Capítulo 96

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- Não. - Disse com raiva e fez Sophia rir mais. - Fala sério, essa situação não é absurda? Ela conheceu o cara quando? Hoje?

- Eu também acho loucura. - Nath deu de ombros. - Mas eu vou falar o quê? A vida é dela! - Micael ergueu uma sobrancelha.

- Você tá vendo isso? - Encarava a filha, mas falou com Sophia. - Dois pesos e duas medidas.

- Estou. - Ela deu uma risadinha.

- Se você não pode dizer nada porque a vida é dela, por que na minha vida você e Bruna querem se meter? - Se recostou e cruzou os braços. - Vamos lá, me explica isso.

- Minha mãe merece ser feliz depois de tudo que sofreu na sua mão. - Ele fez uma careta. - E pelo que a galinha velha, como diz a minha amada madrasta, falou hoje, ela sofreu mais até do que sabe.

- Ah, dá um tempo Nathaly. - Rolou os olhos. - Sua mãe está sendo irresponsável e dando um péssimo exemplo pra vocês.

- Machista. - Sophia bufou. - Deixa a mulher curtir a vida, é jovem, bonita, tem mais é que aproveitar mesmo. - Micael a encarou incrédulo. - Não me olha com essa cara, as vezes é bom um pouco de loucura.

- E é bom, vou ficar sozinha em casa. - Nathaly disse com um sorriso maldoso. - Se bobear vou chamar o Rafa. - Falou pra implicar com o pai.

- Só por cima do meu cadáver. - Disse alto, mas logo se controlou. - Virou bagunça essa merda?

- Eu tenho dezoito anos e um namorado fixo há mais de um ano, não precisa agir como se fosse uma vagabunda chamando um estranho pra dormir comigo. - Respondeu o pai com certa ferocidade. - Você por acaso acha que eu sou virgem?

- Meus dias estão sendo um pior que o outro. - Resmungou. - Eu não sou idiota, eu sei que não é. Mas você não vai chamar aquele moleque pra foder embaixo do teto que eu sustento. Se quiserem fazer alguma coisa, ele que se vire.

- Meu Deus. - Sophia encarava Micael com olhos arregalados. - Você não era super de boa com isso? O que foi que mudou?

- Pois é, quando eu contei que estava namorando ele só me mandou usar camisinha, agora taí com esse discurso.

- Nathaly, você pega sua irmã e vai lá pra minha casa. - Disse sem traço de humor. - Não vai ficar sozinha, eu não quero ser avô.

- Primeiro de tudo que eu tomo anticoncepcional, segundo, a gente usa camisinha. - Deu uma piscadinha pro pai. - Pode ficar tranquilo.

- Menos mal. - Suspirou se dando por vencido. - Mas você vai lá pra casa também e não adianta discutir.

- Você é tão cabeça fechada as vezes. - Resmungou, remexendo na comida. - A Sophia dorme com você, não haja como se ela fosse tão mais velha que eu.

- Eu tenho sorte é que ela não tem pai. - Não olhou pra Sophia ao falar. - Se tivesse um que se importasse dez por cento, não permitiria.

- Ah, para. - Soph riu. - Você acha que sexo se faz só a noite? - Ergueu uma sobrancelha. - Eles ficam o dia inteiro juntos, mas só vão transar se passarem a noite? Você é muito mais inteligente que isso, amor.

- Tá legal, já deu desse assunto. - Empurrou o prato ainda com metade da comida. - Eu perdi até a fome.

- Mas que palhaçada, você nunca foi assim, a gente já conversou sobre isso de boa. - Nathaly rolou os olhos. - O que deu em você? Está ficando velho e ciumento?

- Eu não tenho ciúmes. - Disse com uma careta um pouco diferente. - Você sabe que eu odeio gente ciumenta.

- Você acabou de ficar com ciúme da Lilian. - Sophia comentou prendendo um riso. - Até engasgou.

- Engasguei de susto. - Se defendeu. - Passei quase vinte anos  sem ter ciúme dela, aí agora, que nem com ela eu estou, vou fazer isso?

- Quase vinte anos com ela lambendo o chão por onde você ia passar. - Sophia continuou a falar. - Agora que ela tá livre, leve e solta, está aí com ciúme.

- Você não devia estar incomodada com isso? - Ele se virou e ergueu uma sobrancelha. - Se fosse verdade, claro.

- Já te disse que não tenho ciúme dela. - Deu de ombros. - Só se a Lilian for muito louca mesmo pra cair nesse teu papinho furado outra vez. - Nathaly deu risada. - Depois de tudo que ela aturou...

- Você só me arrasa, né? - Balançou a cabeça negativamente. - Depois fala que me ama.

- Pra ficar com você, só te amando muito! - Deu risada e continuou a comer. - Acredita em mim.

- Tá legal, já cansei de vocês duas. - Gesticulou pras duas. - Cansei, vamos embora logo!

- A gente vai mesmo, mas pra faculdade. - Sophia limpou a boca no guardanapo. - Bom trabalho pra você. - Ficou de pé e deu um selinho nele. - Depois a gente se fala.

- Tudo bem. - Suspirou. - E Nathaly, depois da faculdade, meu apartamento. Não se esqueça que ainda está de castigo!

- Você não deixa eu me esquecer. - Deu um beijo na bochecha do pai e saiu junto com Sophia. O moreno ergueu a mão e chamou o garçom pra pedir a conta.

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- E aí, animadas? - Lua falou quando viu as duas chegarem perto. - Não estão com a melhor cara.

- Ela ainda tá com raivinha de mim. - Sophia deu de ombros. - E eu cansei de dar ibope.

- Ela falou pra minha irmã que ia afastar meu pai da gente. - Nath se defendeu e Sophia rolou os olhos. - A Bruna está chateada com isso. Ninguém quer ficar longe do meu pai.

- Quer me explicar como é que eu vou fazer isso? - Cruzou os braços. As quatro ainda estavam na porta da faculdade. - Eu vou algemar seu pai no pé da cama? Manter ele trancado dentro de casa? Sequestrar e levar pra outro estado? Fala sério, Nathaly. Seu pai é um adulto, um homem com quase trinta e cinco anos de idade. As escolhas dele, pertencem a ele. É ridículo você querer me culpar por isso.

- Você enfeitiça meu pai e ele sempre faz o que você quer. - Manteve a cara de brava e os braços cruzados. - Você sabe que conseguiria isso se quisesse.

- E porque eu ia querer uma coisa dessa? - Mel e Lua ficavam alternando olhares. - Você é uma das minhas melhores amigas, eu amo você. Tudo que eu puder fazer pra te ajudar, eu vou fazer. Não tem nenhum sentido eu falar pro seu pai não ver vocês. E além do mais, ele ama vocês mais que tudo, se eu falar pra escolher entre eu e as filhas, por mais que me ame também, eu não tenho chance. E essa é uma das coisas que eu mais amo nele.

- Você não está sendo falsa? - Estava se convencendo, mas tinha uma leve desconfiança.

- A Bruna me irritou, tá bem. - Confessou. - Não devia ter deixado acontecer, mas aconteceu.

- Você não pediu a ele que não fosse mais lá em casa? - Soph negou com a cabeça. - Fala a verdade, Sophia. Na minha festa você estava com raiva e eu não tiro a sua razão.

- Nathaly, eu não quero o seu pai pra eu guardar no bolso. - Suspirou, já cansada de explicar a mesma coisa. - Foi o que eu disse a ele no domingo de manhã, antes que fizéssemos as pazes. Eu não pedi que não falasse mais com a sua mãe ou com qualquer outra mulher. Eu quero respeito quero poder confiar que ele vai fazer falar com as clientes, vai visitar vocês em casa, ou até sair pra almoçar com alguma amiga que aparecer do nada, e ainda assim vai me respeitar. Foi só o que eu pedi.

- Tá legal, você está coberta de razão. - Se deu por vencida. - Me desculpa, de novo. É difícil de lidar, eu queria que não fosse o meu pai.

- Você pode ter certeza que eu também queria que não fosse o seu pai. - Tinha um olhar complacente. - Não escolhi isso, não queria viver metade do drama que a gente vive, eu só quero ser feliz.

- Tá bem, eu vou tentar fazer um esforço pra não atrapalhar. - Deu um sorriso tímido. - Vou falar com a Bruna também, ela é birrenta, mas é mais madura que eu, as vezes.

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