Capítulo 42

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Durante toda a viagem de carro Nathaly de manteve calada, pensativa e com cara de brava. Estava se sentindo traída. Não quis dizer nada, não sabia nem se estava com vontade de discutir aquilo com o pai. Quando o carro parou, ela olhou pra frente e se surpreendeu.

- Que lugar é esse? - A voz era brava. - Eu não quero entrar no lugar onde você e a Sophia... Argh! - Fez barulho de repulsa. - Que nojo!

- Larga de ser idiota. - Entrou no elevador subterrâneo que tinha na garagem. - Meu apartamento.

- Apartamento que ela devia viver aqui. - Rolou os olhos. - Devia? - Ela parou um tempo pra refletir. - Ela estava sempre aqui, eu sei disso e quer saber como eu sei dessa merda? Ela contava pra gente! Doente do caralho.

- Para de falar dela dessa forma. - Fazia de tudo pra se acalmar.

- Ela é doente! - Falou alto. - Ela contou como é transar com você! Que nojo. - Botou a mão na cara. - O pior é que todas as lembranças estão agora borbulhando na minha mente. Não preciso nem entrar nesse apartamento pra saber a decoração.

- Você vai calar a boca e deixar eu falar ou esse seu monólogo vai prosseguir? - Jogou a chave na mesinha e se sentou no sofá. - Ela não sabia que você era minha filha.

- Que desculpinha ridícula. - Rolou os olhos. - É essa a defesa?

- Não cometemos nenhum crime. - Deu batidinhas ao seu lado para que a filha se sentasse com ele, mas a mesma fez uma careta. - É sério que ela contava tudo a esse ponto? - Fez uma careta se lembrando do dia que transaram no sofá. - Mais uma prova de que não sabia a verdade.

- Vocês se conhecem há meses... - Andava de um lado pro outro. - E não mente pra mim, eu sei de tudo! Você vive dizendo que não traiu a minha mãe, mas o primeiro jantar de vocês, não tinha rolado esse papo de divórcio.

- Se você sabe de tudo - Deu uma risadinha. - Você então sabe o que aconteceu naquele encontro. A Sophia fez eu prometer que tentaria mais uma vez com a sua mãe, ela me obrigou a comprar flores, disse pra que a convidasse pra jantar... E eu realmente fiz isso. - Suspirou. - Eu levei uma rosa pra sua mãe e ela brigou comigo, tentamos ter algo e foi horrível, minha nossa, não gosto nem de lembrar... - A careta foi instantânea. - Chamei ela pra jantar e você se lembra o que aconteceu?

- Eu não sou culpada de você ter saído de casa. - Se defendeu. - Vocês três tem culpa. Você, minha mãe e a sem vergonha da Sophia.

- Isso Nathaly, tira o seu da reta. - Deu uma risadinha. - Você é inocente de tudo mesmo, nem foi você que começou a briga.

- Você já ia sair de casa. - Bufou. - Não vem me enganar a essa altura.

- Eu só estou dizendo que fiquei com a Sophia depois que sai de casa, eu nunca passei dos limites e muito menos traí a sua mãe, na minha vida. - Rolou os olhos. - Ao contrário do que ela acha.

- Você pode dizer o que quiser, eu vou continuar com raiva e eu vou bater na Sophia de qualquer jeito.

- Baixa a sua bola, você não vai bater em ninguém. - Ela deu uma risada debochada. - Sabe que a Sophia vivia me contando as coisas de vocês? - Nath o olhou interessada. - Digo, todo o problema comigo e sua mãe. Todas as brigas que você e sua irmã ouviam...

- Ah, ela contava isso pra você? - Parou e encarou ainda mais irritada. - Só está servindo pra me deixar com mais raiva, pai. Não vê que é um absurdo?

- A gente não sabia, filha! - Ele permanecia calmo. - Digo, ela me ouvia falar sobre um processo de separação difícil, logo associava com você, que estava passando pela mesma situação, com os seus pais.

- Eu já falei muita coisa pra ela. - Nath mudou a expressão pra triste. - Muita coisa que eu estava sentindo e que não falei pra vocês. Não é justo eu ter a minha intimidade invadida assim.

- Não, ela não falou nada demais. - Deu uma risadinha. - Mas eu estava me sentindo seu amigo já, toda vez que a gente se via eu perguntava como é que estava a amiga com os pais se divorciando.

- Você não enxerga como isso é ridículo? - Reclamou. - Por favor né.

- Eu achei foi engraçado. - Deu uma risada sincera, talvez a primeira do dia. - Você foi até a casa dela e falou com a mãe da Sophia sobre mim.

- Verdade, e vou falar de novo, você pode ter certeza! - Ameaçou. - Pelo amor de Deus, nós temos a mesma sogra! - Falou escandalizada e encarou o pai que ria novamente. - Será que dá pra parar de se divertir com isso?

- Você sabe muito bem que eu não estou mais com a Sophia. - Parou de rir subitamente e encarou a filha. - Não tem motivo pra esse escândalo todo.

- Não está? - Cruzou os braços desconfiada. - Tem dois dias que a Sophia disse pra mim que voltaram e ela já sabia que você é meu pai e fez questão de dizer pra mim que estavam juntos.

- Não chegamos a ficar juntos de novo, as suas amigas brigaram com ela, ficou se sentindo culpada e aí me deu um pé. - Bufou. - Ela é altamente influenciável.

- Espera aqui um minuto. - Raciocinou e Micael sabia o que viria. - Ela chegou toda feliz dizendo que voltaram depois de ter ido lá em casa. Você não vai me dizer que...

- Não era você que estava chateada por ter detalhes demais? - Ergueu uma sobrancelha. - E agora quer que eu te dê mais?

- Você ficou com ela lá em casa! - Esbravejou novamente. - Na casa da minha mãe! Você não tem respeito nenhum?

- Primeiro que a casa é tão minha quanto da sua mãe. - Se defendeu. - Segundo que a sua mãe sabe que eu não quero mais ficar com ela, você viu ontem, ela disse.

- Isso não significa que ela vai aturar você pegando uma garota da minha idade dentro da nossa casa! - Rebatou. - Isso é errado!

- Tá bem, me desculpa. - Ergueu as mãos. - Não foi nada demais também, foi uma droga de beijo. E eu não sei porque você está se preocupando com isso, afinal, ela não vai querer ficar comigo.

- Que ótimo. - Bufou. - Que fique bem longe da gente.

- Você não está sendo nem um pouco razoável. - Rangeu os dentes. - Eu amo a Sophia, toda essa bagunça que a gente está envolvido não vai fazer sumir o sentimento.

- Vocês passaram meses juntos sem desconfiar da verdade, agora me diz, como a verdade veio a tona? - Cruzou os braços esperando a verdade do pai. - Ainda não acredito que nenhum dos dois falou o meu nome.

- A gente tinha mais o que fazer. - Rebateu e a filha fez uma careta. Ele logo continuou. - Quando raspamos a cabeça. - Nath ponderou, parecia verdade. - Eu fui até o apartamento dela pra contar que estava em casa de novo. Subi pro quarto dela e então vi a foto de vocês quatro que ela tem na escrivaninha. E ali acabou tudo.

- Eu nunca vou aceitar a Sophia como madrasta. - Avisou. - Espero que esteja ciente disso.

Súbito AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora