Capítulo 54

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- Olha só, que surpresa. - Forçou um sorriso quando olharam pra ela. - Demorou hein filha, só estava faltando você mesmo.

- Cadê o Zé ruela do seu namorado? Te trouxe até aqui? - Ela assentiu. - Então por que não entrou?

- Não é o momento ainda. - Micael rolou os olhos. - Muita bagunça envolvendo nossa família, não acha?

- Não começa. - Foi só o que respondeu e se levantou. - Vou buscar mais pipoca. - Pegou o balde que estava na mão da esposa e foi pra cozinha. Nathaly foi atrás. - Não veio aqui brigar comigo veio?

- Vim perguntar o que você pensa que está fazendo?! - Ele se fez de bobo, mas já desconfiava que a filha tinha falado com Lua. - A minha mãe não merece nada disso.

- Será que você pode parar de se meter em assunto que não é da sua conta? - Bufou. - Já está insuportável.

- A minha mãe não merece ser iludida por você não! - Continuou falando. - Eu achava você um exemplo de homem, mas tem se tornado uma decepção.

- Me deixa em paz, Nathaly. - Rolou os olhos. - Eu estou aqui fazendo o que você quer, não estou? - Cruzou os braços e encarou a filha. - Todo mundo diz que é o que eu tenho que fazer, então pronto, estou fazendo. Agora me deixa em paz.

- Ela está doente, não merece essa desilusão. - Resmungou. - Você não tem o direito de trair a minha mãe.

- A Lua foi rápida. - Até deu uma risadinha. - Surpreendentemente rápida.

- Ela não foi contar nada pra mim, ela foi contar pra sua ninfetinha e eu estava lá. - Disse com raiva. - Você pode ter certeza que eu vou contar pra minha mãe o que você está pretendendo.

- Você testa o limite da minha paciência não é? Você quer saber até onde eu aguento antes de te dar uma surra?! - Disse bravo. - O nome dela é Sophia, sua futura madrasta.

- Só se eu estiver morta! - Rebateu. - Ela não vai querer ficar com você.

- Ela quer ficar comigo. - Rolou os olhos. - Você sabe muito bem disso, quando ela aprender que a sua opinião não atrapalha nada, ela vai cair em si e ver que está sofrendo atoa.

- Nós fizemos as pazes hoje. - Contou ao pai. - Quer saber o por quê? Eu fui lá e pedi desculpas a ela por ter sido tão má e ter batido nela.

- A troco de que? Estou vendo que ainda está com raiva. - A menina sorriu.

- Ela não vai passar por cima da nossa amizade e ir atrás de você. - Micael encarou a filha horrorizado. - Agora, se estivéssemos brigadas ela não tinha nada a perder e ia acabar cedendo.

- Está de parabéns. - Bateu palmas. - Está pra existir filha mais egoísta que você. - Encheu o balde com o resto da pipoca. - Só não reclama depois e faz um favor, tenta cuidar da sua vida.

- Eu não consigo ficar parada vendo a minha mãe sofrer por causa de você.

- Sabe o que eu vou fazer? - Encarou a filha. - Proibir você se namorar o irmão da Sophia e aí vamos ficar quites.

- Você não é louco. - Rangeu os dentes. - Não vai conseguir fazer isso!

- Ou você começa a se meter na sua vida e me deixa em paz, ou eu vou fazer sim e aí eu quero ver como é que você vai se sentir. Ou você está esquecida que tem dezessete anos e quem manda em você sou eu?

- No que foi que você se transformou? - Bufou. - Éramos muito mais que pai e filha, éramos amigos.

- Sabe o que eu acho engraçado? - Pegou o balde e estava pronto pra voltar a sala. - Você que virou uma megera, simplesmente porque eu quero ser feliz, mas é difícil demais enxergar isso, quem sabe quando você estiver madura.

Deixou a menina sozinha na cozinha, um tanto pensativa.

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E passaram seis meses. Micael ainda com Lilian e estava espantado do quão bom estava. Tinha esquecido Sophia? Não. Mas aquela altura, não sabia mais se teria coragem de abandonar a esposa pra tentar novamente.

A relação com a filha tinha melhorado consideravelmente a medida que sua relação com a esposa melhorava. Naqueles meses, Lilian tinha feito a mastectomia e logo em seguida, assim que o médico autorizou, reconstruiu e optou por prótese de silicone.

Aquela altura, estava ótima. Lógico, seguindo todas as recomendações médicas e realizando consultas regulares pra previnir a volta do câncer, mas estava ótima.

E se sentia linda, com seu cabelo crescido até o ombro e os seios de volta, tinha a auto estima recuperada, dizia que vivia sua melhor fase.

- Senta aqui amor. - Ela disse ao marido que havia acabado de chegar do trabalho. - Estamos conversando sobre o aniversário da Nath.

- O que estão inventando? - Olhou as meninas deitadas. - Faltam duas semanas, não vamos fazer festa.

- Sua filha vai fazer dezoito anos! - Disse de braços cruzados. - Isso merece uma comemoração.

- Devia ter sido arranjado meses atrás. - Rolou os olhos. - Eu tenho cara de rico pra vocês?

- Larga de ser pão duro. - Nath disse rindo. - Abre a mão. Vocês vão fazer dezesseis anos de casados, isso também tem que ser comemorado.

- Isso Nath, força a barra mesmo! - Rolou os olhos.

- Você acha que depois desse ano conturbado, não temos que comemorar? - Nath insistiu.

- Dezenove anos juntos, não acha que já foi muito comemorado? - Lilian bufou. - Vocês estão planejando o que hein? Uma festa só pra comemorar os dois? Ou vão me fazer gastar duas vezes?

- Uma vez só, pão duro. - Nath brincou. - Já vimos tudo, salão, buffet, decoração... Falta só você abrir a carteira e me passar o cartão pra eu pagar e fechar. - Esticou a mão e viu o pai rolar os olhos. - Já que o meu adicional não tem limite pra isso.

- Vocês vão é me foder. - Rolou os olhos e deu o cartão pra filha. - Juízo, as duas! Agora vem cá. - Fez sinal com um dedo para que a esposa se aproximasse. - Me dá um beijo que eu vou tomar banho. - Ela sorriu e se levantou, ganhando um beijo.

- Chega! - Nath brincou. - Não quero mais irmãos. - Se afastaram rindo.

- Você tá maluca? Eu não aguento mais você, Nathaly. Vai fazer dezoito anos, arrumar um emprego e ir embora de casa, por favor!

- Micael! - Lilian repreendeu, mas logo riu. - Tadinha.

- Tadinha porque não é o seu saco que ela enche. - Brincou. - Vou tomar banho. - Virou e foi para o banheiro que tinha no quarto.

- Será que é a hora de avisar que amanhã é o almoço que a Branca marcou? - Lilian negou com a cabeça. - Ele precisa saber ué, é amanhã!

- Você e esse seu namoro. - Rolou os olhos. - Tinha que ser logo o irmão daquela garota?

- Quando eu comecei a gostar do Rafa, eu não sabia da víbora que era a Sophia. - Suspirou. - Mas eu conversei com a Branca, mãe. Eles não falaram pra ela, ela não vai estar presente.

- Menos mal. - Suspirou. - Ele pode até está bancando o fofo, mas eu não quero colocar seu pai no caminho da tentação de novo.

Súbito AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora