Capítulo 170

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- Aqui agora?! - Disse surpreso segurando a aliança improvisada. - Tudo bem, vamos lá. - Bruna e Sophia o olharam com certa expectativa. - Eu sei, como você já deixou bem claro nessa mesma conversa, que sou um idiota. Um idiota pouco romântico também.

- Dá pra ver de longe. - Bruna interrompeu. - Para de falar de você, diz o quanto ela é maravilhosa.

- Dê o fora daqui, Bruna. - Ele disse com um olhar sério e a menina riu. - Está tirando minha concentração!

- É ruim. - Deu uma risadinha. - Vai lá, continua.

- Chata. - Suspirou e olhou pra namorada. - Você é mais do que eu sempre sonhei. Você é inteligente, linda, carismática, extrovertida e tantas outras coisas que eu poderia ficar aqui listando. Os quatro anos que eu fiquei sem você, foram os piores. Não saber se um dia eu ia poder ter você novamente me torturava. Eu amo você, como eu nunca cheguei perto de amar alguém. Você quer casar comigo?

- É claro que sim. - Respondeu com um sorriso e estendeu a mão direita, afim de receber a aliança improvisada. Bruna bateu palmas, empolgada. - Eu amo você.

Ela se levantou e sentou encaixada no colo de Micael. Que passou uma das mãos pelas costas e a outra pela nuca, iniciando um beijo.

- Tá legal, agora eu vou dar o fora daqui. - Disse se levantando com um pedaço de pizza doce. - Fiquem com o apartamento todo. Vou dar um pulo lá na Nathaly. - Nenhum dos dois prestou atenção.

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- O que foi, Bruna? - Nathaly disse ao abrir o portão. - Não está tarde pra estar na rua?

- Será que eu posso dormir aqui essa noite? - Pediu baixinho, já entrando na casa. - Junto com a Ágatha.

- Aqui tem quarto de hóspedes, se lembra? - Fechou o portão e caminhou pra dentro junto da irmã. - O que aconteceu? Brigou com o papai?

- Não, mas não dá pra ficar naquele apartamento hoje. - Rafael estava brincando com Agatha na sala. - Oi, gente. Boa noite.

- Titia! - A menina se levantou pra abraçar a tia. Se empolgava com qualquer um que chegasse. - Veio pra brincar comigo?

- Claro que sim, neném. - A menina sorriu charmosa e deu pulinhos. - Por que não vai lá pegar mais uma boneca pra tia brincar junto? - E saiu correndo. - Meu pai pediu a Sophia em casamento, a essa altura os dois estão transando por todo o apartamento.

- O quê? - Rafael franziu a testa. - Mas ele veio aqui hoje me pedir ajuda pra isso, como que já pediu.

- Eu contei a ela o que ele planejava. - Disse com uma risadinha e Nathaly rolou os olhos. - Eu tenho um espírito fofoqueiro, fazer o quê? Enfim, Sophia ficou uma fera, disse a ele pra cancelar tudo que se ele insistisse diria não na cara dele.

- Tinhosa. - Rafael disse rindo. - Garota difícil de agradar, como diria Márcio.

- Que nada, ele a pediu em casamento na mesa da cozinha, fedorento de suor porque chegou e não tomou banho. A aliança foi um arame de pão. Ela tá lá, super feliz.

- Isso tudo foi na sua frente? - Nathaly cruzou os braços. - Droga, queria ter visto meu pai se declarando. Aquele ali tem cara de péssimo.

- E é. - Bruna gargalhou. - Minha nossa, quase que não sai. - Parou de rir quando olhou na direção do rack de Nathaly, pra foto de Lilian. - Será que se a mamãe estivesse aqui ia ficar chateada?

- Ia fingir que estava bem e feliz por ele, mesmo arrasada por dentro. - Bruna caminhou e fez carinho na mãe. - Tadinha.

- É, bem a cara dela fazer isso. - O baixo astral atingiu a sala momentaneamente.

- Tá legal, meninas. - Rafael bateu palmas chamando atenção. - Vamos deixar pra lá a tristeza. Eu imagino que seja difícil, mas nós que estamos aqui e devemos sim ficar feliz pelos dois. Afinal, se amam e já sofreram tanto.

- Você tem razão. - Nathaly sorriu. - Eu colaborei tanto pra isso!

- E eu que bati na Sophia?! - Rafael deu risada. - Misericórdia, parecem tempos sombrios. As lembranças vem em tons de cinza.

- Eu sempre fui a favor dos dois. - Bruna ergueu as mãos. - Quero deixar claro aqui!

- Sempre? - Rafael quem puxou na memória. - Você surtou porque a Sophia disse pra passar o natal com a sua mãe. Não lembra disso?

- É verdade. - Nathaly gargalhou. - Você surtou por causa do natal e era tipo julho!

- Tá legal, todo mundo já teve raiva dos dois juntos alguma vez, já entendi. - Bufou. - O que importa é que eu amo os dois juntos agora. Estou realmente feliz pelo papai ter se entendido com ela.

- Isso porque ela te coloca na linha. - Nath implicou.

- Ah, eu até gosto. - Deu de ombros sorrindo. - E eu sei que você gosta que a sua madrasta seja sua amiga.

- Eu não gosto muito de me referir a ela como madrasta não. É bizarro até hoje. - Fez careta. - Eu quase briguei com o papai hoje mais cedo quando ele disse que ia pedi-la em casamento. Pareceu tão surreal que eu me senti uma menina ciumenta de dezessete anos de novo.

- Não começa não hein. - Bruna defendeu. - Eles tem que ficar juntos.

- Bruna é a maior apoiadora do casal. - Rafael debochou. - Uma grande fã.

- Sophia disse que eu era fã dela. - Riu novamente. - Acho que sou mesmo. Ela é foda demais e bota meu pai no chinelo, gosto disso.

- Demorei, mas aqui estou. - Ágatha apareceu com muitas bonecas e ursinhos. - Vamos fazer uma super festa do pijama pra elas! - Jogou tudo no chão. - Vem gente, vamos brincar!

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- Vou comprar uma aliança de verdade pra você. - Os dois estavam nus, deitados na cama, Micael alisava a mão direita de Sophia. - Um lindo solitário, vai combinar com você.

- Não acho que precise. - Namorou o arame e volta do dedo. - Eu gosto da minha aliança.

- Não pode estar falando sério. - Apoiou a cabeça no braço para encara-la. - É um arame de pão.

- É simbólico. - Defendeu seu arame. - Eu amei o pedido e amei a aliança.

- Deixa de ser doida, você guarda o arame na gaveta e tira de lá quando quiser se lembrar, mas daí a andar pra cima e pra baixo com um arame no dedo é demais né?

- Como se eu fosse uma garota de luxos. - Ele seguiu com a mesma careta. - Não faz cara feia, eu gostei de verdade.

- Nego vai me zoar e dizer que não tenho dinheiro pra comprar uma porcaria de anel. - Ela gargalhou, entendendo do que se tratava. - É sério!

- Tá bem amor, você pode me comprar um anel. - Ele sorriu. - Eu vou amar, tenho certeza. Mas vamos fazer isso num jantar de noivado, com a nossa família reunida. Aí você me dá um anel, tá bem?

- Achei que não queria nada num restaurante. - Resmungou.

- Eu não queria que você gritasse no restaurante, ou pior, que cantasse num restaurante. Não gosto de plateia. Bruna de plateia estava de bom tamanho.

- Tá bem, vamos agilizar esse casamento pro mais breve possível? - Ela a encarou com surpresa. - Eu quero nosso filho.

- O quê? - Arregalou os olhos sem acreditar. - Está realmente me pedindo um filho?

- Soph, eu quero que a nossa vida comece de verdade, eu quero te dar seu casamento dos sonhos, o seu tão sonhado filho e uma família de comercial de margarina.

- Você é fofo. - Fez carinho em seu rosto com um sorriso. - Obrigada por tanto.

- Não estou fazendo nada que já não devesse ter feito anos atrás. - Se aproximou e iniciou um beijo. - Parou pra pensar que Ágatha vai ter um tio mais novo que ela?

- Você me beijou e pensou na Ágatha?!

- Não acha uma situação engraçada? - Voltou a deitar na cama.

- Um pouquinho. - Sorriu.

- Procura um médico pra gente começar logo esse tratamento. - Insistiu. - Chega de perder tempo atoa. É hora de ser feliz de verdade.

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