Capítulo 136

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- Tem certeza que você vai fazer isso? - Ele perguntou a Sophia quando desceu do carro, já na garagem do prédio. - Eu posso conversar com ela de forma civilizada.

- Isso aqui vai ser uma conversa civilizada. - Rebateu. - E eu estou morrendo de fome, doida pra provar o tempero especial da sua nova esposa.

- Você é debochada demais. - Deu risada e os dois entraram no elevador. - Tô até com medo.

- Abre a porta. - Ela apontou pra maçaneta assim que chegaram perto. - Quero saber qual é a dela. - Respirou fundo e destrancou a porta. Não demorou a menininha aparecer correndo e gritando "papai".

- Você que é a tia Sophia? - Perguntou com curiosidade. - Eu sou Rubi. - Disse com um sorriso.

- Prazer, Rubi. - Passou a mão pelos cabelinhos encaracolados da menina. - Onde está sua mãe?

- Na cozinha, terminando de colocar a mesa. - Contou animada. - Chegaram na hora certinha!

- Então você fica aqui com o papai que eu vou lá ajudar a sua mãe! - A menina balançou a cabeça animada.

- Sophia, por favor! - Pediu baixo, tentando disfarçar. - Deixa que eu falo com ela.

- Se acalma, não vou fazer nada! - Sorriu. Ele claramente não acreditou, mas não faria uma cena ali na frente da filha. Sophia caminhou pra dentro e se escorou na meia parede que tinha na cozinha americana de Micael, logo puxou uma banqueta e se sentou. Assim, com o barulho chamou atenção da mulher. - Oi.

- Soube que viria jantar. - Forçou uma simpatia que Sophia não esperava. - Coloquei um prato pra você a mesa.

- Pois é, vim saber qual é o jantar especial que você está fazendo pro meu namorado. - Usou um tom diferente no pronome. - Ouvi dizer que você cozinha bem.

- Quando se tem um filho, a gente aprende a fazer algumas coisinhas. - Continuava a sorrir. - Um dia você vai saber disso.

- Eu já cozinho bem. - Também fingia uma simpatia. - Qual é a sua, Beatriz?

- A minha? - Franziu a testa. - Onde está o Micael? Ele não teve coragem de dizer que voltaram e mandou você pra me expulsar daqui?

- Está na sala com a Rubi. - Deu de ombros. - E você pode ter certeza que não está faltando coragem pra nada. Eu que me adiantei, queria saber o que me esperava.

- Você acha que eu vou brigar com você por causa dele? - Ergueu uma sobrancelha. - Fala sério, menina. Nós dois não temos nada. Eu estou aqui porque moro em outro estado e não tenho casa no Rio, tenho certeza que ele te contou isso.

- Contou, mas eu não acreditei muito nisso. - Deu de ombros. - Eu sei que vocês estavam juntos.

- Não estamos juntos. - Colocou os talheres a mesa. - Fazíamos um sexo casual quando os dois estavam com vontade. Apenas.

- Aham, essa cola. - Debochou. - Você se fazendo de boazinha só está piorando as coisas.

- Você veio aqui marcar o seu território, eu já entendi. - Ergueu as mãos. - Não precisa se estressar só porque não encontrou ninguém que queira entrar em guerra contigo. - Soltou uma risadinha.- Micael é todo seu, amada. E eu vou sair daqui, assim que for possível, não precisa se preocupar.

- Sonsa. - Resmungou.

- Sophia, desculpa te decepcionar, mas se veio aqui esperando confusão, meu amor...

- Eu só quero que você saia daqui. - Disse grossa. - O mais rápido possível.

- Aham, é pra ir pra debaixo da ponte? - Cruzou os braços com deboche. - Tá com tanto medo assim?

- Medo. - Bufou. - Se manca, mocreia.

- Sophia! - Micael chegou ali sozinho e ouviu o final. - Você disse que sabia se comportar.

- Ela é sonsa demais, me irritou. - Rolou os olhos.

- Desculpa, Bia. - Ele pediu e avançou pra pegar água na geladeira. - Aquela bichinha ali é ciumenta demais.

- Eu já consegui perceber. - Deu risada. - Mas eu já disse que não vai ser aqui que ela vai encontrar briga por causa de você. - Micael deu outra risada. - Brigar por causa de homem está fora de cogitação.

- Claro que está, eu imagino. - Cerrou os olhos.

- Bom, eu vou repetir. - Beatriz disse com a voz doce a Micael. - A menos que você queira que eu e Rubi moremos na rua ou então que a gente volte pro Paraná, vou precisar de um tempo pra me organizar.

- Não te expulsei daqui. - Ele disse com olhos arregalados.

- Ela expulsou. - Apontou pra Sophia. - Então como é que vai ser?

- Você fica aí até arranjar um lugar, sabe que eu não deixaria a minha filha morando na rua por nada. - Bufou. - Procura um lugar com calma, um lugar bacana e depois a gente vê como paga.

- Que lindeza, você sustenta a Lilian, agora vai sustentar a outra encostada aí, tá bom de arranjar uma casa grande e colocar todas lá dentro, vai sair mais barato.

- Sophia! - Ele repreendeu alto. - Por favor, você não é assim, está parecendo a Nathaly!

- Tá legal, eu vou pra minha casa. - Ergueu as mãos, saiu da banqueta e foi caminhando pra sala. - Isso não vai dar certo.

- Ela não tem emprego aqui. - Micael correu atrás da loira. - É pra deixar as duas passando fome e morando na rua?

- Se você sustentar essa mulher, nunca que ela vai querer um emprego. - Resmungou. - Eu acho que você devia era devolver as duas pro Paraná.

- A menina é minha filha! - Reclamou. - Você não pode me pedir uma coisa dessa!

- Eu sei. - Suspirou. - Vou embora, não quero ficar aqui.

- Eu vou com você. Espera eu pegar uma muda de roupas. - Ela o encarou surpreso. - Que foi? Eu te disse que não ia ficar aqui enquanto ela estivesse. Não precisa ter ciúmes, conversamos sobre isso.

- E pra onde você vai? - Cruzou os braços. - Dormir naquele sofazinho do escritório vai acordar travado amanhã.

- E o que eu não faço por você, minha ciumenta? - Sorriu. - Quando é que você vai entender isso?

- Me desculpa o chilique. - Ela também sorriu. - Não consigo evitar. Você quer ficar e jantar com a menina?

- E você vai se comportar? - Ergueu uma sobrancelha. - Sem jogar piadinha?

- Tá. - Suspirou. - Mas fique sabendo que eu acho essa mulherzinha muito sonsa! - Ele deu risada, a puxou pela cintura e iniciou um beijo.

- Eu te amo, boba. Só você e sempre você! - Iniciou outro beijo. - Agora vamos lá, é sério, estou faminto. - Os dois voltaram pra cozinha de mãos dadas.

- Olha só quem desistiu de ir embora? - Beatriz comentou quando viu os dois novamente. - Ia perder um ótimo jantar.

- Eu imagino que sim. - Sorriu, falsa também. Se era pra interpretar, interpretaria. - Onde é que está a criança da casa?

- É verdade! - Micael levou as mãos a testa. - Eu tinha dito pra ela separar os desenhos que eu ia lá ver, acabei esquecendo! - Fez uma careta. - Se comporta. - Deu um selinho em Sophia e saiu atrás da pequena.

- Lava as mãos dela pro jantar. - Bia gritou e voltou a colocar a comida na mesa.

Súbito AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora