Capítulo 43

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- Nathaly, você é um poço de teimosia, ninguém aguenta. - Rolou os olhos. - Já se acalmou? Podemos ir pra casa? Sua mãe está sozinha, você sabia?

- Como se você ligasse pra ela. - Resmungou.

- Quem está parecendo que não liga aqui é você. - Reclamou. - Essa briga toda atoa, você sumiu a noite toda sem pensar em dar uma notícia. Vai acabar matando a sua mãe e aí minha filha, vai ser obrigada a morar comigo e a sua madrasta Sophia. - Ele implicou com a filha e o encarou sem humor nos olhos. - É brincadeira!

- Brincadeira nada, você é bem capaz dessa merda. - Ele riu um pouco mais com o olhar de desespero da filha. - Você se achando jovem é ridículo.

- E agora eu sou velho? - Ergueu uma sobrancelha. - É sério? Eu tenho trinta e três anos. Não sei se velho é adequado.

- Voce tem uma filha de dezessete! - Bufou. - Que tá louca pra fazer dezoito e sair de casa.

- Sair de casa é fácil assim? - Continuava a falar com deboche. - Você acha que faz dezoito e a estabilidade financeira aparece do nada? Além do mais, você tem uns quatro anos de faculdade pela frente.

- Mas com dezoito anos eu posso trabalhar e sair de casa ué. Muita gente consegue. -  Micael então ficou de pé e chegou bem perto da filha.

- É isso que você quer? - Ela não respondeu. - Você pode fazer isso agora, não precisa esperar pelos meses que faltam. Eu emancipo você, daí você vai lá e segue sua vida.

- Está falando sério? - Voltou a falar alto. - Isso tudo é pra você se livrar de mim e ficar com a sua namoradinha sem que eu atrapalhe?

- Será que dá pra largar de ser infantil um segundo? - Brigou. - Estou tentando ser bem paciente desde que chegamos aqui, você está tendo um dia difícil.

- O melhor pai do mundo. - Debochou. - Não tenta ser legal comigo, eu não vou aceitar esse namoro, e você pode ter certeza que vou chegar em casa e contar pra minha mãe. - Ameaçou e recebeu um dar de ombros como resposta. - Está enfeitiçado mesmo né? Nem pra isso você liga.

- Sua mãe não tem nada a ver com a minha vida amorosa e ela mesma sabe disso. - Bufou. - Só tem você achando que pode se meter em alguma coisa, mas você pode ter certeza que se a Sophia mudar de ideia e quiser ficar comigo, eu vou atrás dela na hora.

- Ah, fala sério. - Bufou. - Você agora virou cachorrinho da Sophia?

- Não é bem assim. - Suspirou. - Mas você não vai entender. - Apontou pra porta. - Vamos embora, sua mãe deve estar preocupada. Sabe que eu te trouxe pra cá pra ela não presenciar mais nenhuma briga né?

- Não me pede pra esconder dela a verdade, isso não vai acontecer. - Ele rolou os olhos e saiu do apartamento. - Eu estou falando sério.

- Nathaly, me diz qual a parte que você não entendeu sobre a sua mãe não ter mais nada a ver com a minha vida amorosa? - Esperou a filha sair e trancou a porta. - Tenho carinho por ela em respeito aos anos que passamos juntos, a família que construimos, mas acabou.

- Você pode ter certeza que eu nunca vou deixar de atrapalhar você e a vagabunda da Sophia. - Disse de bico e não esperou resposta do pai, avançou na frente rumo ao carro.

Micael foi atrás sacudindo a cabeça ainda sem saber lidar bem com todo aquele drama familiar. A caminho de casa, depois de alguns momentos em silêncio, ele pediu de forma gentil: - Será que pode parar de xingar a Sophia? Não gosto.

- Ah, não gosta? - Bufou. - Talvez eu comece a xingar você.

- Você já passou dos limites faz tempo, tá merecendo um corretivo bom. - Resmungou e a filha não respondeu. Ficou olhando pela janela enquanto a cidade passava por ela. Ouviram o toque do telefone de Micael, que estava conectado ao carro. Por estar dirigindo atendeu sem ver o nome, esperava que fosse Lilian, mas a voz de Sophia encheu os auto falantes do carro e a careta de Nath se intensificou.

- Oi, está podendo falar? - Ele franziu a testa, não esperava aquela ligação. - Eu acho que sim, já que atendeu...

- Oi, Soph. - Nathaly olhou a cara do pai e viu um sorriso se abrir, a jovem rolou os olhos. - Estou dirigindo, indo pra casa agora. Como é que você está?

- Eu quero saber como é que a Nath está. - Fungou e Micael ficou mal ao perceber a chateação da amada. Micael tirou os olhos da estrada um momento para olhar a filha que tinha uma careta.

- Insuportável. - Respondeu sem pestanejar. - Fazendo birra, xingando você, reclamando de tudo, com um bico do tamanho do mundo.

- Da um tempo, pai. - Nathaly respondeu irritada. - E você também garota, você não tem nada que ligar pro meu pai! - Gritou. - Vai procurar o que fazer.

- Você atendeu a minha ligação ao lado dela? - Seu tom de voz era de surpresa. - Eu ia ligar pra você Nath, mas achei que não ia me atender.

- Claro, e aí veio ciscar aqui no terreno da minha mãe de novo. - Micael rolou os olhos novamente, mas depois riu da expressão. - Eu não quero falar com você, nem ouvir explicações de merda.

- Nathaly! - O moreno repreendeu, novamente tirando a atenção da estrada. - Isso é jeito de falar?

- Então desliga essa palhaçada. - Apontou pro display do carro. - Eu não sou obrigada a ouvir essa conversinha mole pra cima de você.

Antes mesmo que ele pudesse dizer a Sophia que ligaria mais a noite, a ligação foi finalizada pela mesma. Ele tinha que pensar em algo rápido para controlar a filha, não podia aturar aquilo pra sempre.

Quando o carro parou em frente a casa, a menina pulou pra fora e entrou a passos firmes, Micael sabia que ia perturbar a mãe com aquela história, mesmo que ele já tivesse avisado que a mãe não tinha mais nada a ver.

Entrou em casa e foi encarado por Bruna e a mãe, as duas tinha olhos arregalados. Pelo visto Nathaly tinha sido rápida ao contar a fofoca.

- Uma menina! - Lilian encarou o ex marido. - Amiga da nossa filha, é sério?

- Nathaly, vai pro seu quarto, por favor?! - Pediu com gentileza. - Fique lá até que eu vá.

- Está me colocando de castigo? - Gritou na cara do pai. - A essa altura, depois de tudo o que aconteceu?

- Estou, você está de castigo por fugir de casa, por faltar com respeito para comigo, por xingar as pessoas, pelo escândalo armado no meio da rua. - Apontou para o quarto. - Eu quero que você vá pro seu quarto e pronto.

- E eu quero que você desista de tentar me botar de castigo, não vou te obedecer. - Afrontou. - Não enquanto estiver lunático e achar que tem cabimento você se relacionar com uma garota de dezenove anos.

- O que não tem cabimento é você se meter na minha vida. - Disse num tom parecido. - Agora sai daqui. - Apontou metaforicamente para o quarto da filha e ela se dando por vencida saiu de perto. - Vai também Bruna, quero falar com a sua mãe sozinho.

- Claro que quer, deve ter muito o que falar mesmo. - Bruna deu um abraço na mãe e saiu dali balançando a cabeça. Micael se sentou no sofá e deu um suspiro, estava mentalmente exausto.

- O que foi que aconteceu nessa família? - Resmungou. - As meninas agora acham que eu sou algum amiguinho delas?

- Você está com uma amiga da sua filha, quer o quê?

Súbito AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora