Capítulo 184

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Micael ficou em transe olhando Bruna alvejada no banco do carona. Não teve reação de fazer nada, nem ao menos ligar pro hospital. Voltou a si quando ouviu sirenes e então percebeu que já havia uma multidão em sua volta. 

- Filha! - Botou a mão em seu rosto. - Aguenta firme, tá bem? - Bruna não conseguia falar, mas se via acordada ainda. - A gente vai pro hospital e vai dar tudo certo. - Continuou a tagarelar. os paramédicos abriram a porta do carro e tiraram Bruna de lá. Micael não pode ir, a polícia chegou ali praticamente junto com a ambulância, ele não sabia quem tinha chamado. 

- O senhor está bem? - Um policial perguntou enquanto ele olhava Bruna ser colocada na maca. - Esta ferido também. 

- Não, atiraram só no carona. - Avisou. - Eu preciso ir pro hospital com a minha filha. 

- Você precisa nos acompanhar até a delegacia. 

- Minha filha levou dois tiros, eu preciso ir para o hospital. - Disse alto. - Depois que eu tiver noticias dela, eu vou até a delegacia, enquanto isso, façam seu trabalho e peguem esse filho da puta. - Abandonou o carro na entrada da garagem e correu pra entrar na ambulância, deixando os dois policiais plantados. 

Micael não quis comunicar a ninguém, pois não queria que a informação chegasse em Sophia, pelo menos não antes de ter notícias sobre a menina. Sabia que aconteceria algo, aquela ameaça pareceu séria demais, não devia ter saído de casa. 

Se martirizou por muito tempo e não houve notícia da filha. Já tinha ignorado ligações de Sophia, de Nathaly e de dois números desconhecidos. Cansado de ficar ali plantado, ele foi até a capela do hospital, não era um homem muito religioso, mas que mal haveria em rezar, era o que passava por sua cabeça. 

Ajoelhou diante da santa e prometeu que se Bruna ficasse bem, que se nada de mal lhe acontecesse, arranjaria algum outro modo de sustentar sua família que não fosse como advogado criminal. Nunca mais defenderia um criminoso na vida. Quando terminou de rezar e voltou a sala de espera, encontrou Nathaly, Rafael, Arthur e Lua ali. 

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- Mãe, pode ligar a televisão? - Sophia pediu quando ficou tudo em silêncio. Caio dormia no aconchego dos braços da mamãe que fazia carinho em seus ralos e finos cabelinhos a todo tempo. - Estou aqui já há quase dois dias alheia as notícias, não sei o que esta acontecendo no mundo. 

- Não deve ter nada além de morte e tragédia, você sabe que só passa isso no jornal. - Branca deu de ombros. - Eu tenho até pesadelos. 

- Para de ser exagerada, esse jornalzinho é super descontraído, nem tem tanta tragédia assim. - Apontou com o queixo. 

- Olha lá. - Apontou. - Atiraram num carro em plena luz do dia. - Disse a filha que deu risada com o fato da mãe estar correta, só passa desgraça no jornal. - Ué, foi na estrada dos bandeirantes. - Sophia ergueu a cabeça pra prestar atenção na reportagem. - Não é onde você mora? 

- A rua é bem grande, corta a Barra inteira. - Continuou focando no repórter, que conversava com umas pessoas que estavam ali desde a hora do ocorrido. - Mas o fundo... - Ela reparava no canteiro de flores que tinha atrás do homem, junto a parede. - Parece do meu prédio. 

- Será? - Branca começou a se preocupar. - Falou com Micael depois que ele saiu daqui?

- Não, ele ia ao tribunal e em seguida buscaria a Bruna pra vir aqui. - Balançou a cabeça, esperando imagens do prédio ou do carro alvejado. - Já devia estar aqui, vou ligar. - Pegou o celular e ligou pra Bruna e pra Micael, nenhuma resposta. E então a reportagem mostrou o carro, a frente do prédio e a entrevista com o porteiro. - Mãe, segura o Caio. - Parecia ter um nó na garganta. Branca pegou o neto e Sophia tentou ligar de novo. 

Súbito AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora