Capítulo 181

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No dia seguinte, quando Micael estava se arrumando pra sair com destino a audiência de Henry, Bruna bateu na porta do quarto, surpreendeu os dois, raramente fazia aquilo. 

- Oi, filha. - Micael disse ao abrir a porta, Sophia ainda estava deitada, sua barriga redonda fazia um morro sob o lençol. - Aconteceu alguma coisa? Achei que já estivesse até na aula. 

- Não. - Foi só o que respondeu, estava com vergonha de pedir algo e Micael não lembrava de ter visto a filha com vergonha disso. - É que eu... 

- Que vergonha é essa? - Perguntou quando ela não completou a frase. - Tem a ver com o Henry? - Ela assentiu e ele deu risada. - Fala, Bruna. 

- Será que eu posso ir nessa audiência? - Pediu baixinho. - Eu queria ver o Henry. 

- Bom, eu estou saindo dentro de... - Olhou o relógio que já tinha colocado no pulso. - Vinte minutos, consegue se arrumar a tempo? Não posso me atrasar! 

- Sim! - Disse com um sorriso e saiu correndo. - É uma gracinha, não é? - Fechou a porta e disse ao se virar pra Sophia. 

- Não acho uma gracinha a Bruna se envolver com um garoto que está sendo acusado de participação em um duplo estupro. - Disse de cara fechada. - Não vai entrar na minha cabeça o fato de você ser conivente com isso! 

- Para de bobeira, você não teve oportunidade de conversar com o garoto, se tiver, vai ver que ele é um verdadeiro bocó. - Rolou os olhos. - Me lembra até seu irmão quando começou a namorar a Nathaly. 

- Você nunca gostou do meu irmão e proibiu o namoro dos dois porque achava que ele bateria nela. - Refrescou sua memória. - Como é que esse garoto que participava de um grupinho de marginais, que usava drogas, que claramente não é um bom exemplo te conquistou dessa forma? 

- Meu problema com seu irmão começou depois que ele enfiou a mão na sua cara. - Começou a abotoar sua camisa. - E outra, se você acredita fielmente na redenção da sua amada Bruna, por que é que o garoto não pode ter mudado também? Se arrependido?

- Não vou dar o meu braço a torcer até ver esse garoto e tirar as minhas próprias conclusões. - Deu de ombros e observou Micael parar em frente ao espelho amarrando sua gravata. - Não quero que venha um zé ninguem e maltrate a Bruna ou que a leve pro mau caminho de novo. 

- Capaz desse moleque ser levado pela Bruna. - Deu risada e se sentou pra calçar a meia e o sapato. - Relaxa! - Foi até perto dela e lhe deu um beijinho casto nos labios. - Mas e você? São quase oito horas e não levantou daí pra tomar um banho, não vai trabalhar? 

- Preguiçaaaa! - Botou um travesseiro na cara. - Acho que vou pedir minha licença logo! 

- Com oito meses? - Ergueu uma sobrancelha. - Vai perder um tempo gostosinho com o neném depois. - Avisou. - Não acho que é uma boa ideia. 

- É, você tem razão. - Suspirou. - E na próxima consulta eu aposto que a Yolanda vai marcar a data do parto, ali pelas trinta e oito semanas, estou ansiosa! - Disse ainda com travesseiro na cara. - É assustador. 

- Boa sorte, é só o que eu posso dizer pra você. - Brincou. - Eu também posso agradecer todo dia por não ter nascido mulher. 

- Como você é ridiculo. - Tirou o travesseiro e mandou língua pra ele. - Sua neta já já nasce também. 

- Alice Christina. - Disse o nome com repúdio. - A Nathaly tinha que homenagear a Lilian nas duas crianças? Ela sempre odiou esse Christina e faz isso com as filhas. 

- Deixa ela em paz. - Deu uma risadinha. - Você fez eu chamar meu filho de Caio! - Resmungou. - Pelo menos a menina tem chance de ser chamada somente de Alice. 

- Besta! - Pegou a maleta. - Caio é lindo! 

- Só você que acha! - Recebeu outro beijinho e então ele se despediu, saindo do quarto. Bruna estava arrumada e sentada no sofá aguardando. 

- Você gosta mesmo desse garoto não é? - Deu uma risadinha ao olhar a filha vestida em trajes sociais. - Te deixo até sentar na mesa com a gente, está vestida como uma bela advogada. - Piscou o olho e então caminhou pra fora seguida da filha. 

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A audiência levou horas, mas Henry saiu de lá como um homem livre, caminhando pela porta da frente. Bruna, que estava sentada ao seu lado, como se fosse estagiária de Micael, foi a primeira a abraçar o rapaz quando soube o veredito, Micael novamente achou fofo. 

- Vamos dar uma volta? - Henry chamou baixinho, mas Micael e Luciana foram capazes de ouvir. - Depois eu te deixo em casa. 

- Vamos sim. - Concordou e se virou pro pai, pra avisar. - Pai, eu... 

- Em casa antes das oito. - Disse antes que completasse o aviso. 

- Oito? Fala sério, eu tenho dezessete anos! - Micael deu uma risada debochada. 

- Tem razão, filha. - Ela ficou esperando a conclusão. - Em casa antes das sete. 

- Pai! - Protestou novamente. 

- Seis! - Diminuiu e antes que ela protestasse de novo, Henry puxou seu braço. 

- Para de reclamar, doida. - Deu risada. - Vamos logo! - Saiu de perto junto com Bruna que resmungava sobre como o pai era ruim as vezes. 

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Micael foi pro escritório, onde passou boa parte do dia. chegou em casa já depois das seis e encontrou Bruna comendo pipoca com Sophia na sala. 

- A pessoa me mandou chegar antes das seis, mas nem em casa estava. - Bruna reclamou assim que viu o pai. 

- Eu mandei chegar oito, você reclamou porque quis. - Se aproximou e deu um beijo em Sophia e fez um carinho em sua barriga. 

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Nos dias seguintes, Bruna e Henry realmente começaram a namorar, pro desespero de Sophia que não aprovava o romance de forma alguma. Micael quase não parava em casa, estava envolvido com um caso de um traficante de armas, o qual precisava ganhar de qualquer forma, perder não era uma opção. 

Ele saia bem cedo, chegava a noite e não contava nada a ninguém, a pressão em cima dele era gigante, o arrependimento de ter pegado aquele caso era tremendo. Sophia já com suas trinta e sete semanas, contava os minutos pra conhecer seu filho. 

- Amor, sinto sua falta. - Sophia entrou no quarto do casal pouco mais de nove da noite, e lá estava Micael, procurando precedentes de casos parecidos com seu, ou alguma brecha útil na lei que pudesse usar. - De verdade. 

- Já vai acabar, o julgamento vai acontecer semana que vem e eu vou me livrar desse caso horrível que eu me enfiei. - Tirou os óculos de leitura e olhou pra sua noiva. - Quarta!

- Está lembrado que minha cesárea está marcada para terça? - Cruzou os braços por cima da barriga. - Pela careta que você fez, com certeza não se lembra. 

- Eu lembro, claro. - Afastou os papéis pra que ela pudesse se sentar na cama. - Eu juro que depois desse caso eu fico um tempo sem pegar nenhum, tiro umas férias pra cuidar de você e do bebê, tá bem? 

- Tá bem. - Sorriu. - Mas eu quero você lá comigo na terça, sem desculpas. 

- Não haverão desculpas, estarei com você. - Abraçou a esposa. - Te amo. 

- Eu sei que ama. - Sorriu. - Fui conhecer a Alice hoje. 

- Antes de mim? - Reclamou. - Que belo avô eu sou!

- Você anda afastado da gente mesmo. - Reclamou. - Mas eu estava ansiosa pra pegar um bebezinho no colo. Nathaly que é sortuda, teve um parto natural, está lá, linda, magra e sem dor. 

- Mas deve ter feito um escândalo como da outra vez. - Deu uma risadinha. - Pode ter certeza! 

- Claro que fez, dizem que dói pra um caralho, não consigo nem julgar. - Fez cara de assustada. - Maldita Eva. 

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