chegou na mesa em que as amigas estavam sentadas. - Vocês não tem ideia do que me aconteceu.

- Eita, tomara que seja coisa boa, não aguento mais notícia ruim. - Nath disse emburrada.

- Ainda muito ruim o clima na sua casa? - Lua perguntou e a menina suspirou.

- Cada dia pior. - Remexeu no canudo do suco que tinha a sua frente. - Pior é eles achando que eu e Bruna somos crianças e não entendemos as coisas. - Balançou a cabeça. - Mas conta Soph, preciso me distrair com a vida dos outros.

- Eu conheci um rapaz ontem. - Não conseguia esconder sua animação. - Rapaz não, ele é um homem mesmo, claramente mais velho, mas tem um charme que me deixou louca.

- Que babado é esse minha filha! - Mel disse animada.

- Eu não sei muita coisa sobre ele não, só que o nome dele é Leandro. Me chamou pra jantar um dia desses. Não sei se devo aceitar.

- Ué, vai. Não tem nada a perder.

- Ele ainda é casado. - Disse nada contente e um pouco envergonhada.

- Então não, pelo amor de Deus, né Sophia! - Nath quase deu um grito. - Não se mete com homem casado, ele tem a família dele. Não vê o que tô passando com meu pai e as possíveis amantes que ele tem por ai? Não desejo pra ninguém.

- Me respeita, Nathaly. - Sophia disse brava. - Olha pra mim e vê se eu tenho cara de amante?!

- Se sair com um cara casado com toda certeza vai ter. - Estava tão brava quanto Sophia.

- Você não esperou nem eu molhar o bico! Ele disse que está querendo separar, mas a mulher complica tudo. Falou que ia me explicar se eu aceitasse jantar com ele.

- "A mulher complica tudo" - Nath debochou. - Frase muito clássica, deve falar pra todas. Meu pai com certeza também fala por aí.

- Ontem você disse que não achava que seu pai tinha amante. - Soph estava com os braços cruzados.

- E o que eu sei? Eles não falam nada pra mim. - Levou as mãos ao rosto.

- Não vou ficar com ele. - Falou mais calma depois de ver o estado da amiga. - Mas será que eu posso ir jantar e comer as custas dele? - Fez graça.

- Continua sendo errado. - Deu de ombros.

- Você sabe que por mais dificil que a situação seja, não tem como você evitar né? Vive sua vida, tenta se desligar um pouco dos seus pais.

- Facil pra você falar.

- Nath, meus pais já separaram, eu já passei por isso. - Debochou. - E eu acho que pro bem da sua mãe, é melhor separar de uma vez. Vai começar a ser feliz pegando uns garotões.

- Sophia! - Disse horrorizada, mas logo em seguida soltou um sorriso. - Deixa meu pai vir apresentar rapariga pra gente que ele vai ver só.

- Também não adianta de nada tratar a outra pessoa mal. - Lua finalmente se manifestou. - Os dois são seus pais, os dois tem direito de serem felizes.

- Ai gente, pelo amor de Deus, vamos mudar de assunto! - Pediu e as amigas atenderam, logo o assunto foi trocado por qualquer fofoca da faculdade.

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Eu topo. - Micael recebeu a mensagem e a leu com um sorriso. Estava em seu escritório, eram pouco mais de duas da tarde. Á sua frente, um amigo do trabalho tagarelava sem parar. - Apenas um jantar.

Apenas um jantar. - Respondeu rapidamente. - E eu posso te pegar quando? Hoje às 19h?

Um tanto apressado você. - Sorriu novamente. - Por que a pressa?

Depois de uma certa idade, a gente para de perder tempo com besteiras. - Enviou e ouviu seu amigo pigarrear.

- O que tem de tão interessante nesse telefone a ponto de você sorrir pra tela? - Arthur perguntou interessado. - Duvido que seja Lilian. - Ele bufou.

- Com toda certeza não. Se fosse a Lilian eu estaria com raiva e não sorrindo. - Deu de ombros.

- Você não vai me dizer que arranjou uma amante. - O rapaz achava graça, era alguns poucos anos mais novo que Micael. - Lembro que me disse que jamais faria isso.

- Bom, Lilian acha que já tive quinhentas amantes...

- Não acredito, quem é? - Perguntou animado.

- Eu não arranjei uma amante não. - Suspirou. - Conheci uma garota, o problema é que ela é exatamente isso, uma garota.

- Menor de idade? - Tinha os olhos arregalados. - Pelo amor de Deus, Micael!

- Não, ela disse que tem dezenove. - Suspirou. - Mas a cara é de quinze. Não troquei muitas mensagens, não sei nada sobre ela e mesmo assim estou fascinado. A menina tem quase a idade da minha filha, prevê o problema que isso vai me causar?

- Ah, para. Não precisa namorar e casar com essa garota, não precisa nem apresentar pra ninguém. Só se diverte um pouco.

- Completamente fora da minha conduta, Arthur. - Balançou a cabeça. - Eu preciso é dar um jeito de fazer a Lilian aceitar o divórcio.

Súbito AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora