Capítulo 23

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Chegou em casa e fez uma malinha com roupas para o dia a dia. Não queria se mudar por completo, até porque, tinha refletido bastante no caminho e a decisão que lhe pareceu mais sensata foi não contar á Sophia.

Ela não entenderia e isso resultaria em briga entre os dois. Tentaria conciliar a vida em casa com Sophia e levaria aquela situação até onde desse.

Chegou de volta à casa e suas filhas sorriam. Que situação foi essa que tinha de envolvido. Suspirou.

- E a mãe de vocês? - Perguntou quando já estavam dentro. - Está acordada?

- Não, ela está fraca, daí está dormindo bastante. - Nath avisou. - Quer que guarde sua mala?

- Vocês duas estão muito animadinhas. - Ele cruzou os braços. - Assim que a mãe de vocês melhorar eu vou embora de novo.

- Você não pode falar pelo futuro, não sabe o que vai acontecer até lá. - Nath sorriu. - Bora, passa pra cá essa mala.

- Pode deixar que eu arrumo. - Suspirou. - Quando ela acordar vocês me avisam. - As duas balançaram a cabeça e ele saiu da sala rumo ao pequeno quarto de hóspedes que havia naquela casa.

Mais a noite procurou uma receita na internet e foi cozinhar para o jantar. Nath se aproximou da cozinha devagar.

- Quer dizer que agora você cozinha? - Micael tomou um susto e se virou pra filha com a mão no peito. - Tá devendo?

- Você que chegou sem fazer barulho. - Sorriu. - E eu moro sozinho tem quatro meses, eu não vou morrer de fome, né?

- Eu jurava que você tinha uma namoradinha. - Estreitou os olhos. - Você nunca me enganou.

- Eu posso saber de onde você tirou isso? - Se escorou na pia com os braços cruzados. - Eu nunca falei nada sobre isso.

- Estava escondendo da gente, sabe muito bem que a reação não vai ser boa. - Ele soltou um suspiro. - Mas eu não vou julgar você, não mais.

- E eu posso saber o motivo? - A menina corou até a raiz dos cabelos. - Você arranjou um namorado?

- Você não me conta e eu tenho que te contar? - Ela deu risada. - Nada justo.

- Você é a filha e eu sou o pai. - Ele riu. - Não tem que ter justiça nisso, além do mais, é muito mais complicado pra mim.

- Eu fui injusta esses meses. - Se sentou. - Você tinha razão, eu só estava pensando na minha mãe e esqueci que você também merece ser feliz. Me desculpa, pai.

- Hum, ela está apaixonadinha e por causa disso mudou o pensamento. - Brincou. - Quem é esse rapaz e porque não apareceu antes na sua vida?

- É o irmão de uma amiga. - Suspirou. - Ele está na minha vida faz muito tempo, mas a gente só prestou atenção um no outro recentemente. Quando virar algo mais sério eu te apresento.

- Vê se usa camisinha, só me falta você aparecer grávida e repetir tudo o que eu e sua mãe passamos. - Ela deu risada.

- Fica tranquilo, eu ainda nem fiz nada e quando fizer, vai ser direitinho. Eu tenho juízo de sobra. - Ela caminhou até o pai e ganhou um abraço. - Eu te amo, sabia?

- Sabia, mas é muito bom ouvir. - Deu um beijo na cabeça da menina. - Você devia falar mais vezes.

- Mas e você, não vai mesmo me contar da namorada? - Ele negou com a cabeça. - Vai ser segredo nosso, eu juro.

- Aham, da última vez que eu te chamei pra conversar você chegou em casa e bateu tudo pra sua mãe. - Ela se afastou rindo. - Cara de pau. E outra, ela não é uma namorada, é só uma pessoa que eu gosto bastante, mas não assumi nenhum compromisso.

- Vê se usa camisinha, eu não quero mais irmãos. - Deu risada e foi a vez de Micael ficar sem graça.

- Haha, tão engraçadinha. - Bufou. - Eu não quero saber de filhos, já viu o trabalho que a mal criada da sua irmã dá?

- Ela é pré adolescente, tá na idade de dar trabalho se achando super adulta. - Deu uma risadinha. - Daqui a pouco passa. - Parou um instante pra pensar. - O que essa mulher disse sobre você estar morando aqui de novo?

- Não disse nada, eu não falei. - Deu de ombros. - E sinceramente acho que não vou falar.

- Não sei bem se é uma boa ideia. - Se sentou novamente. - Ela vai descobrir e não vai gostar nadinha hein.

- Não vai descobrir nada. - Bufou. - Ela não vai entender que eu vim pra cá só pra cuidar da sua mãe. Quanto mais jovem, mais imatura.

- Jovem? - Nath franziu a testa. - Adotou outra filha? - Debochou.

- As vezes até parece mesmo. - Rolou os olhos. - Mas ela é legal, é engraçada, deixa o ambiente mais leve quando chega. Vocês até se parecem, tenho certeza que se um dia se conhecerem, vão ser amigas.

- Certeza? - Debochou. - Sei não, eu sou meio antipática.

- Que nada, vocês são bem parecidas, digo, na personalidade. - Deu de ombros. - Mas eu já falei demais. Não vou contar mais nada, se um dia calhar, você vai conhecer. E nada de falar pra sua irmã e pra sua mãe. Não quero deixar sua mãe ainda mais chateada.

- Segredo nosso, juro. - Se levantou pra ajudar o pai com uns legumes.

Quando já estava pronto, colocou na bandeja e levou no quarto pra Lilian que lá estava atolada em tristeza. Viu Micael entrando e sorriu, uma parte sua não acreditava que ele voltaria.

- A janta feita especialmente pra mamãe. - Ele brincou e colocou na cama do lado dela.

- Eu agradeço, mas estou muito enjoada, não quero comer. - Disse com a voz baixa. - Teve aplicação ontem, aí hoje é horrível. 

- Segundo minha pesquisa no Google, essa comidinha deve amenizar o enjôo. Tenta comer vai. - Ela ainda negou com a cabeça. - Lilian... - Se sentou ao lado dela e segurou a bandeja. - Abre a boca. - Pegou a colher. - Vamos lá. - Ela então abriu e ele riu. - Muito bem.

- Olha só, ganhando aviãozinho. - Bruna implicou. - Como se fosse um bebezão.

- Às vezes a gente só quer ser tratada como um bebezão. - Brincou e abriu a boca pra mais uma colherada.

- Tá vendo, já está até mais corada. - Apertou a bochecha dela. - Vai ficar tudo bem, se você se esforçar pra se cuidar e melhorar logo. - Enfiou mais uma colher na boca dela. - Ficar deitada na cama não vai ajudar em nada.

Súbito AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora