Capítulo 109

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- O que é que você quer aqui? - Lilian disse escorada a porta. - Achei que já tínhamos conversado tudo o que tinha pra conversar no outro dia. - Tinha os braços cruzados e a cara de brava.

- Cadê a Bruna, Lilian? - Ela não respondeu e manteve a pose. - Pronto, ficou surda agora.

- Você não é bem vindo aqui. - Disse ao ver ele se aproximar e se posicionou no meio da porta, claramente impedindo a entrada. - Não vai entrar na minha casa.

- Eu quero falar com a Bruna. - Ela não respondeu. - Lilian, a Bruna é minha filha também, não surta!

- Ela nem quer falar com você. - Uma sombra de dor cruzou o rosto de Micael e Nathaly percebeu. - Ninguém aqui quer.

- O que foi que você disse pra Bruna? - Perguntou baixo. - Fala sério, Lilian, acho que a gente consegue se entender!

- Eu disse a verdade! - Resmungou. - Que você decidiu que quer tirar ela de mim, só isso foi suficiente pra ela dizer que não quer te ver nunca mais.

- Mãe, pelo amor de Deus. - Nathaly se meteu. - Precisa mesmo disso tudo? É tão difícil resolver as coisas na conversa? Não tinha necessidade de contar pra Bruna e fazer ela ficar com raiva atoa!

- Você virou a cabeça da minha filha? - Ela se irritou mais. - O que foi que disse pra ela?

- A verdade, ué?! Que você é uma grande manipuladora e que vivia me ameaçando com a guarda das duas. - Lilian fez uma careta de indignação. - Eu estou mentindo agora?

- Estávamos bem. - Ela saiu da porta e caminhou pra fora. - Estávamos enfrentando um divórcio amigável. Eu estava pouco me fodendo pra você e quem quer que tenha escolhido pra ser a sua namorada, estava tudo lindo, até você resolver me ameaçar, ali você declarou guerra, Micael!

- Deixa de ser besta. - Bufou. - Você está querendo criar uma situação desconfortável, eu não sei porque quer tanto que eu tenha ciúmes de você. Isso vai fazer você se sentir mais mulher? É disso que se trata?

- Bom, você assumir isso seria bom. Ser honesto uma vez na sua vida. - Ele riu, um tanto debochado. - Já que mente e nem sente.

- Nunca tive ciúmes de você nem quando estávamos juntos. Estou pouco me fodendo pra com quem você vai pra cama. - Ela o olhou irritada. - Poderia ter ido até quando estava comigo, ia ser ótimo, que aí eu não ia precisar transar com você, ia me poupar um trabalho. - E ela deu um tapa nele, o clima conseguiu pesar ainda mais. Aquilo nunca tinha acontecido entre os dois. - Você é louca.

- E você um canalha. - Nathaly olhava a discussão dos pais tentando julgar e decidir quem estava certo, mas aquela altura, tudo já tinha saído do eixo e só tinha certeza que nenhum dos dois estava certo, ambos haviam perdido a razão. - Eu não sei porque demorei tanto a abrir meus olhos em relação a você.

- Escuta, Lilian. - Ele abaixou o tom de voz. - Vamos tentar conversar que nem gente, não é possível que a gente não consiga. Passamos metade dos anos brigando, já chega.

- Não inventa de tirar a minha filha de mim. - Ela disse com o dedo esticado na cara do ex marido. - Você não tem esse direito, eu sempre fui ótima mãe.

- Nunca discordei disso, você é uma ótima mãe. - Reconheceu e a careta dela diminuiu um pouco. - Não quero a guarda da Bruna, não faria isso com você e muito menos com ela. Eu tenho noção de que ela não vai gostar de morar comigo, sem contar que nunca estou em casa.

- Então porque diabos... - Não completou.

- Será que a gente pode parar de dar espetáculo do lado de fora? - Gesticulou pra dentro de casa. - Por favor?!

- Tudo bem. - Se deu por vencida. - Vamos lá. - Os três entraram na casa. - Agora fala. - Estavam sentados no sofá. - Se você não tem ciúmes, se não quer pegar a Bruna, pra que todo esse escândalo?

- Nathaly, será que pode deixar a gente a sós? - Pediu a ela que assentiu e foi pro quarto. - Lilian, eu já disse a você e direi novamente, eu estou preocupado com o fato de você sair com um cara que não conhece direito.

- Mas quem te disse que eu não conheço direito? - Ela cruzou os braços. - Você não sabe nem quem é!

- Você não fala. - Disse no mesmo tom. - Do nada você só avisou que ia sair. Ninguém nem sabia que você estava flertando com alguém. Aí você sai, passa a noite fora e faz todo um mistério sobre quem é o cara.

- Você devia saber que eu não sou irresponsável. - Estava irritada. - E mesmo se eu tivesse saído com um cara que mal conheço, você acha que eu o colocaria dentro da minha casa assim do dia pra noite?

- Eu não sei, mas estava parecendo que ia.

- Você pode até não ter me amado, pode ter sido um sacrifício imenso transar comigo todos esses anos, mas você me conhece muito bem, assim como eu te conheço. - Ele ficou em silêncio. - Você sabe que eu não colocaria as minhas filhas em risco nunca na minha vida, elas são as pessoas que eu mais amo.

- É eu sei, mas realmente fiquei preocupado que depois de velha você ficasse surtada. - Brincou e finalmente o clima começou a ficar mais leve. - Mas tudo bem, eu vou confiar em você, me desculpe pelas ameaças.

- Tudo bem, se foi por preocupação com as meninas eu faria a mesma coisa. - Se sentou ao lado do ex marido. - Me desculpe pelo tapa.

- Ah, isso aí eu mereci. - Balançou a cabeça. - Não era pra ter dito que precisava de alguém que fizesse meu trabalho, as vezes era bom.

- As vezes? - Ela ergueu a sobrancelha. - Não seja falso, eu não sou tão ruim assim.

- Vamos mudar de assunto? - Brincou.

- Eu devia ter botado chifre em você enquanto tive tempo. - Deu um tapinhas nele. - Pra você ver se gostava.

- Pena que sua oportunidade já passou. - Brincou novamente. - Sinto muito.

- Vou falar com a Sophia, quem sabe ela me vinga. - Ele balançou a cabeça negativamente. - Eu vou amar ver você correndo atrás dela.

- Como se eu já não fizesse isso. - Bufou. - Aquela ali briga por qualquer besteira, é incrível.

- Pior que eu? - Cruzou os braços esperando a resposta.

- Diferente. - Deu de ombros. - Você enchia meu saco por causa de amantes aleatórias que você achava que eu tinha. A Sophia surta por coisas diferentes, atualmente ela está irritada por que eu tô defendendo um cara de uma acusação de homicídio. - Ergueu a sobrancelha. - Acredita?

- Ela sabe que esse é seu trabalho? - Lilian riu. - Lembrou de contar a ela?!

- Ela sabe e repudia. - Rolou os olhos. - Tá concorrendo a uma vaga na promotoria.

- Ih, onde você foi se enfiar hein. - Ele negou com a cabeça, sem saber o que dizer. - Mas vai dar certo.

- Espero. - Se levantou pra ir embora. - Onde está a Bruna hein?

- Não está em casa. - Micael ergueu uma sobrancelha. - Tá na casa Erika. Eu não falei pra ela que você me ameaçou, ela não está com raiva de você.

- Fala sério? - Encarou a ex mulher revoltado. - Lilian você é ridícula!

- Ué, você preferia que eu tivesse confundido a cabeça da garota? - Ela cruzou os braços. - Eu blefei, igual a você quando disse que ia pedir a guarda dela. Nós somos iguais.

- É, talvez tenha razão. - Ele se virou pra porta. - Nathaly! - Não demorou a menina aparecer ali. - Estou indo.

- Conseguiram se entender é? - Ela perguntou alternando olhares entre os pais. - Não ouvi gritos, fiquei surpresa.

- Tá legal. - Micael deu risada. - Tchau, filha. Até amanhã. - A menina lhe deu um abraço e ele foi embora. Feliz por ter conversado com Lilian e pensando em como resolver o impasse com Sophia.

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