Capítulo 44

222 23 18
                                    

- Ótimo, estava faltando só você pra se meter nessa história. - Resmungou. - Eu não estou com nenhuma amiga da Nathaly, eu realmente tive algo com ela, mas acabou.

- Justifica? - Tinha uma sobrancelha erguida. - É uma menina! Se ainda fosse uma mulher mais velha, elas aceitariam de boa, mas uma menina?

- Ela vai fazer vinte anos. - Bufou. - Não fale como se tivesse dez. Todas vocês estão agindo como se eu tivesse cometido um crime.

- Ela nem na casa dos vinte tá ainda. - Bufou. - Agora você está de parabéns. - Bateu palmas. - Eu não achei que me surpreenderia a essa altura da vida.

- Você acha que eu vi a Sophia com a Nath e aí fui atrás? Foi tudo um acaso! - Se defendeu pela milésima vez. - Eu nunca ia escolher esse tormento pra minha vida, você pode ter certeza.

- Onde você conheceu essa garota? - Ele engoliu em seco, sabia que assim que contasse a mulher ia voltar com aquele assunto de ter sido traída. - Não vai contar?

- Não, você vai surtar. - Deu de ombros. - Está doente, não sei se esse estresse todo vai fazer bem pra você. Deixa isso pra lá.

- Não me trata como criança, a única criança nessa conversa pelo visto é a sua namorada. - Ele suspirou. - Conheço os meus limites.

- Conhece nada, vai passar mal e eu vou ter que te levar pro hospital. - Ficou de pé e ia passando pela ex esposa. - Fora que as meninas já presentearam muitas brigas nossas, e é por isso que as duas estão rebeldes desse jeito, merecendo um corretivo.

- Você não vai sair e me deixar falando sozinha. - Foi atrás dele. - Eu não assinei divórcio nenhum ainda, posso complicar muito a sua vida.

- Ah, pelo amor de Deus. - Desistiu de ir pro quarto e voltou. - Você não vai entrar em guerra comigo, eu duvido.

- Você quer apostar pra ver? - Disse afrontosa e Micael riu com deboche. - Não estou vendo nada engraçado.

- Vou arrumar a minha mala e vou voltar pro meu apartamento. - Decretou. - Estou cansado de brigas, cansado de explicações e sinceramente cansado de cobranças ridículas. Estamos separados, Lilian. Essa discussão aqui não tem sentido.

- Mas eu mereço explicações.

- Você acabou de me ameaçar. - Suspirou, estava realmente de saco cheio. - Logo eu, que tenho cuidado de você esse tempo todo.

- Faça me o favor, pelo visto você estava de caso com uma menina pelas minhas costas esse tempo todo. - Disse alto. - E não foi uma ameaça, foi um aviso. Eu infernizo você nesse divórcio.

- Como você é ridícula. - A voz dele era controlada. - Sou eu que sustento essa casa, sou eu que pago o seu plano de saúde, sou eu que te levo ao médico, sou eu que vou pagar a sua cirurgia de reconstrução. - Desandou a tagarelar. - Se eu não quisesse ser "infernizado" por você, era só eu simplesmente parar de pagar tudo isso, você ia morrer e meu problema estaria resolvido. - Falou sem pensar e logo se arrependeu, nem toda raiva do mundo justificava dizer que deixaria a mãe de suas filhas morrer. A mulher estava horrorizada. - Me desculpa.

- Vai embora da minha casa. - Pediu baixo. - Não precisa se preocupar mais eu me viro, se eu sou um fardo tão pesado pra ser carregado. Me deixa em paz.

- Eu só estou irritado. - Estava realmente arrependido. - A Nathaly desde ontem acabando com a minha cabeça, agora vem você parece que está destinada a acabar com o que sobrou. Eu preciso descansar, só isso.

- Aham, vai descansar sim. - Cruzou os braços. - Mas na sua casa, eu não preciso de caridade, Micael.

- Aham, você e as meninas vão viver de luz. - Bufou. - Para de besteira, eu prometi ao seu pai que cuidaria de você sempre, não é porque eu pedi a separação que vou deixar de fazer isso.

- Você acabou de dizer que devia me deixar morrer. - Estava claramente chateada.

- E você acabou de dizer que ia me infernizar. - Cruzou os braços. - Você me irritou, não leva isso a sério, você sabe que eu não vou fazer uma coisa dessa, eu jamais faria.

- Eu não vou falar mais nada. - Ergueu a mão e se afastou. - A vida é sua. - Caminhou devagar pro quarto dela.

Micael respirou fundo, agradeceu por aquele momento de silêncio, era tudo o que precisava mesmo: um pouco de paz.

Ninguém almoçou naquela casa. Micael que a certa hora não aguentava mais ficar trancado com medo de encontrar alguém e recomeçar tudo, resolveu enfrentar e sair. Precisava ir ao escritório, precisava conversar com alguém.

Saiu de casa sem encontrar nenhuma das meninas e agradeceu mentalmente por isso. Quando chegou ao escritório e se sentou, pegou os arquivos de seu caso atual, que não estava dando a importância necessário, e começou a reler.

Sua concentração era uma piada. Ele lia e relia o mesmo parágrafo três vezes pra entender o que tinha, até que desistiu, só ficaria em paz quando conseguisse resolver seus problemas e pra isso, precisaria falar com Sophia.

Tentou ligar, mas percebeu que mais uma vez a loira o tinha bloqueado de tudo. Incomunicável a não ser que mandasse uma carta. Rolou os olhos, pensou em comprar um chip novo, com número desconhecido, mas ela o bloquearia assim que soubesse que é ele.

- Fiquei sabendo que finalmente estava aqui. - Arthur invadiu a sala com um sorriso sacana. - Não tem ficado muito, ultimamente.

- Eu sei, é que virou tudo de ponta cabeça. Minha vida tá uma zona, desculpa. - Foi sincero com o amigo que já estava sentado a sua frente. - Nathaly descobriu tudo, deu a maior confusão.

- Descobriu a amiga dela? - Tinha os olhos arregalados. - Você passa algumas horas longe e tem fortes emoções pra contar. - Já recuperado do susto, deu risada. - Como é que tudo aconteceu se vocês não estão nem juntos?

- Ah, rolou uma discussão e a garota saiu fugida de casa, passou a noite fora. - Bufou. - Não tenha filhos Arthur, só serve pra dar trabalho. Eu quase matei a Nathaly de porrada ontem, na minha mente, claro. Vontade não faltou.

- Ah, fala sério. - A risada de Arthur preencheu a sala. - Nathaly é claramente sua filha preferida, você nunca faria isso.

- E eu não fiz. - Até soltou uma risadinha. - Mas eu nunca quis tanto fazer. Ela está insuportável, respondona... Ela chegou em casa e contou a Lilian e a Bruna sobre a Sophia. Fez um inferno de brigas na minha vida e eu não tenho ideia de qual castigo vou dar a ela, porque fala sério, ela tem dezessete anos, ficar no quarto não é castigo.

- Queria poder te ajudar, mas eu não tenho filhos. - Continuava se divertindo com a história. - E também não tenho uma amante de dezenove anos.

- Você pode me ajudar, me empresta aí o celular. - Estendeu a mão e Arthur entregou seu aparelho, sem entender muito bem o motivo. - Desbloqueado né, Arthur?! - Rolou os olhos com a lerdeza. - Vou ligar pra Sophia.

- Ué, o que houve com o seu, esqueceu de botar crédito? - Brincou. - Está falindo? Eu acredito que sim, já que você quase não trabalha, tá sobrando tudo pra mim!

- Para de drama, você nem atende os meus clientes. Eu não tenho ficado aqui de manhã, mas dou conta do meu trabalho. - Ele olhou o celular desbloqueado do amigo e então suspirou ao digitar o telefone de Sophia.

- Você decorou o número já? - Arthur implicou. - Achei que hoje em dia ninguém mais decorasse telefone de ninguém. - Micael ergueu seu celular que estava embaixo, de onde copiava o telefone e fez Arthur rir. - Ah sim, uma pessoa normal, parabéns.

- Cala a boca aí que está chamando! - Repreendeu e viu Arthur rolar os olhos.

Súbito AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora