Capítulo 39

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- Nath? - Sophia franziu a testa ao ouvir a voz da amiga no interfone. - Sobe!

Sophia caminhou até a sala onde o irmão estava sentado assistindo a um jogo de futebol aleatório e se sentou ao seu lado.

- Sua namorada. - Ele pareceu surpreso e viu a irmã dar de ombros. - Eu não vou lá abrir a porta não, a gente está brigada, certeza que ela veio atrás de você. - Rafael levantou e caminhou pra abrir a porta. A menina entrou e se jogou no peito do namorado. Sophia viu de longe que claramente não estava bem.

- Eu tive uma discussão horrível com meu pai. - Disse entre as lágrimas. - Não sabia pra onde ir, preciso de um lugar pra ficar, você acha que a sua mãe vai implicar.

- Se a ideia for ficar no meu quarto, ela não vai deixar nessa encarnação. - Ele deu uma risadinha. - Mas no quarto da Sophia ela deixa. - Apontou pra irmã e Nath encarou Sophia por alguns instantes.

- Você quer um copo de água? - Sophia ofereceu. - Senta aqui. - Apontou pro sofá e viu o irmão se aproximar com a namorada. Foi buscar o copo de água e logo estava de volta.

- Obrigada, Soph. - A loira assentiu e logo se afastou um pouquinho.

- Vou deixar vocês a vontade. - Caminhou pro quarto e ficou lá pensando em como Micael estava, visto o estado que Nath tinha chegado ali. Perdeu um pouco a noção do tempo e voltou a si quando ouviu batidinhas na porta do quarto. - Entra.

- Podemos conversar? - Nath disse baixo, claramente mais calma. - Eu queria agradecer a hospitalidade.

- Somos amigas, Nathaly. - Deu de ombros. - Brigamos, mas isso não quer dizer que eu não vá ajudar você se precisar. Continuo amando você.

- Eu sei, me desculpa por ter brigado com você. - Se sentou na cama perto da amiga. - Eu amo você também.

- Quer contar o que aconteceu? - Estava muito curiosa. -  Se não quiser, tudo bem!

- As meninas foram lá pra casa hoje, meu pai ouviu um pedaço da conversa que eu estava tendo com elas. Chamei a namoradinha dele de vagabunda. - Sorriu. - E aí estourou a terceira guerra lá em casa.

- Ah, fala sério! - Sophia riu, achava até que tinha sido algo mais sério. - Seu pai defendeu a mulher? - Estava feliz, tentava evitar o sorriso a todo custo.

- Defendeu, Sophia! - Disse indignada. - Ele disse na minha cara e na cara da minha mãe que gosta dela sim.

- Da sua mãe doente? - Arregalou os olhos. - Misericórdia, a briga foi feia hein!

- Foi horrível, minha mãe defendeu aquele safado, disse que ele tem direito de não querer ficar com ela mais, que casamentos acabam. Agora eu estou com raiva dos dois.

- Mas Nath, casamentos acabam mesmo! - Disse ainda prendendo o sorriso. - Ninguém é obrigado a ficar com ninguém, o quanto antes você aceitar isso, melhor.

- Você está do lado de quem? - Tinha raiva no olhar.

- Da razão. - Bufou. - Eu sei que divórcio é horrível, mas não é o fim do mundo.

- Você não vê o seu pai há quantos anos, Sophia? - A loira achou graça. - Isso não é engraçado, seu pai casou com outra pessoa e nunca mais foi o mesmo.

- Meu pai é um canalha egoísta que não liga pra gente. - Rolou os olhos. - Seu pai parece amar você e sua irmã mais que tudo no mundo, até mesmo a sua mãe, já que ele voltou pra casa só pra cuidar dela nesse momento difícil. Ele pode não amar mais como marido, mas deve ter um carinho e respeito imenso por tudo que viveram.

- Você vai defender ele também? - Falou baixo, ainda contrariada. - E essa mulher? Deve ser uma megera.

- Para né, Nath. - Agora ela riu abertamente. - Você não sabe nem quem é. Pode ser uma pessoa que vai aproximar ainda mais seu pai de vocês e não afastar como você tem medo. Você disse que é jovem, vai que viram grandes amigas??

- Fala sério, ela tirou meu pai de casa, eu vou odiar essa rapariga pra sempre. - Disse com um bico e Sophia riu. Em algum lugar nos olhos da amiga, conseguiu ver que ficaria tudo bem, algum dia, ficaria.

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Mais a noite, quando Nathaly já tinha pegado no sono, Sophia pegou o celular, desbloqueou Micael e lhe escreveu uma mensagem.

Nathaly está aqui. - Enviou e olhou a amiga dormindo, pediu desculpas pela traição.

Eu jurei que aí ela não estaria. Me disse que estavam brigadas. Devo ter falado com todas as amigas de vocês. - Sophia conseguia sentir a raiva dele pela mensagem. - Eu vou aí pegar ela agora!

Não né! Como é que você vai explicar o motivo de saber que está aqui? Ela não sabe que eu tenho seu número.

A Lilian está preocupadíssima com essa desnaturada. Ela precisa de um corretivo pra largar de ser abusada. Ela está me confundindo com os amiguinhos dela! - Soph deu uma risadinha e logo escreveu.

Você tentou botar a menina de castigo, rsrs. Riu de mim quando minha mãe me colocou de castigo e quis fazer o mesmo! - E então, como se não tivesse mais problemas, ele riu e era por isso que amava aquela garota, ela o fazia rir até nos piores momentos.

Ela te chamou de vagabunda.

E daí? O tanto que eu mesma me chamei de vagabunda enquanto dava razão a ela. - Ele riu novamente. - Deixa isso pra lá, eu conversei com ela, ela só tem medo de perder você. Tenha uma conversa civilizada com a garota.

Sinto muito, mas eu estou a ponto de bater nela. Queria ser o pai que você acha que eu sou, mas eu vou dar um esculacho nela, ela disse que não me respeita!

E você não vai conseguir respeito batendo de frente e ameaçando. Talvez você consiga medo, mas respeito não vai rolar.

Então o medo basta. - Soph rolou os olhos com a teimosia. - Obrigado por avisar. Vou tranquilizar a Lilian e amanhã eu vou pegar essa garota na faculdade, mas não avisa não, senão ela vai fugir.

Juízo. - Foi só o que respondeu e então se deitou pra dormir. Precisava descansar, já que no dia seguinte faria provas ainda.

Súbito AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora